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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Ibama diz não aceitar “chantagem”
O gerente executivo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) do Pará, Marcílio Monteiro, disse ontem pela manhã em entrevista coletiva em Belém que o órgão não aceita “chantagem” e nem que a população paraense fique “refém” das imposições dos madeireiros para a liberação de 49 planos de manejo no Estado, instalados em áreas sob investigação e sobre as quais paira suspeita de grilagem. A palavra “refém” que ele utilizou se deve ao fato de o setor madeireiro ter deflagrado uma série de ações de protesto fechando importantes vias de tráfego em vários pontos do Pará com o objetivo de chamar a atenção do governo federal. “Desse jeito não tem conversa”, avisou, categórico. “Não cederemos a pressões.”

Marcílio Monteiro lembrou que os ministérios do Meio Ambiente (MMA) e do Desenvolvimento Agrário (MDA) estão preparando proposta favorável ao suprimento de matéria-prima florestal para a safra deste ano, que poderá chegar a 2 milhões de metros cúbicos de madeira.

Na reunião que será realizada em Brasília em plena segunda-feira gorda (31), em que o assunto será debatido, já se sabe que os representantes dos madeireiros não estarão presentes por exigirem que os 49 planos estejam liberados de antemão, no que discorda o governo nacional. “Resta saber se esses manifestantes querem a terra ou a madeira. Se for a madeira, nós a temos”, garantiu, com uma ponta de ironia. “Liberar planos em terras eventualmente irregulares é criar um problema bem maior depois”, observou Monteiro.

Independente do improvável comparecimento do setor madeireiro ao encontro, a cúpula do MMA e do MDA estará reunida nesta segunda-feira com gerentes regionais do Ibama e técnicos do setor para apresentar até o início de fevereiro a sua proposta para a oferta de extração em locais específicos.

O gerente executivo informou que 16 planos de manejo com uma área sobre a qual não soube precisar a extensão estão paralisados no oeste do Estado, e que o tempo de inspeção sobre a legalidade ou não está indeterminado porque depende de estudos técnicos e documentais. “É preciso entender que esses 16 planos foram suspensos, e não cancelados.

Precisamos ver a situação fundiária, se está irregular ou não”, explicou ele, chamando a atenção para uma análise acerca do ordenamento fundiário privado com o uso da matéria-prima e que está em curso. Embora a situação esteja tensa no atual quadro fundiário - que ele classificou de “vespeiro” -, Monteiro acredita que ocorrerá uma solução pacífica, especialmente baseada no fato de que surgirá uma proposta exeqüível ao setor madeireiro que, confia, deverá aceitá-la nos próximos dias.

Manifestações lideradas pelos empresários deverão ser intensificadas hoje

As manifestações realizadas em vários pontos do Estado, lideradas por empresários do setor madeireiro, vão se intensificar a partir de hoje. Depois de uma audiência realizada ontem em Santarém, os empresários prometem intensificar os protestos. Apenas o gerente regional do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) compareceu ao evento e nenhum representante do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) esteve presente.

Desde a quarta-feira, a rodovia BR-163 está interditada no Município de Novo Progresso e os madeireiros planejam bloquear hoje novo trecho da rodovia, desta vez no município de Trairão. Em Novo Progresso, os protestos não param e até a noite de ontem a rodovia estava fechada, ninguém passava pelo local.

“Não vamos parar, agora vamos aumentar as manifestações em todo o Estado”, afirmou Luís Carlos Tremonte, diretor do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Sudoeste do Pará (Simaspa), que vem batendo de frente com o Incra e o Ibama em favor do setor madeireiro. Ele disse que na manhã de hoje o município de Trairão, que também depende do setor madeireiro, vai ser palco de uma grande manifestação, que deverá bloquear a rodovia.

Com isso, a BR-163 deverá ficar bloqueada em dois lugares. Em Novo Progresso, os manifestantes afirmam que não desocupam a estrada enquanto não tiveram uma solução para a crise. O prefeito Antonio Gonçalves disse que o município está em coma, com a economia estagnada.

O desemprego em Novo Progresso, segundo o prefeito, chega a 60%, por causa da crise do setor madeireiro. Ele disse que o comércio local continua solidário ao movimento, pois muita gente está quebrando por causa da falta de empregos na cidade. “As demissões não param de acontecer e nós dependemos da indústria madeireira para gerar emprego em nosso município”, destacou.

Segundo Tremonte, apesar das propostas encaminhas na audiência pública de ontem, não houve uma resposta significativa para o setor, pois o Incra nem mesmo enviou representantes para a reunião. Além disso, o setor aproveitou a crise provocada com a suspensão de mais de 40 projetos de manejo na região para lutarem por uma causa maior: eles querem que o governo defina uma política definitiva para o setor na Amazônia.

Fonte: Amazônia.org.br – 31/01/2005

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Jooble Neuvoo