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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Pode faltar madeira em oito anos
Uma parceria entre madeireiros e produtores rurais é a alternativa encontrada pelo setor extrativista para gerar créditos de reflorestamento para a indústria madeireira.

A projeção do Sindicato dos Madeireiros do Extremo Norte de Mato Grosso (Simenorte) é de que em oito anos vai faltar matéria-prima para as atividades do setor. Com a alternativa, seria suprida a demanda de madeira a médio e longo prazos. A produção de madeira em tora, que equivale a quantidade de madeira retirada da floresta para abastecer a indústria madeireira, teve uma pequena variação de 0,95% no Estado entre 1998 e 2003. Nesse intervalo de tempo, a produção saltou de 2,576 milhões de metros cúbicos (1998) para 2,601 em 2003, segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Enquanto isso, no mesmo período houve uma redução de 68,41% no volume de madeira em tora produzida no município de Alta Floresta, onde fica a sede do Simenorte. Em 98, a cidade produziu 36,2 mil metros cúbicos de madeira em tora. Já em 2003, esse volume caiu para 11,4 mil metros cúbicos.

Em parceria com os produtores rurais, o sindicato espera retomar um programa de reflorestamento iniciado em 2002 pela AB Agroflorestal, no qual era realizado o plantio de mudas de árvores em propriedades rurais, conforme explica o novo presidente do Simenorte, Augusto Francisco dos Passos. Dando continuidade a esse trabalho, ele espera garantir o abastecimento da indústria madeireira daqui a alguns anos. De acordo com o engenheiro florestal que está auxiliando no projeto, Neocir José Aires, 200 mil mudas de Teca, uma árvore originária da Ásia, foram plantadas em 100 propriedades rurais pelo programa de reflorestamento em 2002.

Em média foram colocadas 2 mil árvores por propriedade, mas o trabalho teve que parar devido ao custo para a empresa que mantinha o programa. O sindicato quer agora expandir a quantidade de participantes. Segundo o sindicalista, existem cerca de 8 mil pequenas propriedades rurais na região de Alta Floresta, Carlinda e Paranaíta que podem ser parceiros nessa ação. Com isso, num prazo de 12 a 15 anos, as árvores oriundas desse plantio poderão servir de matéria-prima para suprir a demanda das indústrias madeireiras.

Para Neocir Aires, o programa desenvolvido pela AB Agroflorestal serve apenas como uma amostra do que pode ser feito pois 200 mil mudas não seriam suficientes para abastecer nem mesmo uma indústria de médio porte. Por isso, para suprir a demanda ao menos das 57 empresas madeireiras associadas ao Simenorte, que representam cerca de 40% das indústrias existentes na região de Alta Floresta, é preciso que novas propriedades participem do projeto.

Reflorestamento garante o futuro O programa de reflorestamento seria uma alternativa para evitar que as indústrias madeireiras precisassem fechar as portas quando se esgotassem as reservas naturais de extração de madeira e a matéria-prima oriunda do desmatamento de propriedades rurais acabasse, diz o engenheiro agrônomo Neocir José Aires.

"O trabalho é constituir matéria-prima para o futuro". Para isso, o setor madeireiro passaria a aplicar os recursos destinados à reposição florestal, obrigatória quando é utilizada matéria-prima não originária de área de manejo, no plantio das árvores nas propriedades rurais. Ainda assim, não haveria o compromisso por parte dos produtores rurais de vender essa madeira para a indústria madeireira, nem a obrigação de o setor extrativista comprar os créditos futuramente. "O mercado vai regular essa comercialização. A compra e venda da matéria-prima reflorestada vai ser determinada pela lei da oferta e da procura", esclarece.

Já a escolha de pequenas propriedades para participarem do programa está relacionada com o objetivo de democratizar os benefícios da ação. Mas nada impede que média e grandes propriedades também entrem na parceria, de acordo com Aires. Para o presidente do Simenorte, Augusto Francisco dos Passos, a relação entre os madeireiros e os produtores rurais vai ser de troca. Assim, as empresas extrativistas vão garantir o plantio das árvores para o abastecimento futuro da indústria.

Produto perde espaço no ranking Embora em 2004 a exportação de madeira e de seus derivados tenha caído do segundo para o terceiro lugar no ranking das vendas externas de Mato Grosso, a mudança de posição não foi motivada por falta de matéria-prima para a indústria, explica o presidente da Federação da Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), Nereu Pasini. Ao invés disso, a mudança de lugar da madeira no ranking estadual se deve ao crescimento das exportações de algodão, produto que agora ocupa segunda posição, destaca.

Segundo os dados da Fiemt, de 2003 para 2004, a exportação de madeira saltou de US$ 135,1 milhões para US$ 197,6 milhões, totalizando um crescimento de 46,27%. No mesmo período, o algodão registrou um acréscimo de 107% nas vendas externas, com uma variação de US$ 130 milhões comercializados em 2003 para US$ 269,2 milhões vendidos no ano passado. Ainda assim, Pasini ressalta que o crescimento nas exportações do segmento madeireiro poderiam ter sido maiores não fossem os problemas do setor no que diz respeito às questões ambientais.

De acordo com o novo presidente do Simenorte, Augusto Francisco dos Passos, o maior entrave ao segmento é a Medida Provisória 2166, que aumenta de 50% para 80% a área de reserva legal exigida para liberação de projetos de manejo florestal pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). Segundo Passos, a exigência dificulta aos madeireiros a realização de manejo. Conforme informações do Ibama o conteúdo da Medida Provisória aguarda apreciação da Câmara de Deputados, enquanto isso os madeireiros precisam se adequar ao seu conteúdo.

Fonte: Amazônia.org.br – 25/01/2005

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Jooble Neuvoo