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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Vem aí a novíssima ISO 26000
A tênue linha que separa as empresas socialmente responsáveis daquelas que praticam simplesmente a filantropia está prestes a ganhar contornos mais fortes. Está em andamento a formulação de uma norma padrão para responsabilidade social corporativa. A iniciativa é da Organização Internacional de Normalização - a ISO, na sigla em inglês.

A ISO 26000, como a norma será chamada, servirá para estabelecer um padrão internacional para implementação de um sistema de gestão e certificação de empresas quanto ao quesito responsabilidade social.

E o Brasil tem se destacado internacionalmente nesse campo. Foi um dos poucos países a elaborar uma norma nacional sobre responsabilidade social, a NBR 16001, recém-lançada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). E pela primeira vez na história da ISO, o comitê de elaboração de uma norma está sendo presidido por um brasileiro - o baiano Jorge Cajazeira, que é gerente de excelência empresarial da Suzano Bahia Sul.

Junto com a Suécia, o Brasil lidera a elaboração da ISO 26000. A escolha da chapa vencedora - que deveria ser formada por um país desenvolvido e outro em desenvolvimento - levou em consideração aspectos como o know-how de governos e empresas em boas práticas de cidadania e responsabilidade social. "É a primeira vez que o Brasil preside um comitê da ISO. Isso é importante porque dois terços da renda da ISO vêm de países em desenvolvimento, mas só um terço desses países costumam ter posições de liderança" explica Cajazeira.

A primeira reunião para discussão da norma padrão será no início de março, em Salvador, e terá a presença de 70 países, representados por comitês que devem reunir os principais stakeholders - as partes interessadas - como governo, empresas, organizações, trabalhadores, consumidores e universidades.

No caso brasileiro, o governo será representado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); o setor empresarial, por meio da Natura; as organizações não-governamentais, pelo Instituto Ecofuturo; os trabalhadores, pelo Departamento Intersindical de Estudos de Estatísticas Socioeconômicas (Dieese); a academia, pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo; e os consumidores, pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

"O Brasil está exercendo uma liderança natural, por ter avançado muito nas práticas de cidadania e também por possuir tradição em normalização. A própria ABNT existe desde 1940", avalia Rodolfo Guttilla, diretor de assuntos corporativos da Natura e representante do setor empresarial brasileiro no comitê de elaboração da ISO 26000.

A norma internacional, a exemplo das já existentes ISO 9000 (qualidade) e 14000 (meio ambiente), oferecerá um sistema de gestão, com base no diagnóstico do negócio. Além da normalização, poderá haver um sistema de certificação, que será monitorada por auditorias independentes à empresa. Embora as reuniões da ISO devam abordar o conceito de responsabilidade social corporativa, o objetivo da norma não é oferecer indicadores de responsabilidade social - já amplamente difundidos - e, sim, normatizar a sua aplicação.

"A idéia é ocupar um espaço que não existe. Muitas empresas não sabem como se relacionar com o governo e ONGs, nem como incluir deficientes e minorias, por exemplo", explica Jorge Cajazeira. Dentro dessa perspectiva, a ISO 26000 deverá contemplar empresas de todos os portes. A expectativa é de que a norma internacional esteja pronta em três anos.

Para Rodolfo Guttilla, as empresas brasileiras estão à frente em questões como a sustentabilidade nos negócios. O executivo está na França, para o pré-lançamento do primeiro empreendimento da Natura no Velho Continente - uma loja de 200 metros quadrados em Paris. Com investimento de cerca de US$ 16 milhões, serão vendidos os produtos da linha Ekos, o carro-chefe da empresa, que utilizam ativos da biodiversidade brasileira.

"Os europeus querem conhecer esse novo jeito de fazer negócios e como são as relações com o governo. Querem saber como funciona trabalhar com plano de manejo, certificação florestal e laudo antropológico das comunidades", afirma Guttilla.

Fonte: Celulose Online – 12/01/2005

Fonte:

Jooble Neuvoo