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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Estudo de organização ambiental vincula desmatamento à expansão da soja no país
O ISA - Instituto Socioambiental e Fórum Brasileiro de ONGs produziram um estudo para demonstrar a relação entre a expansão da área cultivada de soja e o desmatamento de florestas "virgens", principalmente na região do médio e norte do Mato Grosso. A pesquisa foi elaborada depois de uma reunião com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que, na época, pedia a comprovação desta tese dos ambientalistas.
O trabalho se baseia numa coleta de dados sobre os 65 maiores desmatamentos de 2003 no Mato Grosso. Todos eles acima de 1.300 hectares. A partir desses focos, o grupo organizou sobrevôos para fotografar e filmar 21 dos principais pontos desmatados. "Identificamos que desmatamentos de 2002, 2003 e até de 2004 já estão plantados com soja, o que mostra uma relação direta entre a soja e a motivação do desmatamento", diz André Lima, advogado do ISA e um dos autores do estudo.
A área mato-grossense estudada abrange mais de 25 municípios do médio e norte do estado, incluindo, por exemplo, Sinope e Sorriso. Segundo o estudo, a soja também tem uma relação indireta com o desmatamento, ao substituir áreas que antes estavam com a pecuária. Com isso, a soja passa a "empurrar" a criação de gado para as fronteiras agrícolas, aumentando ainda mais a devastação de "áreas virgens".
Nesta semana, o Ipea - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas divulgou um documento sobre o crescimento da agricultura e a explosão das áreas cultivadas pela soja no país. Na pesquisa, o Ipea não vincula o desmatamento ao crescimento da soja.
"O nosso trabalho não se trata de um contraponto às hipóteses levantadas pelo Ipea, mas visa abrir uma agenda de discussões e trabalho com o Ministério da Agricultura para desenhar estratégias de ordenação e orientação da consolidação e expansão da fronteira agrícola, principalmente na Amazônia", diz o advogado do ISA.
Estudo do Ipea O estudo do Ipea mostra que o crescimento da área plantada de soja teve uma explosão nos últimos três anos agrícolas (2001/2002, 2002/2003 e 2003/2004), com expansão média anual de 13,8%, mas não chegou a "invadir" a Amazônia. Esse percentual significa dizer que essa expansão foi quatro vezes superior à média de 3,6% registrada nos 10 anos anteriores.
O estudo sugere que esse aumento da área plantada de soja se baseia na conversão de "pastagens degradadas" e não de áreas "virgens", ou seja, de "fronteira propriamente dita (no cerrado ou na Amazônia)". A conclusão do documento também sugere que as áreas virgens de cerrado ou da floresta amazônica disponíveis não possuem a infra-estrutura necessária para uma atividade como a soja. "O mesmo problema não ocorre com regiões ocupadas com a pecuária, já que essas últimas tendem a ser muito mais bem situadas do ponto de vista logístico".
Na visão de Gervásio de Rezende, um dos autores do documento, uma expansão tão rápida e tão volumosa nunca poderia ter sido feita através de abertura de áreas novas seja de cerrado seja de floresta amazônica. "Abrir o cerrado e a floresta amazônica leva tempo. Nunca poderia ter havido aumento de produção de soja através desses mecanismos. Isso é fisicamente impossível", argumenta. A visão do estudo do Ipea é questionada por ambientalistas.
Nos últimos cinco anos, conforme o Ipea, "rompendo um padrão de crescimento agrícola em que a área plantada permaneceu praticamente constante durante toda a década dos 1990", o crescimento agrícola no Brasil experimentou forte expansão da área total plantada. Isso pode ser notado especialmente no caso da soja, que registrou um aumento na taxa média anual de 3,6% no período de 1990-1991 a 2000-2001 para nada menos do que 13,8% entre 2000-2001 e 2003-2004.
Em comparação com "outros grãos" (menos a soja), mostra o estudo, a taxa de crescimento média anual da área total plantada também mudou seu comportamento, passando de –3,5% para –0,7% na comparação dos dois períodos. Entretanto, lembra o Ipea, o agregado da área total plantada com todas as lavouras (menos soja) praticamente não mudou seu comportamento no período.
Enquanto no período de 1990-1991 a 2000-2001, a área plantada de soja cresceu apenas nas regiões Centro-Oeste e Norte/Nordeste, no período recente, a área plantada com soja passou a crescer em todas as regiões do Brasil. Principalmente por causa do ambiente internacional favorável para os preços do produto.
Mesmo com os preços de mercado em baixa e os custos de produção mais elevados, a cultura da soja deverá crescer 6% na área plantada em 2005, totalizando 22,758 milhões de hectares. Com isto a produção esperada deverá atingir 63,243 milhões de toneladas - um crescimento de 29% em relação à produção da soja na safra de 2004. Os dados, divulgados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dizem respeito ao segundo prognóstico para a próxima safra.
Fonte: Agência Brasil – 12/01/2005
O trabalho se baseia numa coleta de dados sobre os 65 maiores desmatamentos de 2003 no Mato Grosso. Todos eles acima de 1.300 hectares. A partir desses focos, o grupo organizou sobrevôos para fotografar e filmar 21 dos principais pontos desmatados. "Identificamos que desmatamentos de 2002, 2003 e até de 2004 já estão plantados com soja, o que mostra uma relação direta entre a soja e a motivação do desmatamento", diz André Lima, advogado do ISA e um dos autores do estudo.
A área mato-grossense estudada abrange mais de 25 municípios do médio e norte do estado, incluindo, por exemplo, Sinope e Sorriso. Segundo o estudo, a soja também tem uma relação indireta com o desmatamento, ao substituir áreas que antes estavam com a pecuária. Com isso, a soja passa a "empurrar" a criação de gado para as fronteiras agrícolas, aumentando ainda mais a devastação de "áreas virgens".
Nesta semana, o Ipea - Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas divulgou um documento sobre o crescimento da agricultura e a explosão das áreas cultivadas pela soja no país. Na pesquisa, o Ipea não vincula o desmatamento ao crescimento da soja.
"O nosso trabalho não se trata de um contraponto às hipóteses levantadas pelo Ipea, mas visa abrir uma agenda de discussões e trabalho com o Ministério da Agricultura para desenhar estratégias de ordenação e orientação da consolidação e expansão da fronteira agrícola, principalmente na Amazônia", diz o advogado do ISA.
Estudo do Ipea O estudo do Ipea mostra que o crescimento da área plantada de soja teve uma explosão nos últimos três anos agrícolas (2001/2002, 2002/2003 e 2003/2004), com expansão média anual de 13,8%, mas não chegou a "invadir" a Amazônia. Esse percentual significa dizer que essa expansão foi quatro vezes superior à média de 3,6% registrada nos 10 anos anteriores.
O estudo sugere que esse aumento da área plantada de soja se baseia na conversão de "pastagens degradadas" e não de áreas "virgens", ou seja, de "fronteira propriamente dita (no cerrado ou na Amazônia)". A conclusão do documento também sugere que as áreas virgens de cerrado ou da floresta amazônica disponíveis não possuem a infra-estrutura necessária para uma atividade como a soja. "O mesmo problema não ocorre com regiões ocupadas com a pecuária, já que essas últimas tendem a ser muito mais bem situadas do ponto de vista logístico".
Na visão de Gervásio de Rezende, um dos autores do documento, uma expansão tão rápida e tão volumosa nunca poderia ter sido feita através de abertura de áreas novas seja de cerrado seja de floresta amazônica. "Abrir o cerrado e a floresta amazônica leva tempo. Nunca poderia ter havido aumento de produção de soja através desses mecanismos. Isso é fisicamente impossível", argumenta. A visão do estudo do Ipea é questionada por ambientalistas.
Nos últimos cinco anos, conforme o Ipea, "rompendo um padrão de crescimento agrícola em que a área plantada permaneceu praticamente constante durante toda a década dos 1990", o crescimento agrícola no Brasil experimentou forte expansão da área total plantada. Isso pode ser notado especialmente no caso da soja, que registrou um aumento na taxa média anual de 3,6% no período de 1990-1991 a 2000-2001 para nada menos do que 13,8% entre 2000-2001 e 2003-2004.
Em comparação com "outros grãos" (menos a soja), mostra o estudo, a taxa de crescimento média anual da área total plantada também mudou seu comportamento, passando de –3,5% para –0,7% na comparação dos dois períodos. Entretanto, lembra o Ipea, o agregado da área total plantada com todas as lavouras (menos soja) praticamente não mudou seu comportamento no período.
Enquanto no período de 1990-1991 a 2000-2001, a área plantada de soja cresceu apenas nas regiões Centro-Oeste e Norte/Nordeste, no período recente, a área plantada com soja passou a crescer em todas as regiões do Brasil. Principalmente por causa do ambiente internacional favorável para os preços do produto.
Mesmo com os preços de mercado em baixa e os custos de produção mais elevados, a cultura da soja deverá crescer 6% na área plantada em 2005, totalizando 22,758 milhões de hectares. Com isto a produção esperada deverá atingir 63,243 milhões de toneladas - um crescimento de 29% em relação à produção da soja na safra de 2004. Os dados, divulgados pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dizem respeito ao segundo prognóstico para a próxima safra.
Fonte: Agência Brasil – 12/01/2005
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