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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Opção para o bom manejo
O imenso recurso florestal existente na Amazônia passou a contar, a partir de 2004, com a aplicação prática de pelo menos duas pesquisas realizadas pela Embrapa Amazônia Oriental, com resultados positivos tanto para o manejo sustentável da floresta como para a produção de madeira e que darão maiores frutos a partir deste ano que se inicia. Uma dessas pesquisas, já mostrada em reportagem do DIÁRIO DO PARÁ, resultou no processo acelerado de secagem de madeira serrada, que permite reduzir o tempo de secagem em no mínimo 50%, com grande economia de recursos por parte da indústria madeireira. A outra teve como resultado o lançamento da coleção “Espécies Arbóreas da Amazônia”. São fichas com todas as informações sobre as espécies de árvores da região, que vão permitir a sua correta identificação, reduzindo de maneira significativa um dos principais entraves ao manejo sustentável da floresta amazônica.
As primeiras cinco fichas foram lançadas no final de 2004, com informações sobre as espécies Maçaranduba (Manilkara huberi), Parapará (Jacarandá copaia), Andiroba (Carapa guianensis), Cajuaçu (Anacardium giganteum) e Tatajuba (Bagassa Guianensis). Agora em janeiro serão lançadas as fichas de mais cinco espécies: Angelim-vermelho (Dinizia excelsa), Cumaru (Dipterys odorata), Jatobá (Hymenaea coubaril), Timborana (Pseudopiptadenia psilostachya) e Visgueiro (Parkia pendula). Elas estão sendo comercializadas a apenas sete reais cada uma. Os planos da Embrapa Amazônia Oriental são de chegar à publicação de fichas de 30 a 35 espécies. Mas acontece que a coleção faz parte do chamado Projeto Dendrogene, coordenado pela empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o apoio do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Governo Britânico (DFID), diversos parceiros e uma equipe de mais de 50 pessoas. Esse projeto terminou no último dia de 2004 e seus coordenadores estão à procura de recursos para completar a impressão das fichas. Com o material coletado e com os recursos ainda disponíveis, será possível garantir o lançamento de pelo menos 15 fichas. Entre as fontes de recursos que estão sendo tentadas estão o Banco da Amazônia e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará.
Identificação correta das espécies
O Projeto Dendrogene realizou pesquisas por cinco anos, a partir de 2000. A Embrapa teve o apoio de várias instituições de pesquisa, empresas do setor florestal e organizações governamentais e não-governamentais. Foram realizados estudos e desenvolvidas ferramentas para aperfeiçoar os sistemas de manejo florestal, com a avaliação dos impactos da exploração sobre a floresta. O projeto procurou propor novas tecnologias e abordagens para tornar o manejo menos agressivo ao ecossistema amazônico, reunindo diferentes áreas do conhecimento, como botânica, tecnologia da madeira, ecologia e genética. Mas um dos principais destaques do projeto é exatamente o incentivo à identificação correta das espécies florestais. Regina Martins da Silva, coordenadora da equipe de botânica da Embrapa Amazônia Oriental, ressalta a complexidade da tarefa de identificar as plantas, pela grande diversidade da floresta amazônica, com dificuldade em relacionar o nome comum da espécie à informação científica e do mercado, através do nome científico.
“As espécies vegetais geralmente são conhecidas nas localidades pelos nomes que as pessoas dão para elas. São nomes diferentes em cada região e, às vezes, até numa mesma região são utilizados nomes diferentes”. Segundo Regina Martins da Silva, as fichas são um material didático para ajudar na identificação das espécies florestais amazônicas, voltadas mais para as espécies que estão sendo comercializadas para a produção de madeira. Milton Kanashiro, pesquisador da Embrapa e coordenador do Projeto Dendrogene, não tem dúvida em afirmar que se trata de um produto inovador dentro do segmento do manejo florestal. “Trata-se de um produto prático, vindo de um trabalho científico. Hoje, a pesquisa precisa pensar do ponto de vista do avanço do conhecimento, da informação, mas precisa pensar que tipo de retorno ela traz para a sociedade, em termos práticos, aplicáveis. Esse é um produto a ser incorporado ao sistema de produção”, afirma Kanashiro.
MULTIUSO - Para o pesquisador da Embrapa, as fichas são de multiuso, pois podem servir desde o professor e o aluno universitários, o pesquisador, até o mateiro que entra na floresta para identificar a árvore. Por isso as fichas têm uma impressão e plastificação de qualidade. Fartamente ilustradas, elas tratam do tipo de flor e de semente de cada espécie, da casca, das folhas, das características da madeira, propriedades mecânicas, distribuição geográfica e muitas outras informações. “A ficha é feita com uma linguagem variável, porque ela tenta ser o mais simples possível aonde pode ser, mas às vezes não tem como traduzir o nome de uma estrutura de flor, de semente, que é bastante específica”, diz Milton Kanashiro.
Madeira disponível para futuras gerações
Regina Martins da Silva procura explicar de forma didática como as fichas podem ajudar no manejo florestal: “O que o manejo faz é utilizar uma espécie de madeira de uma forma que ela permaneça disponível para as futuras gerações. O objetivo do manejo então é usar, sem acabar com a espécie. E para não acabar com a espécie, a gente deixa determinadas árvores como porta- sementes, como matriz para produzir sementes para gerar novas plantas. E na hora que eu vou selecionar, numa unidade de trabalho, as árvores que eu vou extrair e selecionar as que vão ficar como porta-sementes, se eu não conhecer a espécie como vou poder preservar? Você pode deixar algumas árvores para preservar uma determinada espécie mas pode não ser o que você está imaginando que seja. Tenho encontrado esse problema em algumas áreas de exploração sustentável da região”. Milton Kanashiro complementa informando que o Dendrogene é a idéia da conservação genética nas áreas de manejo. “As florestas podem representar uma grande fonte de recursos e desenvolvimento para a região.
Existe a idéia básica da conservação, mas ela não difere, em nada, do projeto do bom manejo, que tenta implementar práticas e processos dentro da idéia de impacto reduzido na floresta. Mas às vezes o manejo de impacto reduzido faz uma série de planejamentos operacionais, onde as questões biológicas podem não estar incluídas. Então, o Dendrogene vem trazer, ao manejo de impacto reduzido, um adicional biológico importante”, defende Kanashiro. Do ponto de vista dos madeireiros, os dois pesquisadores da Embrapa consideram que aqueles que se preocupam com a identificação correta das plantas exploradas só têm a ganhar. Em primeiro lugar porque eles passam a retirar da mata apenas a madeira que foi solicitada pelo cliente, sabendo a quantidade disponível e onde se encontra. Com a identificação correta evita-se o prejuízo financeiro por causa do gasto de tempo e dinheiro na exploração de uma planta que não será vendida. De acordo com Regina, muitas vezes as empresas, sem ter certeza de quais espécies estão sendo exploradas, podem estar vendendo uma madeira nobre, acreditando tratar-se de outra de qualidade e preço inferiores. O contrário também pode acontecer. “O diretor de uma empresa madeireira disse que isso pode funcionar como uma certificação do produto deles”. As fichas do Projeto Dendrogene também podem ser utilizadas na identificação correta na hora da fiscalização pelo poder público, como os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Fonte: Amazonia.org.br – 05/01/2005
As primeiras cinco fichas foram lançadas no final de 2004, com informações sobre as espécies Maçaranduba (Manilkara huberi), Parapará (Jacarandá copaia), Andiroba (Carapa guianensis), Cajuaçu (Anacardium giganteum) e Tatajuba (Bagassa Guianensis). Agora em janeiro serão lançadas as fichas de mais cinco espécies: Angelim-vermelho (Dinizia excelsa), Cumaru (Dipterys odorata), Jatobá (Hymenaea coubaril), Timborana (Pseudopiptadenia psilostachya) e Visgueiro (Parkia pendula). Elas estão sendo comercializadas a apenas sete reais cada uma. Os planos da Embrapa Amazônia Oriental são de chegar à publicação de fichas de 30 a 35 espécies. Mas acontece que a coleção faz parte do chamado Projeto Dendrogene, coordenado pela empresa de pesquisa agropecuária vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, com o apoio do Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Governo Britânico (DFID), diversos parceiros e uma equipe de mais de 50 pessoas. Esse projeto terminou no último dia de 2004 e seus coordenadores estão à procura de recursos para completar a impressão das fichas. Com o material coletado e com os recursos ainda disponíveis, será possível garantir o lançamento de pelo menos 15 fichas. Entre as fontes de recursos que estão sendo tentadas estão o Banco da Amazônia e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Pará.
Identificação correta das espécies
O Projeto Dendrogene realizou pesquisas por cinco anos, a partir de 2000. A Embrapa teve o apoio de várias instituições de pesquisa, empresas do setor florestal e organizações governamentais e não-governamentais. Foram realizados estudos e desenvolvidas ferramentas para aperfeiçoar os sistemas de manejo florestal, com a avaliação dos impactos da exploração sobre a floresta. O projeto procurou propor novas tecnologias e abordagens para tornar o manejo menos agressivo ao ecossistema amazônico, reunindo diferentes áreas do conhecimento, como botânica, tecnologia da madeira, ecologia e genética. Mas um dos principais destaques do projeto é exatamente o incentivo à identificação correta das espécies florestais. Regina Martins da Silva, coordenadora da equipe de botânica da Embrapa Amazônia Oriental, ressalta a complexidade da tarefa de identificar as plantas, pela grande diversidade da floresta amazônica, com dificuldade em relacionar o nome comum da espécie à informação científica e do mercado, através do nome científico.
“As espécies vegetais geralmente são conhecidas nas localidades pelos nomes que as pessoas dão para elas. São nomes diferentes em cada região e, às vezes, até numa mesma região são utilizados nomes diferentes”. Segundo Regina Martins da Silva, as fichas são um material didático para ajudar na identificação das espécies florestais amazônicas, voltadas mais para as espécies que estão sendo comercializadas para a produção de madeira. Milton Kanashiro, pesquisador da Embrapa e coordenador do Projeto Dendrogene, não tem dúvida em afirmar que se trata de um produto inovador dentro do segmento do manejo florestal. “Trata-se de um produto prático, vindo de um trabalho científico. Hoje, a pesquisa precisa pensar do ponto de vista do avanço do conhecimento, da informação, mas precisa pensar que tipo de retorno ela traz para a sociedade, em termos práticos, aplicáveis. Esse é um produto a ser incorporado ao sistema de produção”, afirma Kanashiro.
MULTIUSO - Para o pesquisador da Embrapa, as fichas são de multiuso, pois podem servir desde o professor e o aluno universitários, o pesquisador, até o mateiro que entra na floresta para identificar a árvore. Por isso as fichas têm uma impressão e plastificação de qualidade. Fartamente ilustradas, elas tratam do tipo de flor e de semente de cada espécie, da casca, das folhas, das características da madeira, propriedades mecânicas, distribuição geográfica e muitas outras informações. “A ficha é feita com uma linguagem variável, porque ela tenta ser o mais simples possível aonde pode ser, mas às vezes não tem como traduzir o nome de uma estrutura de flor, de semente, que é bastante específica”, diz Milton Kanashiro.
Madeira disponível para futuras gerações
Regina Martins da Silva procura explicar de forma didática como as fichas podem ajudar no manejo florestal: “O que o manejo faz é utilizar uma espécie de madeira de uma forma que ela permaneça disponível para as futuras gerações. O objetivo do manejo então é usar, sem acabar com a espécie. E para não acabar com a espécie, a gente deixa determinadas árvores como porta- sementes, como matriz para produzir sementes para gerar novas plantas. E na hora que eu vou selecionar, numa unidade de trabalho, as árvores que eu vou extrair e selecionar as que vão ficar como porta-sementes, se eu não conhecer a espécie como vou poder preservar? Você pode deixar algumas árvores para preservar uma determinada espécie mas pode não ser o que você está imaginando que seja. Tenho encontrado esse problema em algumas áreas de exploração sustentável da região”. Milton Kanashiro complementa informando que o Dendrogene é a idéia da conservação genética nas áreas de manejo. “As florestas podem representar uma grande fonte de recursos e desenvolvimento para a região.
Existe a idéia básica da conservação, mas ela não difere, em nada, do projeto do bom manejo, que tenta implementar práticas e processos dentro da idéia de impacto reduzido na floresta. Mas às vezes o manejo de impacto reduzido faz uma série de planejamentos operacionais, onde as questões biológicas podem não estar incluídas. Então, o Dendrogene vem trazer, ao manejo de impacto reduzido, um adicional biológico importante”, defende Kanashiro. Do ponto de vista dos madeireiros, os dois pesquisadores da Embrapa consideram que aqueles que se preocupam com a identificação correta das plantas exploradas só têm a ganhar. Em primeiro lugar porque eles passam a retirar da mata apenas a madeira que foi solicitada pelo cliente, sabendo a quantidade disponível e onde se encontra. Com a identificação correta evita-se o prejuízo financeiro por causa do gasto de tempo e dinheiro na exploração de uma planta que não será vendida. De acordo com Regina, muitas vezes as empresas, sem ter certeza de quais espécies estão sendo exploradas, podem estar vendendo uma madeira nobre, acreditando tratar-se de outra de qualidade e preço inferiores. O contrário também pode acontecer. “O diretor de uma empresa madeireira disse que isso pode funcionar como uma certificação do produto deles”. As fichas do Projeto Dendrogene também podem ser utilizadas na identificação correta na hora da fiscalização pelo poder público, como os fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).
Fonte: Amazonia.org.br – 05/01/2005
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