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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Arranjos produtivos geram desenvolvimento em microrregiões brasileiras
O diretor-técnico do Sebrae, Luiz Carlos Barboza, disse hoje (11) que os Arranjos Produtivos Locais (APL) são o caminho para o desenvolvimento, especialmente no que diz respeito aos pequenos negócios. "Os APLs estão realmente transformando para melhor as regiões onde estão instalados.

Com o apoio de políticas públicas consistentes, serão fundamentais para que as empresas possam dar o esperado salto de competitividade", disse Barboza, durante o XIV Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, em Porto de Galinhas, a 65 quilômetros de Recife. O encontro é realizado pela Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores) e pelo Sebrae.

O diretor do Sebrae presidiu o painel desta quinta-feira, que mostrou como os arranjos estão sendo decisivos para o desenvolvimento de várias microrregiões em todo o Brasil. De áreas degradadas de grandes cidades, como a antiga área portuária do Recife, a pequenas cidades do interior, como Ibitinga, em São Paulo, os APLs vêm funcionando como indutores de inovação tecnológica e empreendedorismo.

Porto de oportunidades

O Porto Digital, APL de tecnologia da informação e comunicação instalado em Recife está mudando o perfil de um bairro até pouco tempo condenado à decadência por conta da mudança do porto para Suape. Nos quatro anos de operação, o Porto Digital atraiu para a área 70 empresas, que geram 1,6 mil postos de trabalho e abriga dois centros de tecnologia avançada.

"Fazer parte do Porto Digital agrega valor à marca", observa Píer Carlo Sola, executivo do núcleo de gestão do APL. Ele acrescenta que o projeto inclui a capacitação de jovens de comunidades carentes que estão sendo "digitalmente alfabetizados". Cerca de 50 já se formaram e 34 já estão trabalhando em empresas de tecnologia da informação.

Bordando o futuro

Tecnologia também é a palavra de ordem em Ibitinga, interior de São Paulo. Conhecida pelos bordados em artigos e cama, mesa e banho, só agora a cidade descobriu que pode melhorar e aumentar a produção com inovação tecnológica. "Eles bordam há 60 anos e não tinham idéia de que existem agulhas de cerâmica que aumentam muito a produção", conta João Alfredo Delgado, da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), responsável pela coordenação do APL de bordados de Ibitinga.

Os desafios são grandes, mas, aos poucos, as empresas começam a adotar processos de padronização e a encarar os outros fabricantes como parceiros e não como concorrentes. Ibitinga já está exportando bordados para Portugal e países da África e a produção vem aumentando a uma taxa média de 30% ao ano.

Medir resultados é preocupação constante dos gestores do arranjo produtivo de móveis de Ubá, em Minas Gerais. Em 2003, o pólo adotou a metodologia da Gestão Estratégica Orientada para Resultados (Geor), desenvolvida pelo Sebrae e vários parceiros. Para este ano, a meta de crescimento no faturamento era de 36%. Segundo Rogério Gazola, presidente do Intersinde, gestor do APL, em agosto a meta já havia sido atingida.

As 310 indústrias de móveis de Ubá e outros nove municípios da região empregam oito mil pessoas. As exportações de móveis representam hoje 7% do total exportado por Minas.

De olho nos resultados

Outro projeto que também adotou a metodologia da Geor é o arranjo de rochas ornamentais de Cachoeiro do Itapemirim, no Espírito Santo, que inclui outros 15 municípios da Região Sul do Estado. Também lá a inovação tecnológica foi fundamental para aumentar a competitividade. Segundo Ricardo Coelho, superintendente do Sindirochas, a instalação do Centro Tecnológico do Mármore e Granito, em 99, foi um marco na história do APL.

Hoje, cerca de mil empresas são responsáveis pela geração de 10 mil empregos diretos e 50 mil indiretos. As empresas contam com uma cooperativa de crédito que deve financiar, em parte, a expansão do setor no Estado. O faturamento do APL de Cachoeiro cresceu 43% até setembro, em relação ao mesmo período do ano passado.

Para Luiz Carlos Barboza, os números confirmam o argumento de que as empresas que atuam em APLs têm ambiente mais adequado para se desenvolver. O diretor do Sebrae adiantou que a entidade, juntamente com a Anprotec, vai criar mecanismos para intensificar a interação das incubadoras de empresas com os arranjos produtivos.

"Em Porto Digital (Recife), Ubá e outros arranjos já estamos vendo essa interação ocorrer", observou Barboza, acrescentando que, em vários países, a instalação de incubadoras já é política pública. É nessa direção que devemos caminhar", completou.

Fonte: Panorama Brasil – 16/11/2004

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