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Notícias

22
nov
2005
(GERAL)
Máquinas que geram máquinas
Para garantir produtos inovadores, o setor de máquinas também investe alto em seu próprio maquinário e em mão-de-obra qualificada

Por Alexandra Duarte

A abertura de novos mercados apresenta oportunidades promissoras às empresas, mas também faz parte do negócio um pacote de exigências, principalmente com relação à capacidade produtiva. Este é um desafio que começa na indústria de máquinas, um segmento que vem crescendo significativamente no Brasil. São tecnologias que se reproduzem gerando “famílias” robóticas engajadas nas necessidades das indústrias brasileiras e até estrangeiras. E, por trás delas estão equipes de profissionais preparados para fortalecer o setor e, em conseqüência, o País.

Uma amostra da força desta indústria são os indicadores econômicos da Abimaq – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, que mostram um crescimento significativo. A elevação foi de 26,3%, passando de R$ 22,6 bilhões nos primeiros oito meses de 2003 para R$ 28,6 bilhões no mesmo período deste ano. Os segmentos que influenciaram o faturamento foram máquina-ferramenta, máquinas para plástico, gráficas, equipamentos de hidráulica e pneumática, máquinas e implementos para agricultura e para madeira. Este é um exemplo de que o setor madeireiro está melhorando seus parques fabris.

Outro dado positivo do setor de máquinas é o volume de novos empregos, que cresceu 13% do ano passado para cá, uma prova de que mesmo diante de tamanha tecnologia a mão-de-obra humana continua imprescindível. Em agosto de 2004, estavam empregados no setor 202.963 trabalhadores, contra 179.542 no mesmo período de 2003. Foram criados cerca de 23.421 empregos principalmente nos segmentos de mecânica pesada, máquinas-ferramenta, gráficas e agrícolas. Os dados foram divulgados pelo presidente da Abimaq, Newton de Mello.

Dificuldades

Um dos maiores desafios enfrentados pela indústria de máquinas é o alto custo dos insumos. Preocupado com os efeitos danosos dos reajustes do preço do aço sobre o setor a diretoria da Abimaq encomendou um amplo estudo das áreas técnicas da entidade. O trabalho, que acompanhou planilhas de custos do insumo, identificou com precisão os índices de reajustes verificados.

Os resultados demonstraram que houve aumento de 75% do aço praticado pelas siderúrgicas, do começo deste ano até 31 de julho, e que o insumo tem uma participação de 17,46% nos custos de máquinas. Com base nesses dados, a estimativa é que a elevação poderia gerar um acréscimo de 13% nos valores dos equipamentos.

Os equipamentos importados não sofreram a pressão desses custos, o que diminui a competitividade dos produtos nacionais. Além disso, o presidente da Abimaq diz que a grande maioria dos fabricantes se abastece através dos distribuidores, “pois não têm escala para consumir das grandes usinas. E, nesse caso, os aumentos são muito maiores”.

Outro fator preocupante é que a maioria dos pedidos de máquinas é de longa duração e o fabricante tem sido surpreendido com aumentos de preço do aço no decorrer da produção da sua encomenda. “Esta situação tem penalizado duramente o fabricante de equipamentos”, afirma. A diretoria de Insumos da Abimaq está estudando ações estratégicas para solucionar o problema. A primeira delas seria o desenvolvimento de encontros com as empresas siderúrgicas individualmente para debater o assunto.

Competitividade

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e a Abimaq aprovaram um conjunto de ações, em 1º de setembro, envolvendo valores que somam R$ 57 milhões para aplicação em 2004 e 2005, a serem financiados com recursos dos programas dos fundos setoriais de Ciência e Tecnologia, geridos pelo MCT. A estratégia soma pontos para competitividade do segmento.

De acordo com o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, as atividades que serão desenvolvidas visam promover a modernização da indústria de bens de capital, implantando uma cultura inovadora e competitiva nas empresas do setor. Várias ações serão desenvolvidas no âmbito do IPD-Maq. O Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Máquinas e Equipamentos foi criado na Abimaq para proporcionar apoio às indústrias no desenvolvimento tecnológico de produtos e processos, a partir da captação de recursos dos fundos setoriais e outras fontes pouco acessíveis às empresas.

Fabricantes em expansão

Afim de aperfeiçoar seus produtos e com isso conquistar novos mercados ou mesmo melhorar o atendimento aos atuais clientes, o setor madeireiro aposta alto em investimentos tecnológicos. Uma prova disso são os incrementos nas vendas de algumas indústrias fabricantes de indústrias de máquinas para trabalhar madeira.

A Mill Indústria de Serras, por exemplo, apresentou um aumento de 20% em outubro deste ano, com relação ao mesmo período do ano passado e pretende fechar o ano com um incremento de 30%. Para 2005, a empresa projeta um incremento de 50%, de acordo com o diretor Lucas De Zorzi. Para concretizar os planos de crescimento, a empresa está fazendo uma reformulação nos contatos comerciais, focando, também novos mercados. Regiões como o Norte do Brasil e países vizinhos como Uruguai, Argentina e até mesmo o Equador estão ganhando atenção do setor comercial da Mill.

A empresa produz equipamentos para serraria completa tendo as serras fitas horizontais como carro chefe. Para sustentar a produção, a empresa investiu R$ 400 mil em tecnologia neste ano, um valor muito superior ao do ano passado, quando aplicou apenas R$ 100 mil. Para 2005 a diretoria da Mill Serras pretende direcionar os esforços na construção de um sede própria.

Outra empresa em franca expansão é a Máquinas Omil, que está investindo em tecnologia para agregar valor aos seus produtos. De acordo com o gerente comercial Gerd Brehmer foram aplicados R$ 2 milhões no parque fabril em 2004, o mesmo valor investido no ano passado. Para o ano que vem a empresa planeja uma ampliação da fábrica para melhor atender seus clientes e o investimento será de R$ 5 milhões, em média. Brehmer explica que o projeto ainda está em estudo e a concretização depende do desenvolvimento do mercado.

O gerente comercial conta que neste ano algumas complicações dificultaram as vendas, tais como a queda do dólar, o aumento do preço da matéria-prima, os problemas portuários, as greves da receita e dos bancos. Por isso, a Máquinas Omil não aumentou o volume de vendas neste ano, mas conseguiu incrementar o faturamento em 14% neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, graças as inovações tecnológicas que valorizaram seus produtos. “Um exemplo é a plaina moldureira 240 mm que chega a trabalhar até 90 metros por minuto”, demonstra o gerente comercial. A Máquinas Omil já comercializa com o Chile, Argentina e México e está intensificando as relações com clientes do Peru, Bolívia e Venezuela.

Mesmo com desempenho crescente a indústria de máquinas no Brasil, se comparada com países europeus, ainda engatinha, mas já ensaia passos largos. No setor madeireiro vem ganhando credibilidade, afinal investir em tecnologia nacional é uma alternativa viável para todos.

Fonte:

Jooble Neuvoo