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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Desmatamento na Amazônia atinge 25.500 km2 em 2002.
Índice anual é o segundo maior da história do monitoramento por satélite, realizado nos últimos 15 anos.
No ano de 2002 foram desmatados 25.500 km2 na Amazônia Legal, uma área superior ao estado de Sergipe (21.910km2). O índice é o segundo maior da história do monitoramento orbital, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos 15 anos, com base em imagens de satélites ambientais. Fica atrás apenas de 1995, quando foram derrubados 29.059 km2.
O número foi calculado com base em 50 imagens de satélite de julho de 2001 a junho de 2002, na região conhecida como Arco do Desflorestamento, onde se concentra 75% da floresta alterada pelo homem. O mesmo cálculo, correspondente ao ano de 2001, aponta para um total de 18.200km2, ou seja, o aumento na taxa anual de desmatamento, de um ano para outro ficou em torno de 40%.
Uma reunião interministerial, com a participação dos ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Agricultura, além de algumas organizações não governamentais da Amazônia, foi convocada pela Casa Civil, para avaliar e detalhar os números e discutir um plano de ação para reverter a atual e acelerada tendência de aumento.
“Após uma década em que a taxa anual média de desmatamento da Amazônia foi de 21.130 km2 (1978 a 1988) tivemos uma redução para 11.130 km2, atribuída ao fim dos subsídios ao desmatamento, como eram considerados os incentivos fiscais, e a ações enérgicas de fiscalização, coordenadas por Romeu Tuma, então à frente da Polícia Federal”, diz o secretário de Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, que no início dos anos 90 era ministro do Meio Ambiente. “Depois tivemos um pico em 1995, com o desmatamento recorde de 29.059 km2, relacionado ao Plano Real e tido como uma bolha econômica, que em seguida refluiu para um patamar em torno de 17 a 18 mil km2. Agora surge este novo pico, alarmante por se tratar de um momento de retração econômica. Não sei o que explica a nova tendência, porém ela demanda uma ação mais efetiva e enérgica da ministra Marina Silva, dentro do governo, junto aos outros ministérios”.
Goldemberg estima que o desmatamento de 2002 equivale, sozinho, a 200 milhões de toneladas de carbono. Se transformado em emissões, este total seria três vezes maior do que as emissões brasileiras, decorrentes da queima de combustíveis fósseis, do setor de transportes, das indústrias e de toda a matriz energética. O total de emissões brasileiras foi estimado em 70 milhões de toneladas de carbono por ano.
Para Ane Alencar, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), parte do desmatamento pode ser atribuída à abertura de grandes áreas de monocultura de soja, sobretudo no estado de Mato Grosso e em algumas localidades de floresta secundária, como Santarém (Pará). “Ainda não vi nem analisei os dados, de forma a identificar tendências ou causas, mas diria que um dos motivos é o investimento em agricultura de larga escala (soja)”, diz Ane. “Na região de Santarém, onde conduzimos um estudo, foram aproveitadas, inclusive, áreas de floresta secundária, de capoeira alta, abandonadas há 30 ou 40 anos, para a implantação de novas áreas de soja, entre o final de 2001 e durante 2002”. De acordo com a pesquisadora, as árvores destas matas secundárias já cumpriam de 80 a 85% do papel de uma floresta madura, ou seja, poderiam ser consideradas praticamente regeneradas”.
“Já tínhamos uma sinalização, de que o índice de 2002 era alarmante, da parte do nosso pessoal de campo, que não encontrou mais as manchas de remanescentes florestais em torno do Parque Indígena do Xingu, onde trabalhamos, devido à abertura de novas áreas de soja”, acrescenta Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA). “O diferencial, este ano, é o acesso de várias instituições, governamentais e não governamentais, aos dados, para sua qualificação.
Fica mais fácil acompanhar as tendências e se prevenir quanto às conseqüências, inclusive porque não estão envolvidas apenas as instituições responsáveis pelo controle do desmatamento, como as responsáveis por políticas que levam ao desmatamentos. O caminho é trabalhar um pacote de governo, envolvendo transportes, agricultura, energia, todos os setores que produzem impacto”.
Após a reunião interministerial deve ser anunciado um novo plano de ação para prevenção dos desmatamentos e queimadas, controle e combate da exploração madeireira na Amazônia, elaborado no Ministério do Meio Ambiente. O plano deverá prever investimentos de R$ 100 milhões, nos próximos 12 meses, nos 40 municípios, que concentram as frentes de degradação ambiental da região.
Liana John
Fonte: Estadão
No ano de 2002 foram desmatados 25.500 km2 na Amazônia Legal, uma área superior ao estado de Sergipe (21.910km2). O índice é o segundo maior da história do monitoramento orbital, realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), nos últimos 15 anos, com base em imagens de satélites ambientais. Fica atrás apenas de 1995, quando foram derrubados 29.059 km2.
O número foi calculado com base em 50 imagens de satélite de julho de 2001 a junho de 2002, na região conhecida como Arco do Desflorestamento, onde se concentra 75% da floresta alterada pelo homem. O mesmo cálculo, correspondente ao ano de 2001, aponta para um total de 18.200km2, ou seja, o aumento na taxa anual de desmatamento, de um ano para outro ficou em torno de 40%.
Uma reunião interministerial, com a participação dos ministérios do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Agricultura, além de algumas organizações não governamentais da Amazônia, foi convocada pela Casa Civil, para avaliar e detalhar os números e discutir um plano de ação para reverter a atual e acelerada tendência de aumento.
“Após uma década em que a taxa anual média de desmatamento da Amazônia foi de 21.130 km2 (1978 a 1988) tivemos uma redução para 11.130 km2, atribuída ao fim dos subsídios ao desmatamento, como eram considerados os incentivos fiscais, e a ações enérgicas de fiscalização, coordenadas por Romeu Tuma, então à frente da Polícia Federal”, diz o secretário de Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, que no início dos anos 90 era ministro do Meio Ambiente. “Depois tivemos um pico em 1995, com o desmatamento recorde de 29.059 km2, relacionado ao Plano Real e tido como uma bolha econômica, que em seguida refluiu para um patamar em torno de 17 a 18 mil km2. Agora surge este novo pico, alarmante por se tratar de um momento de retração econômica. Não sei o que explica a nova tendência, porém ela demanda uma ação mais efetiva e enérgica da ministra Marina Silva, dentro do governo, junto aos outros ministérios”.
Goldemberg estima que o desmatamento de 2002 equivale, sozinho, a 200 milhões de toneladas de carbono. Se transformado em emissões, este total seria três vezes maior do que as emissões brasileiras, decorrentes da queima de combustíveis fósseis, do setor de transportes, das indústrias e de toda a matriz energética. O total de emissões brasileiras foi estimado em 70 milhões de toneladas de carbono por ano.
Para Ane Alencar, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), parte do desmatamento pode ser atribuída à abertura de grandes áreas de monocultura de soja, sobretudo no estado de Mato Grosso e em algumas localidades de floresta secundária, como Santarém (Pará). “Ainda não vi nem analisei os dados, de forma a identificar tendências ou causas, mas diria que um dos motivos é o investimento em agricultura de larga escala (soja)”, diz Ane. “Na região de Santarém, onde conduzimos um estudo, foram aproveitadas, inclusive, áreas de floresta secundária, de capoeira alta, abandonadas há 30 ou 40 anos, para a implantação de novas áreas de soja, entre o final de 2001 e durante 2002”. De acordo com a pesquisadora, as árvores destas matas secundárias já cumpriam de 80 a 85% do papel de uma floresta madura, ou seja, poderiam ser consideradas praticamente regeneradas”.
“Já tínhamos uma sinalização, de que o índice de 2002 era alarmante, da parte do nosso pessoal de campo, que não encontrou mais as manchas de remanescentes florestais em torno do Parque Indígena do Xingu, onde trabalhamos, devido à abertura de novas áreas de soja”, acrescenta Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental (ISA). “O diferencial, este ano, é o acesso de várias instituições, governamentais e não governamentais, aos dados, para sua qualificação.
Fica mais fácil acompanhar as tendências e se prevenir quanto às conseqüências, inclusive porque não estão envolvidas apenas as instituições responsáveis pelo controle do desmatamento, como as responsáveis por políticas que levam ao desmatamentos. O caminho é trabalhar um pacote de governo, envolvendo transportes, agricultura, energia, todos os setores que produzem impacto”.
Após a reunião interministerial deve ser anunciado um novo plano de ação para prevenção dos desmatamentos e queimadas, controle e combate da exploração madeireira na Amazônia, elaborado no Ministério do Meio Ambiente. O plano deverá prever investimentos de R$ 100 milhões, nos próximos 12 meses, nos 40 municípios, que concentram as frentes de degradação ambiental da região.
Liana John
Fonte: Estadão
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