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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Aumenta o número de queimadas no Brasil
Como o repórter José Hamilton Ribeiro mostrou no Globo Rural do último domingo, nunca se queimou tanto, principalmente na Amazônia. Ninguém ignora a situação. Em uma sala em Brasília, o governo acompanha, dia a dia, as queimadas. A maioria dos focos de calor é na Amazônia. Vê-se no mapa que há duas ondas: uma arrasadora, do sul para o norte; e outra menor, que vem de Roraima, no sentido norte-sul. Se as duas se encontrarem, não haverá mais a mata da Amazônia, que é a última e maior reserva de floresta tropical do planeta.
Há três tipos de fogo: a queimada ilegal, a autorizada e o incêndio. Para punir os autores da queimada ilegal, o Ibama faz uma operação especial no Mato Grosso, o estado campeão de queimadas. Um helicóptero circula para avaliar a extensão do estrago e desce atrás dos responsáveis. Mesmo assim, o dono de uma área foi multado em R$ 1,6 milhão. Foram encontrados mais focos de fogo. Desta vez, em uma área de morro.
"O avanço da queimada é atribuído ao alto preço do valor da soja, que tem agitado a cobiça dos proprietários rurais, e à tentativa de legitimação da posse da terra", explica Hugo José Werner, gerente executivo do Ibama de Mato Grosso.
O helicóptero não desceu em um dos pontos porque a operação especial está mais voltada para propriedades e não inclui áreas de reforma agrária. No entanto, há mais de 600 assentamentos só no Mato Grosso, todos irregulares. Outro ponto de fogo foi localizado na beira de um rio. O vôo também não parou porque se tratava de um assentamento.
O governo autoriza pôr fogo. Tem até um manual para isso.
Uma queimada na Fazenda Amazonas foi feita com a presença de um especialista do Ibama. Primeiro foi feita uma picada para a entrada dos tratores com o correntão. A mata foi deitando. No fim, viu-se a floresta no chão, para secar um pouco. Em seguida, veio o fogo. Tudo dentro da lei.
A equipe de uma queimada deve ter vários peões com ferramentas apropriadas. Tem hora certa para pôr fogo.
"Das 8h às 11h e das 16h às 6h do outro dia", diz o biólogo do Ibama Romildo Gonçalves.
O fogo logo se transformou em um fogueirão. Tudo ficou embaçado. O calor varou a noite.
O cenário era outro. Tenebroso, sem nenhum sinal de vida. Orquídeas, trepadeiras, casas de marimbondo, cortiços de abelha, teias de aranha, ninho com ovos e filhotes, tudo foi queimado. O que sobrou foi organizado em leiras e também queimado.
"É uma técnica muito antiga, mas é a única que barateia o custo de formação da área", diz o agrônomo Waldir Moura. Uma terceira forma de destruição é o chamado incêndio florestal – de origem criminosa ou acidental, como um de quatro anos atrás. Talvez o sinal mais dramático da queimada na Fazenda Morada da Serra tenha sido a morte de uma onça-parda, uma suçuarana. A reportagem exibida na época foi levada para Brasília.
“Há um problema social e econômico. Temos que providenciar comida para as 18 milhões de pessoas que moram na região da Amazônia. Vamos fazer isso, mas sem desperdiçar madeira, que é tão nobre e demorou tantos séculos para ficar do jeito que está”, afirma o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
"É possível dobrar a capacidade de produção da Amazônia sem derrubar um pé de mato", garante a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
“Se houvesse um tribunal para julgar crimes contra a natureza, como há tribunais contra crimes de guerra, sem dúvida, seríamos condenados”, comenta Enio Candotti, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Fonte: Jornal Nacional – 07/10/2004
Há três tipos de fogo: a queimada ilegal, a autorizada e o incêndio. Para punir os autores da queimada ilegal, o Ibama faz uma operação especial no Mato Grosso, o estado campeão de queimadas. Um helicóptero circula para avaliar a extensão do estrago e desce atrás dos responsáveis. Mesmo assim, o dono de uma área foi multado em R$ 1,6 milhão. Foram encontrados mais focos de fogo. Desta vez, em uma área de morro.
"O avanço da queimada é atribuído ao alto preço do valor da soja, que tem agitado a cobiça dos proprietários rurais, e à tentativa de legitimação da posse da terra", explica Hugo José Werner, gerente executivo do Ibama de Mato Grosso.
O helicóptero não desceu em um dos pontos porque a operação especial está mais voltada para propriedades e não inclui áreas de reforma agrária. No entanto, há mais de 600 assentamentos só no Mato Grosso, todos irregulares. Outro ponto de fogo foi localizado na beira de um rio. O vôo também não parou porque se tratava de um assentamento.
O governo autoriza pôr fogo. Tem até um manual para isso.
Uma queimada na Fazenda Amazonas foi feita com a presença de um especialista do Ibama. Primeiro foi feita uma picada para a entrada dos tratores com o correntão. A mata foi deitando. No fim, viu-se a floresta no chão, para secar um pouco. Em seguida, veio o fogo. Tudo dentro da lei.
A equipe de uma queimada deve ter vários peões com ferramentas apropriadas. Tem hora certa para pôr fogo.
"Das 8h às 11h e das 16h às 6h do outro dia", diz o biólogo do Ibama Romildo Gonçalves.
O fogo logo se transformou em um fogueirão. Tudo ficou embaçado. O calor varou a noite.
O cenário era outro. Tenebroso, sem nenhum sinal de vida. Orquídeas, trepadeiras, casas de marimbondo, cortiços de abelha, teias de aranha, ninho com ovos e filhotes, tudo foi queimado. O que sobrou foi organizado em leiras e também queimado.
"É uma técnica muito antiga, mas é a única que barateia o custo de formação da área", diz o agrônomo Waldir Moura. Uma terceira forma de destruição é o chamado incêndio florestal – de origem criminosa ou acidental, como um de quatro anos atrás. Talvez o sinal mais dramático da queimada na Fazenda Morada da Serra tenha sido a morte de uma onça-parda, uma suçuarana. A reportagem exibida na época foi levada para Brasília.
“Há um problema social e econômico. Temos que providenciar comida para as 18 milhões de pessoas que moram na região da Amazônia. Vamos fazer isso, mas sem desperdiçar madeira, que é tão nobre e demorou tantos séculos para ficar do jeito que está”, afirma o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.
"É possível dobrar a capacidade de produção da Amazônia sem derrubar um pé de mato", garante a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
“Se houvesse um tribunal para julgar crimes contra a natureza, como há tribunais contra crimes de guerra, sem dúvida, seríamos condenados”, comenta Enio Candotti, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Fonte: Jornal Nacional – 07/10/2004
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