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22
nov
2005
(GERAL)
Cresce exportação com design nacional.
Fabricantes de móveis buscam espaço no mercado americano para manter crescimento de vendas. Depois de quase triplicar as exportações de móveis para os Estados Unidos nos últimos três anos - que subiram de US$ 90 milhões, em 1999, para US$ 237 milhões em 2002 -, o Brasil tem agora como desafio criar espaço para o design do móvel nacional nos EUA, hoje o maior consumidor mundial, que compra US$ 30 bilhões por ano.

"Na maioria das vezes, o consumidor norte-americano sequer sabe que o produto é brasileiro, porque as exportações são compostas, em sua maioria, de móveis sem marca", disse Robson Oliveira, diretor-presidente da Terra do Brazil, empresa que representa um pool de 14 fabricantes do Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul nos EUA.

Em setembro, a Terra do Brazil inaugura um show room na Flórida para promover móveis brasileiros. "Esses produtos terão a marca de seus fabricantes e foco em valor agregado, garantindo espaço para o produto nacional, mesmo sem as vantagens cambiais", disse Oliveira, que montou uma equipe de seis pessoas e contratou cinco escritórios para divulgar os móveis brasileiros na costa leste americana. A Terra do Brazil quer fazer as exportações para os EUA crescerem para US$ 1 bilhão em quatro anos.

"O consumidor norte-americano troca de móvel praticamente todo ano, o que gera um movimento contínuo de vendas", disse Marco Aurélio Lobo Júnior, consultor de design e marketing internacional da Associação Brasileira da Indústria do Mobiliário (Abimóvel) e coordenador do Promóvel, programa de apoio às exportações lançado pela entidade em 1998.

Segundo a Abimóvel, as vendas para os EUA, que hoje respondem por 45% do total de exportações do setor, cresceram 17,3% no 1 quadrimestre em relação a igual período de 2002, para US$ 75,7 milhões. Incluindo os demais mercados (Japão, Europa e Oriente Médio), o Brasil exportou de janeiro a abril US$ 183 milhões, 20% acima do mesmo período do ano passado.

As exportações para os Estados Unidos, segundo a Abimóvel, deverão crescer 40% em 2003, gerando vendas de US$ 647,3 milhões, enquanto o crescimento estimado para os demais mercados é de 21%. O resultado pode fazer o Brasil saltar de nono para o sétimo lugar entre os maiores exportadores para os EUA, superando a Tailândia e Taiwan.

Nem a recente valorização do real vem atrapalhando a competitividade do móvel brasileiro no exterior. Segundo as empresas, o móvel brasileiro chega aos EUA 30% mais barato do que seus concorrentes, principalmente os europeus, que estão prejudicados pela valorização do euro. Mesmo assim, as exportações ainda são tímidas se comparadas com as da China e Itália.

Apostando nesse potencial de crescimento, a Flexiv, fabricante de móveis de design para escritório de Curitiba, acaba de acertar seu primeiro acordo de exportação para os EUA e envia, até o final do mês, um contêiner para Miami, avaliado em US$ 40 mil. Os móveis serão vendidos, com a marca da fabricante, em um shopping local especializado em decoração, que será lançado em julho. "O País já tem tradição e fôlego para desenvolver suas próprias marcas no exterior", disse Ronaldo Duschenes, proprietário da empresa, que prevê dedicar 30% da produção às exportações.

A Habitart Schuster Móveis e Design, de Porto Alegre, segue estratégia semelhante. A empresa resolveu apostar em coleções de caráter autoral em 1997, quando começou a contratar especialistas para desenvolver suas linhas. Antes voltada para a produção de móveis sob encomenda, hoje trabalha com designers de renome internacional, como os irmãos Humberto e Fernando Campana, Beto Salvi e Tuti Giorgi. "Hoje o Brasil é referência na utilização de reciclagem e no reaproveitamento de materiais em produtos acabados", afirmou Marilene Bittencourt, diretora comercial da empresa. Com fábrica em Santo Cristo, município próximo da fronteira com a Argentina, a Habitart Schuster enviou no último final de semana o seu primeiro lote, com 80 produtos, para os EUA.

Com fábrica em Medianeira (PR), a Dall Móveis já destina para os EUA 30% da sua produção de móveis para jardim e prepara-se para ampliar sua gama, com a coleção dedicada a ambientes internos, como jogos de jantar, cadeiras e balcões. "São produtos de maior valor agregado, que devem promover em crescimento de 20% a 30% no faturamento", disse Augusto Dall´Oglio, diretor geral da empresa.

Para as empresas, além de compensar as oscilações das vendas no mercado interno - que movimenta R$ 10 bilhões, segundo a Abimóvel -, as exportações para os EUA abrem caminho para novos mercados. A paulista Artefacto, que abriu uma loja em Miami em setembro de 2002, vai ampliar sua presença internacional. Ainda neste ano, a empresa, que tem 10 pontos-de-venda, inaugura lojas no México e na República Dominicana.

Segundo a Abimóvel, mercados antes periféricos, como México, Japão e Golfo Pérsico, estão em franca expansão. De acordo com as empresas, a base de comparação é pequena, mas o aumento significativo das vendas demonstra o potencial a ser explorado. Somente para o México, as vendas evoluíram 47%, para US$ 2,5 milhões e para o Japão cresceram 54%, para US$ 192 mil.

Cristina Rios

Fonte: Gazeta

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