Madeiras : Manejo
Colheita e transporte
Introdução
O sistema de colheita e transporte florestal evoluiu muito nos últimos anos. No Brasil, até a década de 40, praticamente não se tinha emprego de máquinas na colheita. A partir daí, o grau de mecanização foi aumentando tendo um incremento maior da década atual, fazendo com que, pelo menos algumas das operações da colheita e transporte, sejam realizadas mecanicamente. Em conseqüência dessa mecanização a produtividade da colheita passou de horas por metros cúbicos, para alguns minutos. Apenas para efeito ilustrativo, é interessante verificar o que aconteceu na Europa em termos do grau de mecanização e do rendimento. Em 50 anos, o grau de mecanização chegou a praticamente 100% e o rendimento caiu de mais 5 h/m³, para menos de 0,5 h/m³. No Brasil, a evolução pode ter sido diferente, mas, atualmente, o rendimento da colheita equipara-se ou até mesmo ultrapassa aqueles conseguidos pelos países europeus.
Década
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Grau de mecanização (%)
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Rendimento (h/m³)
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40
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Praticamente nulo
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>5
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50
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4
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5
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60
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8
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3
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70
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12
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1,5
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80
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26
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0,7
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90
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95
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0,5
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A evolução da mecanização trouxe vários progressos para a colheita e transporte florestal. Alguns exemplos desse progresso são citados a seguir:
a) Corte
• Ergonomia das máquinas (cabines fechadas, livre de poeira, menor ruído, assento regulável e com amortecedores, joystick, etc) motosserras mais leves, com menor vibração e menor ruído;
• Máquinas de corte e acumulador permitindo fazer feixes prontos para o arraste (Feller-buncher);
• Máquinas de corte, acumulador e processador, deixando a madeira pronta para o carregamento;
• Maior produtividade -rendimento do corte passando de 3 st/H/hora para até 500 st/H/hora;
b) Extração
• Tratores autocarregáveis, deixando a madeira pronta para o transporte;
• Skidder de pinça, permitindo o arraste de feixe de árvores;
• Ergonomia das máquinas (cabines fechadas, livres de poeira, menor ruído, assento reguláveis e com amortecedores, joystick, etc. );
• Menor compactação do solo - pneus mais largos ou duplos, de baixa pressão e uso de esteiras;
• Maior produtividade - rendimento da extração passou de menos de 1m³/Homem/hora para mais de 50m³/Homem/hora
c) Transporte
• Maior capacidade de carga, passando de 10 para até 80, usando-se mais de uma composição veicular combinada (CVC);
• Carrocerias adequadas ao transporte de toras compridas;
• Melhoria das condições das estradas de acesso as áreas de corte etc.
Evolução
a) Motoserra
Uma das máquinas que mais influenciaram na mecanização da exploração florestal foi a motosserra, substituindo o machado nas operações de derrubadas, desgalhamento e traçamento de madeira.
Uma das primeiras tentativas para derrubada de árvores por outro meio que não a força humana, foi feita em 1879, nos EUA, em um experimento utilizando-se do principio a vapor. A partir dessa época vários tipos de serras à motor foram desenvolvidas e testadas, mas eram grandes e pesadas, requerendo, em alguns casos dois homens para sua operação. Por volta de 1930, na União Soviética, foi feita motosserra a gasolina e por volta de 1932, a motosserra elétrica. As primeiras motosserras modernas foram inventadas na Alemanha, em 1927, utilizando como instrumento de corte a corrente (cadeia) e como elemento motriz um motor a gasolina. Pesavam 58 kg, sendo necessárias duas pessoas para manuseá-las, além de não poderem ser utilizadas em qualquer posição. Somente em 1950, a indústria foi capaz de produzir serra à motor pesando menos de 15 quilos.
Com o avanço da tecnologia e o surgimento de novos matérias as motosserras foram ficando cada vez mais leves, pesando menos de 10 quilos. Alguns avanços como, por exemplo, amortecedor antivibratório e freio de corrente, foram sendo incorporados á máquina.
Mesmo com utilização de outros mecanismos de corte, a motosserra não perderá seu espaço, por ser um produto de baixo custo e fácil manuseio, em qualquer condição topográfica.
b) Harvester
No final da década de 80 foram feitas tentativas no sentido de montar um harvester, por meio da união entre empresas fabricantes e algumas empresas florestais para desenvolverem o projeto. Em 1985, a CAFMA Companhia Agrícola Florestal Monte Alegre, importou um cabeçote processador da Finlândia, com intenção de montá-lo num trator convencional e um braço de carregador florestal, e testar o sistema feller buncher+harvester. A Lençóis Equipamentos Rodoviários, entrou na parceria, com o projeto inicial de desenvolver o cabeçote e montá-lo numa máquina base convencional. Porém, posteriormente, foi decidido que deveria ser desenvolvida uma máquina base específica. Foi então que se uniram ao projeto a Maxion como fabricante e a Chanflora e Suzano como usuários. Em 1991, o projeto foi concluído e foi iniciado o teste de campo, passando por vários ajustes até em 1992, quando um protótipo finalmente entra em regime de testes operacionais, semi-comerciais.
Outras empresas, como por exemplo a Aracruz, em parceria com a Elof Hanson, Implemater e Sotreq, em 1991, desenvolveu e utilizou o denominado Harvester Aracruz, que apresentou um bom rendimento, porém com baixa disponibilidade mecânica.
Com a abertura das importações a partir de 1992, os projetos para a construção de “harvesters”, com tecnologia nacional foram interrompidos. A partir daí foram introduzidas, no Brasil, várias máquinas e equipamentos que foram sendo adaptadas às condições brasileiras, sendo usadas tanto para o corte, como também apenas para o processamento.
c) Forwarders
A Engesa, juntamente com a Aracruz Florestal iniciou em 1977, o desenvolvimento de um protótipo de Forwarder, que entrou no mercado em 1979. Também a Duraflora, juntamente com fabricantes, decidiu em1987, montar um conjunto trator +grua+carreta, denominando-o de autocarregável. Este sistema foi definitivamente implantado operacionalmente, em 1988. A Iochpe-Maxion lançou seu trator florestal auto-carregável em agosto de 1992, constituído de trator carreta e grua. Também em 1992 a Implanor lançou a carregadeira florestal, triciclo autopropelido, que poderia ser utilizado empilhar árvores em áreas de guincho, na exportação ou arraste da madeira para a estrada, para classificar e empilhar toras, bem como carregar veículos de transporte.
Os forwarders mais antigos apresentavam vários problemas entre eles a baixa capacidade de carga, dificuldade de operar a grua, problemas ergonômicos etc. A partir de 1992 vários fabricantes colocaram no mercado forwarders para extração da madeira. A estas máquinas foram sendo aumentada a capacidade de carga e o alcance da garra.
d) Feller-Buncher
Os primeiros feller utilizados eram de tesoura. Um destes tipo de equipamento era triciclo, apresentando uma roda “louca” e apenas derrubava e direcionava as árvores. Logo depois, sugiram os feller-bunchers que permitiam cortar, armazenar árvores e fazer os feixes. O sistema de corte já era de corrente, apresentando maior velocidade de corte e menos danos às cepas.
Hoje, os feller-buncher possuem discos com unhas para corte, apresentando poucos problemas mecânicos, dado a rusticidade do sistema têm uma maior capacidade de acumular árvores, maior rendimento e maior conforto para o operador.
e) Skidder
Até 1981 o que existia para o arraste de toras ou árvores, eram os chamados “miniskidder”, que nada mais era que um trator agrícola convencional que poderia ser dotado com três tipos de arrastadores: o arrastador por estrangulamento, que emprega cabos de aço para fixar toras; arrastador de garras, como o miniskidder da Munckjons; e o arrastador de pinças duplas. Os problemas ergonômicos dessas máquinas eram vários entre eles, assento, posição dos comandos, posição do corpo no ato do engate das toras, ruído, poeira e vibração.
Os skidders oferecidos no mercado, hoje, são máquinas com alta capacidade de tração, melhor desempenho e melhor conforto para o operador. Estes skidders são dotados de pinças ou de cabos.
f) Carregadoras Florestais
Até o início da década de 80 a maioria do carregamento dos caminhões para transporte de madeira eram realizados manualmente. Quando era carregado um caminhão comum, com capacidade de carga de 15st, demorava-se 1,5 a duas horas. No caso de um caminhão trucado, com 30st de capacidade de carga, o seu carregamento manual levava de 2 a 3 horas.
As gruas montadas em tratores agrícolas foram sendo introduzidas para o carregamento de caminhões, quer seja no interior do talhão, como na estrada e no pátio.
Nos últimos anos os fabricantes têm colocado no mercado, carregadoras florestais desenvolvidas especialmente para o manuseio de toras, possuindo uma grande capacidade de carga, maior alcance de grua, giro contínuo, maior conforto e segurança do operador.
g) Timber-Hauler
A dificuldade em se carregar e descarregar um caminhão manualmente, ou a necessidade de se ter uma grua montada em trator para fazer este trabalho, fez com que se adaptasse em um caminhão ou uma grua na sua carroceria. Este caminhão carregava a madeira no talhão e levava até a fábrica e lá chegando fazia o descarregamento.
Da concepção deste caminhão comum adaptado com uma grua é que hoje está sendo colocado no mercado, e sendo utilizado por algumas empresas o Timber-hauler, chamado de “caminhão fora de estrada”. Este caminhão tira a madeira de dentro do talhão levando-o até a fábrica tendo alta capacidade de carga e atingindo velocidade superior aquelas de um forwarder convencional.
h) Transporte
O transporte de madeira até bem pouco tempo atrás era realizado por meio de caminhões comuns e trucados. Estes caminhões além de serem de baixa potência e apresentavam baixa capacidade de carga. Hoje em dia são utilizadas composições formadas de caminhão com mais um ou dois reboques, e, também cavalo mecânico com até três semi-reboques. Assim pode-se utilizar veículos de transporte com capacidade de carga líquida e bruta em torno de 50 a 70 toneladas, respectivamente.
O uso dessas composições para o transporte de madeira só foi possível á partir da lei nº 9.503, de 23/09/97, do Conselho Nacional de Trânsito, que legaliza o uso de veículos utilizados no setor florestal, antes para se trafegar com estas composições era necessário tirar a AET (Autorização Especial de Trânsito) que era renovada anualmente.
Cenário atual
Hoje, a colheita florestal apresenta três grandes divisões. De um lado, as grandes empresas, que dispõem de máquinas leves, médias e pesadas, altamente sofisticadas; de outro, as pequenas empresas, que continuam a utilizar métodos rudimentares, tradicionais, baseados na mão-de-obra não-especializada e barata; e, por fim, a grande maioria das empresas, as médias, que utilizam sistemas intermediários, baseados, ao mesmo tempo, em maquinaria leve fabricada no Brasil e no emprego de mão-de-obra especializada-procurando - tirar o maior rendimento possível do seu uso.
Nas maiores empresas produtoras de madeira do Brasil são utilizadas as mais modernas tecnologias existentes no mundo, para a colheita e transporte florestal. Porém, para a continuidade do emprego dessas altas tecnologias ainda existem certas lacunas que precisam ser preenchidas e alguns parâmetros que precisam de um melhor balizamento para que se concretize o desenvolvimento da área.
Mecanização
A mecanização da atividade de colheita e transporte florestal está presente em praticamente todas as empresas do setor florestal. O que diferencia uma empresa da outra é o nível da mecanização, sendo que algumas empresas que adotam sistemas totalmente mecanizados e outras com mecanização em apenas parte do processo. Porém, a mecanização florestal intensiva, no Brasil, é irreversível.
A participação da mecanização no cenário de colheita torna-se mais evidente pela utilização de equipamentos capazes de cortar árvore e também processá-las na área de corte ou na beira de estrada, sem contato direto do homem com a madeira.
O nível de mecanização no país, só não é maior devido à dificuldade de viabilização em florestas com mais de um fuste por cepa e de baixo volume por árvore, normalmente verificada em floresta manejadas com 2 e até 3 rotações. Assim sendo, pode-se afirmar que mecanizar a colheita da madeira com baixo volume é um dos grandes desafios para os técnicos da área e um dos principais objetos de pesquisa do segmento na atualidade.
A mecanização da colheita de madeira em regiões montanhosas do Brasil é que, praticamente, não evoluiu. As máquinas e equipamentos disponíveis no mercado não são adequados nem para corte e nem para a extração. No corte o que se usa, geralmente, é a motosserrra e, na extração, o tombamento manual e o arraste de feixes com guincho.
Os principais modelos de colheita mecanizada empregada hoje pelas empresas são:
• Harvester + forwarder;
• Feller-buncher + skidder + processador;
• Slingshot + forwarder;
O transporte de madeira, na maioria das empresas florestal integrada, é feito por composições de alta capacidade de carga. Essas composições são formadas de seguinte forma:
• Caminhão-4x2, 4x4, 6x2 E 6x4;
• Caminhão articulado-cavalo-mecânico+semi-reboque;
• Conjugado (biminhão)-caminhão-trator+reboque;
• Bitrem-cavalo-mecânico+ 2 semi-reboques;
• Tritem-cavalo-mecânico+ 3 semi-reboques;
• Rodotrem-cavalo-mecânico+ semi-reboque+ reboque;
• Treminhão-caminhão-trator+ 2 reboques;
• Timber hauler-caminhão articulado+ reboque (com ou sem grua).
Um fator limitante para o tráfego dessas composições são as condições das estradas, quanto à inclinação vertical e horizontal, largura e condições da superfície da pista de rolamento.
Terceirização
A terceirização na colheita e transporte florestal é uma realidade, tendendo a crescer cada vez mais. Acredita-se que no Brasil, mais de 70% dos serviços de plantios, reformas, manutenção, colheita, transporte e trabalhos técnicos especializados sejam executados por meio de terceiros. Esses dados evidenciam a expansão e a aceitação da terceirização dentro do setor. Essa nova opção que vem sendo adotada por muitas empresas, tem apresentado resultados bastante satisfatórios, tornando-se procedimento quase que irreversível nas empresas em que essa opção tem sido adotada.
Há registros, no entanto, de casos em que, por várias razões, os resultados deixam a desejar, criando, então, situações de constrangimentos entre as empresas envolvidas. Pode-se considerar que o sucesso da terceirização depende de cuidados especiais que devem ser adotados pelas empresas. Cita-se, dentre eles: o critério para seleção das empresas; a manutenção de relacionamento profissional entre as partes; a qualificação da estrutura técnica e administrativa da contratada; o monitoramento da qualidade operacional e do cumprimento das exigências sociais; e, acima de tudo, a capacidade financeira do terceiro para manter a regularidade e a sustentação dos serviços contratados.
É muito comum o surgimento de dificuldades financeiras no início dos trabalhos por conta dos investimentos iniciais de instalação, e por ocasião da conclusão dos serviços por conta do passivo trabalhista gerado durante a vigência do contrato. Essa atenção especial poderá determinar o sucesso ou insucesso de um processo de terceirização. Poderá, também, gerar problemas sociais e econômicos que se refletirão negativamente na imagem institucional do setor florestal brasileiro. A médio e longo prazo devem permanecer neste segmento, somente empresa profissionalizada e com alto nível.
Política governamental
A maioria das máquinas e equipamentos utilizados na colheita, bem como peças de reposição, são importados ficando sujeitos à política econômica adotada pelo governo. A desvalorização do real, por exemplo, aumentou em muito o valor de aquisição das peças, máquinas e equipamentos, tendo como conseqüência, o aumento do custo operacional. Outros fatores, com juros altos e taxação na importação afetam em muito a aquisição dessas máquinas e implementos. Além desses aspectos, há que se considerar ainda, que as máquinas e equipamentos ao serem importados sofrem pouca adequabilidade ás nossas condições.
Certificação
As empresas do setor florestal sentiram necessidade de obterem certificação à normas ISO ou certificação florestal e estão se adequando rapidamente para obterem estes certificados. Nesta adequação, os fatores ligados, querem sejam à qualidade como ao meio ambiente, afetam diretamente as atividades de colheita e transporte florestal.
As atividades de colheita e transporte florestal, talvez sejam, entre as atividades florestais, aquelas que merecem mais dedicação e cuidado, quando se pensa em certificação, dada as suas particularidades e o potencial impactante da atividade, entre elas, o impacto visual, trabalho pesado, periculosidade e compactação do solo.
Sustentabilidade
Atualmente, no mundo todos estão ocorrendo mudanças no comportamento dos negócios em relação ao manejo florestal sustentado, pois a preferência dos consumidores por produtos de madeira obtidos de forma ambientalmente responsável é cada vez maior. Nos Estados Unidos, desde 1994, a maioria das grandes empresas de papel e celulose que são membros da American Forest and Paper Association (AF&PA), voluntariamente adotaram diretrizes para garantir a sustentabilidade florestal e estão implantando práticas florestais ambientalmente adequadas em todas as suas operações florestais. No Brasil, a colheita de madeira está tomando um rumo mais profissional e científico, voltado ao conceito de sustentabilidade florestal.
Para que esses impactos possam ser minimizados é necessário treinar os trabalhadores envolvidos nessas operações para adoção de práticas adequadas de colheita de madeira. Os conceitos relacionados com as condições topográficas, tipos de solos, condições climáticas, cuidadas com as matas ciliares, com a vida selvagem, qualidade de água e manejo de paisagem, devem ser cada vez mais transmitidos aos operadores como itens de preservação ambiental importante para garantir o manejo sustentável.
Qualidade
Em função das grandes transformações que estão ocorrendo nas economias de todo o mundo, principalmente com o movimento da globalização, é necessário que as empresas tornem-se competitivas e atendam a certas exigências de mercado, tanto nacional quanto internacional. Uma dessas exigências é a obtenção da qualidade dos produtos e serviços a serem oferecidos ao mercado.
A atividade de colheita e transporte por ser considerada a última etapa do processo de produção de madeira, deve ser realizado dentro dos princípios da Qualidade Total, de forma a atender ao mercado cada vez mais exigentes em todos os aspectos. A idéia da Qualidade Total é obter um produto/serviço com a máxima qualidade; no menor custo possível; oferecendo ao cliente o que ele quer, na hora certa e na quantidade certa; sejam dadas boas condições de trabalho aos funcionários de forma a tê-los satisfeitos e motivados; se tenha boas condições de segurança, tanto para o funcionário, quanto para o consumidor, e haja um respeito ao meio ambiente e uma busca constante ao desenvolvimento sustentável.
Perspectivas
Tendo em vista as tendências desta área, para os próximos anos estão previstas várias mudanças que irãos se refletir diretamente nas empresas e no setor. Entre as principais destacam-se:
- Aumento do nível de mecanização
- Aumento de nível de terceirização
- Obtenção de multiprodutos ( agregar maior valor a sua madeira)
- Alto nível tecnológico (exigem maior preparo de mecânicos e operadores)
- Menor agressão ao meio ambiente
- Maior atenção à segurança e saúde ocupacional
- Adoção da integração agrossivicultura
- Maior treinamento de profissionais do setor
- Adequação ao nível de emprego
- Aumento do comércio de madeira
Há uma tendência mundial no aumento do consumo de madeira. No Brasil, haverá um crescimento médio em torno de 3% ao ano. Permanecendo esta tendência, aumenta a responsabilidade da colheita e transporte florestal, para que se atenda este incremento na demanda. Além do aspecto quantitativo, os responsáveis pela atividade, deverão buscar alternativas de adoção de sistemas mais adequados, de forma a alcançar a sustentabilidade econômica ambiental e social.
Com relação aos modelos atuais, existe uma perspectiva de evolução em muitos equipamentos. As harvesters, por exemplo, possuem limitações no descascamento (para descascar a madeira no ato do seccionamento da tora é preciso que a tora sofra um retorno e uma nova passagem no cabeçote, o que diminui a produtividade); na segunda rotação (não estão adaptados ao segundo e terceiro corte de florestas); e desgalhamento (somente uma passagem na tora não fica de boa qualidade). Há que se considerar ainda, que este equipamento é apropriado para o desbaste de florestas, com o objetivo de obter madeira para serraria, o que deverá aumentar o seu emprego na atividade de colheita.
No caso do feller – buncher, que prepara a madeira para o arraste da madeira pelo skidder até a beirada do talhão, a limitação existente nesta forma de colheita é a operação de desgalhamento.
Já o slingshot permite realizar várias operações de uma vez, sejam elas, derrubadas, acumulação, desgalhamento e seccionamento das árvores, deixando as toras prontas para a extração. A tendência é que sejam adotados equipamentos que tenham essa performance, permitindo diminuir o tipo de máquinas para o preparo da madeira para o transporte. Algumas adequações devem ser feitas visando melhorar alguns aspectos, como, por exemplo, o desgalhamento, seccionamento das toras sem grande variação no comprimento, arranjamento dos feixes, aproveitamento de pontas e distribuição dos resíduos.
Equipamentos como este, que permitam realizar colheita em diversas situações deverão ter seu uso aumentado.
A motosserra continuará sendo largamente utilizada por várias empresas, principalmente, dado o seu baixo custo de aquisição e disponibilidade de mão-de-obra. Porém, o sistema semimecanizado, após longos anos em uso, pode ter chegado a um ponto em seu desenvolvimento, que não se pode prever grandes avanços no futuro, quanto à máquina em si, à produtividade do sistema.
Motosserra mais leves, de maior rotação, com menor ruído e com menor vibração são as características que sempre serão objetos de melhoria contínua.
O skidder faz o arraste das árvores da área de corte até a beirada do talhão. Alguns problemas estão relacionados a este tipo de operação e deverão ser buscadas alternativas de como resolvê-los. Alguns destes problemas são: a compactação do solo; passagem por cima da pilha de árvores ou fustes; e o arraste de materiais (provocam uma uma verdadeira varreção da área, acumulando material na beirada do talhão.
Acredita-se que o sistema feller-buncher mais skidder sofria restrições de uso em empresas que tem como premissa adotar sistemas menos impactantes, apesar de ainda haver controvérsias sobre qual o sistema agride mais ou meio ambiente Mesmo assim, dada as pressões ambientais existentes não se pode deixar de considerar este aspecto.
O forwarder pode ter o seu uso aumentado na operação de extração caso o sistema feller mais skidder, seja diminuído. Madeira preparada tanto pelo harvester como pelo slingshot, geralmente, são retiradas pelo forwarder, permitindo a formação do conjunto harvester mais forwarder, slingshot mais forwarder, ou até mesmo motosserra mais forwarder.
Alguns aspectos em relação, por exemplo, à compactação do solo deverão ser melhor definidos, procurando sempre reduzir o impacto ambiental. O acúmulo de galhada na linha de passagem, aumento da largura dos pneus, pneus de menor pressão e uso de esteira nos pneus, são algumas implementações que poderão ser feitas na máquina para diminuir a compactação do solo.
Carregamento
Há uma tendência de uso de gruas cada vez maiores e com maior capacidade de carga e descarga, visando aumentar a produtividade da mesma e diminuir o tempo de espera dos caminhões. Alguns fabricantes já estão oferecendo garras que têm a capacidade de agarrar toda a madeira de um vão do caminhão e fazer o descarregamento de uma só vez.
Há uma tendência também de uso de composições cada vez maiores para o transporte de madeira. Pra que essa tendência realmente seja concretizada é preciso que se tenham estradas que permitam o deslocamento dessas composições.
O sistema de toras longas deve ter seu uso aumentado nos próximos anos, dada a maior produtividade do sistema. Assim, as carrocerias dos caminhões devem ser adequadas para transportar madeira com dimensões maiores.
O corte raso de grandes áreas traz vários impactos visuais, entre eles, o impacto visual. Por isso, esta forma de corte, deverá sofrer restrições no futuro, dadas uma maior pressão ambiental que deverá ocorrer nos próximos anos. Esta pressão será exercida, principalmente, pelas ONG’s pelos compradores internacionais.
Acredita-se que no futuro existirão máquinas capazes de realizarem várias operações de colheita e transporte florestal, permitindo uma maior flexibilidade do sistema.
Algumas empresas produtoras de celulose já estão adotando o sistema que faz o descascamento e cavaqueamento, por meio de uma única máquina, da madeira na floresta, ao invés de realizar as operações na fábrica.
Este sistema adotado utiliza apenas uma máquina para realizar o descascamento, o cavaqueamento e o carregamento dos caminhões, alterando, completamente, os sistemas atualmente utilizados a permitirá uma diminuição no número de operações da colheita.
A ergonomia sempre será uma preocupação constante, visto que é impossível ter uma boa produtividade, mesmo dispondo de ótimas máquinas e equipamentos, se a operação não atender a certos requisitos básicos para o operador.
Vários estudos têm sido conduzidos sobre o assunto, visando a melhoria das condições ergonômicas do trabalho dos operadores de máquinas e equipamentos florestais,. Porém alguns aspectos ainda precisam ser melhor definidos, por exemplo a jornada de trabalho, .as pausas e a iluminação.
Outros fatores como, alimentação, consumo energético, posturas, ambiente físico de trabalho também deverão ser consideradas para que se tenham condições mais seguras e saudáveis no ambiente de trabalho, proporcionado à pessoa um maior conforto, produtividade e satisfação no trabalho.
As operações de colheita e transporte florestal devem ser integradas ao sistema de manejo, que garanta a sustentabilidade ambiental. Pra tanto, a análise dos sistemas e equipamentos adequados deve levar em consideração a formação de recursos humanos capazes de entender o significado dessa sustentabilidade, para que todas as fases operacionais do processo de produção possuam ser executadas com extrema habilidade sem causar impactantes ambientais irreversíveis.
Apropriar equipamentos, planejar melhor a colheita de madeira, definir as melhores práticas operacionais para a colheita, treinar e educar os operadores, preparar melhor os administradores de campo para se comprometerem com a eficiência na colheita de madeira, são fundamentos básicos nessa atividade que é, e, será cada vez mais, importante para o manejo florestal sustentável.
Amaury Paulo de Souza, professor titular do Depto. de Engenharia Florestal da UFV; Carlos Cardoso Machado e Luciano José Minetti, pesquisadores do Depto. de Engenharia Florestal da UFV, e Laércio A.G. Jacovine, estudante de doutorado em Ciência Florestal da UFV.