Madeiras brasileiras e exóticas
Sangra-d’Água
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Malpighiales – Em Cronquist (1981), é classificada em Euphorbiales
Família: EuphorbiaceaeSubfamília: Crotonoideae
Gênero: Croton
Binômio específico: Croton urucuranaBaillon – (Baill.)
Primeira publicação: Adansonia 4: 335. 1864.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: em Goiás e em Mato Grosso do Sul, sangra-d’água; em Minas Gerais, Aldrago, sangra-d’água,sangria-d’água, sangue-d’água, sangue-de-drago,sangue-do-diabo e velame; no Paraná, capixingui;em Santa Catarina, sangue-da-água, sangue-de-dragão, sangue-de-drago e urucurana; no Estado do Rio de Janeiro, sangue-de-drago; no RioGrande do Sul, sangue-de-drago; e no Estado de São Paulo, capixingui, sangra-d’água, sangue-de-andrade, sangue-de-drago e sanguinho.
Nomes vulgares no exterior: na Argentina, sangre de drago, e no Paraguai, sangre de dragoe uruku’ra.
Etimologia: o nome genérico Croton provém do nome grego Croton (carrapato); é que a semente dessa espécie tem semelhança com esse inseto. Os antigos gregos chamavam de crotono Ricinus comunis (mamoneira), também da família das euforbiáceas, por sua semente se assemelhar a um carrapato o epíteto específico urucurana vem do nome indígena dessa espécie.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de800 mm, no Piauí, a 1.900 mm, no Paraná.
Regime de precipitações: as chuvas são periódicas.
Solos
Croton urucurana ocorre em solos permanentemente úmidos, encharcados ou brejosos, sujeitos a inundação periódica, mas pouco frequente em matas de terra firme. O pH dos solos varia de 4,3 a 6,
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos dessa espécie são colhidos, diretamente, da árvore, quando a maior parte deles iniciar a abertura natural (cor marrom-escura) .Após a colheita, os frutos devem ser secos ao sol, sob uma tela fina, para completar a abertura e soltar as sementes. Pelo fato de a deiscência ser explosiva, deve-se cobrir os frutos com telado ou peneira, para evitar a perda das sementes.
Produção de Mudas
Semeadura: a semeadura deve ser feita rapidamente, para evitar perda da viabilidade. Para isso, as sementes são colocadas em canteiros semissombreados, contendo substrato organo-argiloso. Em seguida, as sementes devem ser levemente cobertas com uma fina camada do substrato peneirado, devendo também ser irrigadas duas vezes ao dia. O desenvolvimento das plantas no viveiro érápido. Assim, em aproximadamente 4 meses, as mudas atingem porte adequado para plantio, no campo.
Germinação: é do tipo epigeal e as plântulas são fanerocotiledonares. A emergência ocorre de 10 a 30 dias após a semeadura, sendo que a taxa de germinação é irregular, de baixa a alta ,podendo ser superior a 80%. Já foi comprovada a existência de alto índice de sementes chochas
Características Silviculturais
Croton urucurana é uma espécie heliófila, resistente a geadas fracas
Hábito: apresenta crescimento variável e derrama natural insatisfatória.
Sistemas de plantio: o sistema de plantio adequado para essa espécie é plantio puro a pleno sol. Croton urucurana brota, com vigor, da touça ou cepa.]
Crescimento e Produção
No campo, o desenvolvimento dessa espécie é rápido, alcançando, facilmente, 5 m de altura ,aos 2 anos de idade
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade aparente): a madeira dessa espécie é moderadamente densa (0,65 g cm -3)
Cor: a madeira de C. urucurana é esbranquiçada.
Características gerais: grã direita.
Durabilidade natural: quando exposta, amadeira da sangra-d’água apresenta durabilidade média.
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira de C.urucurana tem pouco valor econômico.
Energia: às vezes, pode-se usar a madeira dessa espécie para lenha, mas geralmente a lenha de C.urucurana é de má qualidade.
Celulose e papel: a madeira dessa espécie é inadequada para esse uso.
Apícola: a sangra-d’água é uma espécie melífera. O tipo polínico dessa espécie foi encontrado em amostras de méis de Apismelfera, no Município de Picos, PI Medicinal: os primeiros escritos sobre o uso medicinal dessa espécie datam do século 17,quando um naturalista espanhol descobriu que os poderes curativos de sua resina já eram amplamente conhecidos pelas populações nativas das Américas, do México ao Peru, estendendo-se até o Equador. Há séculos, tanto a resina como a casca dessa espécie vêm sendo usadas pelos índios da Amazônia, como remédio natural. Na medicina popular, o látex (ou seiva) dissolvido em álcool é usado no tratamento de feridas e de úlceras cutâneas . No entanto, essa espécie é tóxica para animais. Estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) constatou que o látex da casca do tronco de C. urucurana tanto pode estancar o sangue de feridas como cicatrizá-las. No interior de Goiás e de Minas Gerais –principalmente na região do Vale do Jequitinhonha, vaqueiros e cuidadores de animais usam o cozimento das folhas dessa espécie ou macerado das cascas (diluído em álcool ou em cachaça), para estancar o sangue de animais mordidos por morcegos hematófago se para lavar (limpar) bicheiras e feridas nos rebanhos.
Paisagístico: por seu perfil vistoso e pelo colorido prateado de sua folhagem – que quando velha torna-se vermelho-alaranjado – a sangra-d’água pode ser empregada em arborização de cidades, parques e pátios
Plantios com finalidade ambiental: Crotonurucurana é recomendada para restauração de ambientes fluviais ou ripários (Matas Ciliares),onde tolera encharcamento e inundações, podendo ser plantada em área de depleção até 1 m de coluna d’água (m.c.a.)
Espécies Afins
Croton descrito por Linnaeus, em 1753, é o segundo maior gênero das Euphorbiaceae, com distribuição pantropical e cerca de 800 espécies, sendo a maioria americana. Contudo, mais de200 são paleotropicais .Na América do Sul, o Brasil é o país melhor representado, abrigando aproximadamente300 espécies. Croton urucurana é bastante semelhante a C.celtidifolius. Quanto ao hábito e à forma das folhas, pode ser distinguida desta, por apresentar inflorescências eretas, pedicelo das flores estaminadas maior e número de estames também maior: de 17 a 23 Além disso, C. urucurana possui cerca de 2a 6 glândulas sésseis localizadas no ápice do pecíolo, na face adaxial da folha, que são maiores e mais desenvolvidas no ápice e vão diminuindo à medida que se situam na lâmina.