Madeiras brasileiras e exóticas
Urucuba
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Magnoliídeas
Ordem: Magnoliales
Família: MyristicaceaeGênero: Virola
Binômio específico: Virola gardneri (A. DC.)Warb.
Primeira publicação: Nova Acta Acad. Leop.-Carol. 68: 192, tab. 6. 1897.
Sinonímia botânica: Myristica gardnerii A. DeCandolle (1856); Palala gardneri (DC.) O. Kuntze(1891); Myristica officinalis sensu (1853); Myristica grandis Fr. Allemão (1857);Virola schwackei Warb. (1897).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: em Alagoas, bicuíba, bicuíba-vermelha, pau-sangue e urucuba; na Bahia, bicuíba, bicuíba-branca, bicuíba-vermelha, biriba-vermelha eurucuba; no Espírito Santo, bicuíba; em Minas Gerais, árvore-do-sebo, bicuíba, bicuíba-de-folha-fina, bicuíba-vermelha; em Pernambuco, urucubae visgueiro; no Estado do Rio de Janeiro, bicuíba-vermelha e bicuibuçu; no Estado de São Paulo,bucuibuçu.
Etimologia: o nome genérico Virola, escolhido por Aublet, para denominar seu novo taxon, foi tirado do nome vulgar de Virola sebifera, usado pelos índios Sinerami, da Guiana Francesa; o epíteto específico gardneri é uma homenagem ao botânico escocês George Gardner (1812–1849), que esteve por várias vezes no Brasil, onde reuniu várias coleções botânicas
Clima
Precipitação pluvial média anual: de770 mm, no centro-norte do Estado do Rio de Janeiro a 3.000 mm, no Estado de São Paulo.
Regime de precipitações: as chuvas são periódicas.
Solos
Virola gardneri ocorre, naturalmente, em terrenos bem drenados e de fertilidade média.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: a colheita diretamente na árvore só deve ser feita quando os frutos estão se abrindo. Enquanto o fruto permanecer fechado, a semente parece imatura. As sementes da urucuba devem ficar de molho para se remover o arilo. Em seguida, devem ser postas para secar ao sol, sobre peneiras.
Produção de Mudas
Semeadura: Heringer (1947) não aconselha a repicagem das plântulas. Nesse caso, recomenda-se proceder à semeadura no lugar definitivo.
Germinação: é epígea e as plântulas são fanerocotiledonares. A emergência tem início de 28 a 105 dias após a semeadura, com germinação irregular, variando de 1,7% a 42. Muitas vezes, a plântula apresenta dificuldade para levantar os cotilédones. Quando isso ocorre, o epicótilo fica torto ou até enrolado. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de6 meses após a semeadura.
Características Silviculturais
Virola gardneri é uma espécie heliófila, que não tolera baixas temperaturas.
Hábito: essa espécie apresenta crescimento monopodial, emitindo galhos em ângulo de 90° e derrama natural satisfatória.
Sistemas de plantio: a urucuba deve ser plantada em plantios puros, a pleno sol, ou em plantio misto, associado com espécies pioneira sou secundárias.
Crescimento e Produção
Há poucas informações sobre o crescimento da urucuba em plantios. Contudo, seu crescimento é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade aparente): a madeira da urucuba é leve a moderadamente densa (0,56 g cm-3 a 0,87 g cm-3),a 15% de umidade.
Cor: quando cortada, é quase branca, oxidável com a luz, tornando-se vermelha e finalmente amarelo-escura, com fibras lineares.
Características gerais: a madeira dessa espécie apresenta textura média e grã direita.
Durabilidade: o alburno é intensamente atacado por insetos
Secagem: a madeira da urucuba é difícil de empenar.
Trabalhabilidade: essa madeira é dócil ao cepilho.
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira de V.gardneri é própria para carpintaria em geral, construção civil, tabuados, canoas, mourões, réguas, persianas, caixotaria, vigas, ripas, achas, etc. Por rachar sem dificuldade, é usada em coberturas de casas, no formato de tabuinhas.
Energia: a madeira dessa espécie produz lenha e carvão de boa qualidade.
Celulose e papel: a madeira da urucuba é inadequada para esse aproveitamento.
Apícola: essa espécie tem potencial melífero, produzindo néctar e pólen.
Constituintes químicos: a seiva dessa espécie contém bicuibina a 10% de ácido bicuibo-tânico,a qual é rica em substância gomo-resinosa
Medicinal: na medicina popular, as sementes dessa espécie são reconhecidas por seu efeito analgésico, no combate a qualquer tipo de dor. A seiva da urucuba é vermelha-cor-de-sangue e contém propriedades hemostáticas (estanca hemorragia). Por isso, é usada no controle de hemoptises (sangramento nasal). Por conter tanino, é usada, também, no controle de diarreias, de disenterias, de leucorreias(corrimento vaginal) e de blenorragias (gonorreia ou esquentamento).O óleo extraído das sementes é indicado no combate a moléstias da pele, erisipela, bouba(leishmaniose), reumatismo, tumores artríticos, feridas em geral, nevralgias e hemorroidas. Esse óleo saponifica-se facilmente. Essa espécie também apresenta propriedades estomáquicas, antidispépticas, estimulantes e antiasmáticas. Por tudo isso, cascas e folhas – em forma de infusão ou de decocto – são usadas para aliviar cólicas intestinais e no tratamento de“recaídas” de parto.
Óleo: as sementes de V. gardneri encerram 66%de óleo combustível.
Paisagístico: Virola gardneri é recomendada para arborização e usada em praças e em parques.Platios com finalidade ambiental: como as sementes e as folhas da urucuba são usadas na dieta alimentar de animais silvestres, essa espécie é recomendada para plantios ambientais.
Espécies Afins
O gênero Virola foi descrito por Aublet, em 1775.É representado por 38 espécies, com ocorrência desde a Guatemala até o Sul do Brasil, a maioria na Amazônia Dessas 38 espécies, 35 ocorrem aqui.Virola gardneri distingue-se da espécie mais próxima, V. oleifera A. C. Smith (ver EAB-v. 1)pela folha oblonga, bruscamente atenuada na base e longamente decorrente no pecíolo e pelo fruto subgloboso ou elipsoide, arredondado ou obtusamente apiculado no ápice, liso ou indistintamente carinado