Madeiras brasileiras e exóticas
Mulungu-Coral
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Fabales – Em Cronquist (1981), é classificada em Rosales
Família: Fabaceae – Em Cronquist (1981), é classificada em LeguminosaeSubfamília: Faboideae (Papilionoideae)
Gênero: ErythrinaTribo: Phaseoleae
Binômio específico: Erythrina verna Vell.
Primeira publicação: Fl. Flum. 304 (1825).
Sinonímia botânica: Erythrina mulungu Mart.(1859); Erythrina flammea Herzog. (1909).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: na Bahia, corticeira e mulungu; e no Estado do Rio de Janeiro, mulungu.
.Etimologia: o nome genérico Erythrina vem do grego erythros, que significa “vermelho”, em alusão à cor das flores; o epíteto específico verna é de origem desconhecida.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.000 mm, em Minas Gerais, a 1.600 mm, no Distrito Federal.
Regime de precipitações: as chuvas são periódicas.
Solos
Erythrina verna é uma espécie peculiar ao calcário e áreas adjacentes.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos dessa espécie devem ser colhidos quando passam da coloração verde para marrom-escura. A extração das sementes é feita manualmente, após a deiscência das vagens.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear duas sementes em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno (tamanho médio). Se necessária, a repicagem pode ser feita1 a 2 semanas após a germinação.
Germinação: é epígea e as plântulas são fanerocotiledonares. A emergência tem início entre 9 e 130 dias após a semeadura. O poder germinativo é alto, até 90%; em média, 70%.As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de 6 meses após a semeadura.
Características Silviculturais
Erythrina verna é uma espécie esciófila, que tolera sombreamento de intensidade baixa a moderada. Não tolera baixas temperaturas.
Hábito: é irregular, sem dominância apical; o tronco é curto e bastante ramificado, com bifurcações e brotações basais. Necessita de desrama artificial (poda de condução e dos galhos).Sistema de plantios: o mulungu-coral pode ser plantado em plantio misto, associado com espécies pioneiras e secundárias iniciais, principalmente para corrigir sua forma. Também pode ser plantado em vegetação matricial arbórea, em faixas abertas na vegetação secundária (capoeirão e floresta secundária).
Crescimento e Produção
Existem poucos dados sobre E. verna em plantio. Contudo, seu crescimento é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade aparente): a madeira do mulungu-coral é leve(0,39 g cm-3), a 15% de umidade.
Cor: o alburno não se diferencia do cerne, o qual é de coloração branco-amarelada, variando até amarelo-pardacento.
Características gerais: a textura é grossa; e a grã é direita.
Outras características: madeira não durável.
Produtos e Utilizações
Apícola: Erythrina verna é uma espécie com potencial melífero, produzindo néctar e pólen.
Aproveitamento alimentar: é dito que as flores dessa espécie são comestíveis.
Celulose e papel: a madeira dessa espécie é adequada para esse uso.
Constituintes químicos: entre os alcaloides, destacam-se: a eretrina, a erisopina, a erisodina,a eritramina e a eritratina, além dos esteroides.
Cortiça: a cortiça do mulungu-coral é friável; sendo mais copiosa nas árvores mais jovens. Experiências mostraram que o mulungu-coral é fácil de se cultivar no Rio de Janeiro, formando cortiça desde os primeiros anos. Certamente, estamos face a face com a corticeira nacional, que detém hegemonia por todos os títulos A espessa casca(5 cm a 6 cm) é formada por cortiça macia, flexível e amarela.
Energia: a madeira de E. verna produz lenha de péssima qualidade.
Madeira serrada e roliça: por apresentar baixa resistência mecânica, a madeira do mulungu-coral é pouco usada no Brasil. Geralmente, sua madeira é usada para móveis rústicos, obras internas, pranchões, tacos e cepas para calçados, caixas, janelas, gavetas, estojos para instrumentos de precisão, armações de montaria, objetos ortopédicos, e como mourões de cerca nos brejos. É usada também em esculturas.
Medicinal: na medicina tradicional brasileira, há muito tempo, a casca dessa espécie vem sendo usada pelas populações indígenas, como sedativo. A casca do caule possui propriedades medicinais contra tosse e insônia. Apresenta-se como um hipnótico e sedativo de ação suave, acalma o sistema nervoso, incluindo estresse, ansiedade e depressão, além de combater crises de histeria, ataques de pânico e transtornos compulsivos. É usada, também, para aliviar dores reumáticas e artroses, controlar as afecções hepáticas, nevralgias crônicas, asma e coqueluche. Nos Estados Unidos, a entrecasca da E. verna, na forma de cápsulas, é administrada por práticos e fitoterapeutas, para acalmar crises de histeria proveniente de trauma ou de choque. Na medicina popular brasileira, a infusão (flores e folhas)e o decocto (raízes, cascas e sementes) dessa espécie também são indicadas como sedativo hipnótico brando, calmante do sistema nervoso, inclusive para controlar palpitações do coração(extrassístole), insônia e contra problemas hepáticos, como hepatite. A Companhia da Mata, pioneira na produção, colheita, esterilização e comercialização de plantas medicinais em todo o País, oferece as seguintes dicas sobre medidas de equivalência, para facilitar o preparo da infusão ou do decoctodas cascas dessa espécie:• 1 colher (das de chá) dessa planta equivale a 3 g.• 1 xícara (das de chá) de água equivale a200 mL 3.
Plantios com finalidade ambiental: omulungu-coral é recomendado na recuperação de ecossistemas degradados e na manutenção da fauna silvestre, pois suas flores atraem aves, principalmente periquitos ou tirivas (Pyrrhuraspp.). Os macacos-pregos (Cebus apella nigritus) também comem as flores dessa espécie, ricas em néctar .Erythrina verna é uma espécie recomendada para restauração de ambientes fluviais ouripários (Mata Ciliar) em locais com inundações periódicas de rápida duração
Espécies Afins
Erythrina L., é um gênero pantropical, com cerca de 120 espécies, das quais 70 ocorrem no Neotrópico, sendo 20 na América do Sul No Brasil, são relacionadas cerca de12 espécies