Madeiras brasileiras e exóticas
Castanha-da-Amazônia
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Asterídeas
Ordem: Ericales
Família: Lecythidaceae
Gênero: Bertholletia
Binômio específico: Bertholletia excelsaHumboldt & Bonpland
Primeira publicação: Pl. Aequin. 1: 122-127,t.36. 1807.
Sinonímia botânica: Barthollesia excelsa SilvaManso (1836); Bertholletia nobilis Miers (1874).
Nomes Vulgares por Unidades da Federação: no Acre, castanha-do-brasil e castanheira; no Amapá, castanha-do-pará; no Amazonas, castanha-do-brasil e castanha-do-pará; na Bahia, castanha-do-brasil, castanha-do-pará e castanha-mansa; em Mato Grosso, castanheira; no Pará, castanha, castanha-do-brasil, castanha-do-pará e castanheira; e em Roraima, castanheira-do-brasil.
Nomes vulgares no exterior: na Bolívia, almendra del beni e tapa; na Colômbia, nuecesde marañón; no Peru, castaño de madre dedios; no Suriname, kokeleko, e na Venezuela, matamatá de altura e turury.
Nome comercial: brazil nut (em inglês); e noix-du-brésil (em francês).
Etimologia: o nome genérico Bertholletia foi dado em homenagem a L. C. Berthollet (1748–1822), um famoso químico contemporâneo de Humboldt & Bonpland ;o epíteto específico excelsa é por causa do porte impressionante da árvore.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.400 mm, no Pará, a 3.250 mm, no Amapá.
Regime de precipitações: as chuvas são periódicas.
Solos
Na sua grande maioria, as populações de castanheira-da-amazônia estão situadas em solos argilosos ou argilo-arenosos de textura média a pesada .No sudeste do Pará, os solos estão situados sobre Terra Roxa Estruturada. No leste da Amazônia, ocorre em Oxissolos e Ultissolos, pobres em nutrientes, mas bem estruturados e drenados, não sendo encontrada em solos excessivamente compactados .
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: como o fruto cai no solo ainda intacto, é preciso que alguém o abra para extrair as sementes, que em seguida são separadas manualmente.
Produção de Mudas
Semeadura: a semeadura é feita diretamente em recipientes individuais de polietileno ou em tubetes, tamanho grande.
Germinação: é do tipo hipogeal e as plântulas são criptocotiledonares. A emergência teminício de 30 a 285 dias. Contudo, há relatos de sementes germinando entre 6 e 29 meses, após o plantio. A faculdade de germinação varia de 2,9% a 80%.
Características Silviculturais
Bertholletia excelsa é uma espécie heliófila, que necessita de muita luz nos primeiros anos para assegurar sua regeneração. Essa espécie não tolera baixas temperaturas.
Hábito: variável, com ou sem dominância apical, com ramificação irregular e galhos grosso sou com boa forma, com ramificação lateral leve. Às vezes, apresenta derrama natural, com boa cicatrização. Geralmente necessita de poda verde dos galhos, com boa cicatrização.
Crescimento e Produção
A castanha-da-amazônia apresenta crescimento variável, de moderado a rápido (Tabela 9). A maior produtividade volumétrica é 20 m³ ha-1 ano-1, aos20 anos, no norte de Mato Grosso. No Pará, de 1976 a 1996, em projetos de reposição florestal, registrados no Ibama, essa espécie foi plantada por 14% das empresas(
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade aparente): a madeira da castanha-da-amazônia é moderadamente densa (0,70 g cm -3 a0,75 g cm-3 .
Massa específica básica (densidade básica): 0,63 g cm-3 .
Cor: o alburno é bege-amarelado e o cerne é castanho-claro, levemente rosado.
Características gerais: superfície sem brilho e lisa ao tato; grã direita; textura média; cheiro e gosto indistintos.
Trabalhabilidade: a madeira de B. excelsa é moderadamente macia ao corte.
Produtos e Utilizações
Artesanato: o fruto da castanheira é usado ema artesanato, na confecção de brinquedos (“pés-de-ouriço”) e de tigelas .
Celulose e papel: a madeira de B. excelsa é inadequada para esse uso.
Composição química: foram encontrados vários tipos de óleo, entre eles, ácido palmítico, ácido oleico e ácido linoleico, e pequenas quantidades de ácido mirístico, ácido esteárico e de fitosterol, além das vitaminas A, B, C e E.
Madeira serrada e roliça: sendo suas características mecânicas de valores médios e boa aparência, a madeira dessa espécie é indicada para construção civil interna leve (forros, vigas e tábuas para assoalho); em painéis decorativos e em carpintaria. É também usada em juntas coladas e encaixadas; e ainda na fabricação de compensado e de embalagens, etc. Contudo, diante da importância econômica das amêndoas, inclusive como produto de exportação, essa madeira é pouco explorada.
Energia: a madeira de B. excelsa produz lenha de boa qualidade, sendo usada na fabricação de carvão.
Óleo: é obtido da semente ou castanha e contém cerca de 70% de óleo e 17% de proteína. Esse óleo é muito usado na alimentação e sua composição é semelhante à do óleo de oliva. Atualmente, esse óleo é usado, também, na indústria de cosméticos, na composição de sabonetes, de xampus e condicionadores, além de outros produtos de beleza. O condicionador de óleo de castanha-da-amazônia é considerado um dos melhores, porque devolve o brilho, a maciez e a sedocidade aos cabelos .
Alimentação animal: o bagaço das amêndoas serve como ração para animais.
Aproveitamento alimentar: desde o século 20, as sementes de B. excelsa estão entre os principais produtos de extrativismo da Amazônia, sendo considerada uma das principais fontes de recursos alimentícios dessa região, onde é endêmica. A semente dessa espécie é a famosa “castanha-do-pará”, ultimamente chamada de castanha-da-amazônia. Essa amêndoa tem alto valor nutritivo. Por isso, é amplamente exportada e consumida em todo o mundo. Por sua qualidade e riqueza em proteínas e em minerais, foi apelidada de “carne vegetal” .“Por sua suficiência alimentar, muitos nutricionistas recomendam o consumo diário de apenas duas amêndoas, como ceia. Atualmente, em qualquer mercadinho brasileiro, é comum encontrar produtos (doces, granola, barra de cereais e bombons) contendo essa castanha. Em toda a Amazônia, é comum preparar, também, o “leite” das amêndoas dessa espécie, para uso culinário. Para isso, basta ralar ou triturar as amêndoas em liquidificador, ou pilão acrescentar um pouco de água fervente e depois coar em peneira ou espremer em pano limpo, da mesma forma como se coa café, na roça. No interior dos seringais, esse leite é servido com café às crianças. É também usado no preparo de mingaus e na elaboração de pratos da culinária regional, como arroz-doce, caldeirada de pacu, moquecas ou peixadas, além da deliciosa galinha-caipira ao molho de castanha-da-amazônia”. As castanhas ou sementes apresentam um tegumento córneo e encerram uma amêndoa apreciadíssima, altamente nutritiva, que se come crua e são de grande valor econômico. A exploração comercial dessa espécie teve início no século 17. Apesar de ainda estar alicerçada no extrativismo, atualmente constitui numa das principais atividades da economia regional.
Apícola: Bertholletia excelsa é uma espécie de grande potencial melífero, com produção de néctar e pólen.
Medicinal: a castanha-da-amazônia tem ação lubrificante, nutritiva galactogoga e emoliente. O óleo de castanha-da-amazônia age sobre o tegumento cutâneo, formando uma película ou filme que impede a evaporação da água através da pele. Os ácidos graxos insaturados são nutrientes essenciais que têm grande participação em vários processos fisiológicos e bioquímicos deformação do tecido epitelial. Apresenta amplo êxito na conservação da textura da pele e estimula a síntese de proteínas no organismo. As proteínas excelsina, lactoalbumina e caseína – que também fazem parte de sua composição – são consideradas proteínas completas. Esse óleo estimula a secreção do leite materno. Os frutos podem ser usados no tratamento contra a hepatite. A castanha-da-amazônia é também uma rica fonte de selênio, um antioxidante importante nas reações metabólicas do organismo .Paisagístico: Bertholletia excelsa é uma espécie recomendada para arborização de praças públicas.
Plantios com finalidade ambiental: essa espécie é recomendada para restauração de ambientes fluviais ou ripários (Mata Ciliar) em solos bem drenados.
Espécies Afins
O gênero Bertholletia Humboldt & Bonpland abrange apenas uma espécie, a qual é comum nas florestas da Bacia Amazônica e nas Guianas. A Bertholletia excelsa foi originalmente descrita em 1807, por Humboldt e Bonpland. No entanto, em 1825, Poiteau foi o primeiro a dar a Lecythidaceae o status de família, removendo os gêneros Bertholletia, Couratari,Couroupita e Gustavia da família Myrtaceae, na qual eram tradicionalmente classificadas