Madeiras brasileiras e exóticas
Uvaieira
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Rosídeas
Ordem: MyrtalesFamília: Myrtaceae
Gênero: Eugenia
Espécie: Eugenia pyriformis Cambessedes
Primeira publicação: in St. Hil. Fl. Bras. 2:241.1829.
Sinonímia botânica: Eugenia turbinataBerg (1857); Stenocalyx lanceolatus Berg(1857); Eugenia phlebotomoides (1893); Lumaturbinata (1943); Pseudomyrciantes (Cambess.) Kausel (1956); Eugenia pyriformisvar. riograndensis Mattos (1965).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: em Mato Grosso do Sul, eucaliptinho; no Paraná, orvalha, pitanga, ubaia, uvaia, uvaieira e uvalha; no Rio Grande do Sul, azedinha, jaboticaba-do-campo, ovaia, uvaia, uvaia-do-mato, uvaieira,uvalha, uvalha-do-campo e uvalheira; em Santa Catarina, cerejeira, uvaia e uvaieira; e no Estado de São Paulo, uvaia e uvalha.
Nomes vulgares no exterior: na Argentina, ubajay-mi.Etimologia: o nome genérico Eugenia é dedicado a Francisco Eugenio de Saboya– Carignan, chamado Príncipe de Saboya, generalíssimo imperial de notável talento militar e protetor das artes;o epíteto específico pyriformis, significa “fruto emforma de pêra” (Pyrus communis L.).O nome indígena tupi iwa ‘ya ou ybá-aí, significa“fruto-ácido.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.100 mm, no Estado de São Paulo, a 2.300 mm, no Paraná.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na região Sul (exceto no norte do Paraná) e chuvas periódicas, no restante da área.
Solos
A uvaieira ocorre, naturalmente, em solos de fertilidade regular a boa, úmidos, bem drenado se de textura areno-argilosa. Essa espécie desenvolve-se bem em solos graníticos até nos eruptivos, sedimentares e aluvionais .
Tecnologia das Sementes
Colheita e beneficiamento: o fruto dessa espécie é colhido quando muda da coloração verde para a amarela. Após a colheita, os frutos devem ser beneficiados por lavagem manual com auxílio de peneira, em água corrente, para separação das sementes(
Produção de Mudas
Semeadura: as sementeiras devem ser sombreadas e conservadas úmidas. Contudo, quando semeadas diretamente em recipientes, devem ser repicadas logo após a germinação.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar. A emergência inicia de 20 a 45 dias após a semeadura. Geralmente, essa espécie tem alto desempenho germinativo.
Características Silviculturais
A uvaieira é uma espécie esciófila, que tolera baixas temperaturas.
Hábito: Eugenia pyriformis é uma espécie com ramificação simpodial, irregular e variável, com tronco curto, sem definição de dominância apicale bastante ramificada. Essa espécie apresenta derrama natural deficiente. Por isso, periodicamente, necessita de podas de condução e dos galhos (regularese anuais), de junho a julho; nesse caso, a árvore adquire porte menor.
Sistemas de plantio: a uvaieira deve ser plantada a pleno sol, em plantio puro ou em plantio misto.
Crescimento e Produção
Há poucas informações sobre o crescimento da uvaieira em plantios. Contudo, seu crescimento é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da uvaieira é densa (0,90 g.cm -3 a0,98 g.cm-3) .
Cor: a madeira de Eugenia pyriformis é de coloração branco-pardacenta.
Outras características: a madeira dessa espécie é compacta, elástica, muito resistente e de boa durabilidade.
Produtos e Utilizações
Alimentação animal: os frutos dessa espécie proporcionam abundante alimentação, muito usada na engorda de animais domésticos.
Apícola: as flores de Eugenia pyriformis apresentam potencial apícola, fornecendo pólen. Aproveitamento alimentar: os frutos da uvaieira são muito saborosos, ácidos e pubescentes, com abundante polpa comestível e rica em vitamina C. Podem ser consumidos in natura ou na forma de refrescos ou sucos, sorvetes, geleias, compotas, doces, pudins e musses. De seu fruto, pode-se produzir um vinagre de qualidade superior. Essa espécie era extremamente apreciada na região Sudeste, como aditivo à cachaça, dando-lhe um sabor mais suave. Se nas etapas de colheita e de transporte a casca(epicarpo) não fosse tão suscetível a injúrias(lesões), o fruto da uvaieira poderia constituir-se ótimo produto para comercialização, já que apresenta potencialidade de uso industrial. Um trabalho de melhoramento e seleção poderia solucionar essa deficiência, pois tem extraordinário sabor e abundante substância carnosa para tal.
Celulose e papel: a madeira da uvaieira é inadequada para esse uso.
Energia: produz lenha de qualidade aceitável.
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie é usada apenas nas áreas onde ocorre, como mourões ou em cercas com tábuas lascadas. Na região metropolitana de Curitiba, PR, é usada para cabos de ferramentas ou de utensílios domésticos.
Medicinal: na medicina popular, a casca é usada como adstringente, servindo para combater diarreias e disenterias. Evita, também, a retenção de líquido nos tecidos ou órgãos do corpo .Seu fruto serve também como refrigerante aos doentes de febre tifoide. As índias de várias etnias do Paraná e de Santa Catarina usam a casca do caule da uvaieira na forma de chá, três vezes ao dia, durante 3 ou 4dias, para aliviar cólica menstrual.
Paisagístico: essa espécie é recomendada como planta ornamental em parques de recreação, em praças e jardins.
Plantios para finalidade ambiental: espécie muito indicada para plantio, sobretudo ao longo de rios e das margens dos reservatórios das hidrelétricas, em área com inundação periódica ,a fim de atrair, principalmente, a avifauna e mamíferos que se alimentam dos seus frutos
Espécies Afins
O gênero Eugenia distribuí-se em regiões tropicais e subtropicais da Europa, e com maior diversidade nas Américas, onde ocorrem mais de mil espécies, das quais cem delas ocorrem no Brasil. Existem três variedades de Eugenia pyriformis:• Variedade uvalha (Camb.) Legr., de porte pequeno, com cerca de 1,5 m de altura.• Variedade riograndensis Mattos, encontrada apenas em Veranópolis, RS.• Variedade argentea Mattos et Legr., existente no Paraná e em Santa Catarina.Gama (1992) e Pereira et al., (2001) mencionama ocorrência de Eugenia uvalha Cambess. No Bioma Caatiga, respectivamente em Santana do Ipanema, AL, e nos municípios paraibanos de Araras, Areia e Remígio, com o nome vulgar deu baia. Em Mataraca, no extremo norte do litoral da Paraíba. Essas regiões apresentam tipo climático As(tropical, com verão seco) e Am (tropical, úmido ou subúmido), com 700 mm a 1.725 mm de precipitação pluvial média anual.