Madeiras brasileiras e exóticas
Ucuúba-do-Cerrado
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Magnoliídeas
Ordem: Magnoliales
Família: MyristicaceaeGênero: Virola
Espécie: Virola sebifera Aublet
Primeira publicação: Hist. Pl. Guiane Franc. 2:904, tab. 345, fig. 1-5. 1755.
Sinonímia botânica: Myristica sebifera Swartz(1788); Myristica mocoa A. De Candolle (1860);Virola boliviensis Warb. (1897); e Virola warburgiiPittier (1937
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Amazonas, ucuúba; no Distrito Federal, bicuíba, ucuúba-do-cerrado, ucuúba-vermelha e virola; em Goiás, pindaíba-roxa; no Maranhão, ucuúba; em Mato Grosso, ucuúba-do-cerrado; em Minas Gerais, árvore-de-sebo,bicuíba, café-do-mato, pau-de-sebo, pindaibão, sebosa e vermelhão; no Estado de São Paulo, bicuíba, ucuúba e virola; e em Tocantins, ucuúba-do-cerrado.
Nomes vulgares no exterior: na Bolívia, sangue de toro; na Colômbia, sota amarilla; no Equador, chalviande; no Peru, cumala e na Venezuela, virola. Nome comercial internacional: virola.
Etimologia: o nome genérico Virola, escolhido por Aublet, para denominação de seu novo taxon, foi tirado do nome vulgar de Virolasebifera, usado pelos índios Sinerami, da Guiana Francesa; o epíteto específico sebifera quer dizer que produz cera ou sebo, o óleo contido nas sementes
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 900 mm em Minas Gerais, a 2.300 mm, no Amapá e em Rondônia.
Regime de precipitações: as chuvas são periódicas.
Solos
Virola sebifera ocorre em vários tipos de solos, principalmente em argilo-silicosos
.Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: a colheita na árvore só deve ser feita quando os frutos estão se abrindo. Enquanto o fruto está fechado, a semente parece imatura. As sementes devem ficar de molho para se remover o arilo. Em seguida, elas devem ser postas para secagem.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se fazer a sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno grande. Quando necessária, a repicagem deve ser feita de 3 a 5semanas após a germinação.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência tem início de 21 a 56 dias após a semeadura. Muitas vezes, a plântula apresenta dificuldade para levantar os cotilédones; o epicótilo fica torto ou até enrolado.
Características Silviculturais
Virola sebifera é uma espécie heliófila, que não tolera baixas temperaturas.
Hábito: essa espécie apresenta crescimento monopodial, emitindo galhos em ângulos de 90º,e derrama natural satisfatória.
Sistemas de plantio: a ucuúba-do- ser plantada em plantios puros a pleno sol ou em plantio misto associado com espécies pioneiras ou secundárias.
Crescimento e Produção
Há poucas informações sobre o crescimento de Virola sebifera, em plantios.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira dessa espécie é moderadamente densa(0,50 g.cm-3 a 0,76 g.cm-3)
Cor: o alburno é levemente diferenciado do cerne, com zona de transição gradual leve. Enquanto o alburno apresenta coloração bege-pálida,o cerne é amarelo-pálido.
Características gerais: odor não distinto; abor não distinto; lustre ou brilho moderado; grã reta; textura média; aparência ou veteado definida por anéis de crescimento e fibras, satinado pelo contraste dos raios, que são finos eordenados.
Produtos e Utilizações
Alimentação animal: os frutos dessa espécie contêm uma semente similar a uma noz, amplamente consumida pela fauna silvestre.
Apícola: essa espécie apresenta potencial apícola com produção de pólen fornecido pelas flores masculinas.
Celulose e papel: a madeira de Virola sebifera pode ser usada na fabricação de papel . Tem fibras abundantes, com1,51 mm de comprimento.
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie é usada em construção civil e naval, em pontes, estruturas externas, mancais, cabos de ferramenta, carroças e tacos. É muito comercializada na Colômbia , sendo empregada na fabricação de caixas, de lâminas e de chapas para interiores.
Medicinal: dentre as propriedades medicinais conferidas a essa espécie o uso do fruto como anti-hemorroidal, e, da semente, como resolutiva de tumores.
O uso da folha e da casca como vermífugo, contra males do estômago, cólicas intestinais, erisipela, inflamações, reumatismo e ferimentos. Na medicina popular, a resina vermelha – que exsuda da casca por incisão – é empregada contra aftas, odontalgia (dor de dente cariado),reumatismo, gripes, nas anginas e nas erisipelas. Como medicamento, é também usado no enfraquecimento ou perda da memória e no tratamento de faringite. O sebo ou matéria gordurosa que se obtém da amêndoa do fruto é também usado na medicina caseira contra cólicas, dispepsia, afeções reumáticas, tumores artríticos e contusões. Soba forma de supositório, a gordura é aplicada nas hemorroidas. Como é comum a outras espécies do gênero Virola, com a casca dessa espécie, os nativos da Amazônia colombiana e brasileira preparam uma lucinógeno chamado de yakeé, na Colômbia, e paricá, no Brasil .
Óleo: a semente dessa espécie contém até 65%de azeite. Na Colômbia, esse azeite é usado para fazer velas e sabão. Os nativos de Darien, na Colômbia, usam as sementes dessa espécie como combustível para iluminação.
Paisagístico: Virola sebifera é uma para arborização e usada em praças e parques.
Plantios com finalidade ambiental: como as sementes e as folhas da ucuúba-do-cerrado são usadas na dieta alimentar de animais silvestres, essa espécie é recomendada para plantios ambientais.
Espécies Afins
O gênero Virola Aublet é representado por 38espécies, com ocorrência desde a Guatemala até o Sul do Brasil, a maioria na Amazônia. Dessas 38 espécies, 35ocorrem no Brasil .Virola sebifera é uma espécie de formas muito variáveis de região para região e de lugar para lugar. No Brasil, caracteriza-se, principalmente, por apresentar folhas grandes, muitas vezes cordadas na base, com nervuras secundárias espaçadas, página inferior densa e persistentemente tomentosa (tricomas dendríticos).Como caráter geral dessa espécie, as flores masculinas têm anteras bem mais longas que o andróforo. No Centro-Oeste e no Sudeste, V. sebifera tem tendência para apresentar folhas mais coriáceas, base acentuadamente cordada e nervuras basaisnitidamente recurvas. A espécie que mais se aproxima de Virolasebifera é Virola urbaniana Warb.