Madeiras brasileiras e exóticas
Pau-de-Balsa
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas II
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae – Em Cronquist (1981),é classificada em Bombacaceae
Gênero: Ochroma
Espécie: Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.)Urb.
Primeira publicação: in Repert. Spec. Nov.Regni. Veg. Beih. 5: 123. 1920.
Sinonímia botânica: Bombax pyramidale Cav.ex Lam.; Ochroma bicolor Rowlee; Ochromaconcolor Rowlee; Ochroma grandiflora Rawlee;Ochroma lagopus Sw. (1788); Ochroma bolivianaRowlee.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Acre, algodoeiro, algodoeiro-bravo, algodão-bravo, paco-paco e pau-de-balsa; no Amazonas, pau-de-balsa e pau-de-jangada; e no Pará, balsa, pata-de-lebre, pau-de-balsa, pau-de-jangada e topa.
Nomes vulgares no exterior: na Bolívia, no Equador e no Panamá, balsa; na Costa Rica, uru;em Cuba, lanero; em El Salvador, algodón; naGuatemala, lanilla; na Guiana Francesa, manhotà grandes feulles; no Haiti, mahodèm; emHonduras, guano; no México, jopi; na Nicarágua,gatillo; no Peru, topa; em Porto Rico, guano;na República Dominicana, palo de lana, e naVenezuela, lano.
Nome comercial internacional: balsa (emespanhol) e balsa wood (em inglês).
Etimologia: o nome genérico Ochroma vemdo grego ochróma e significa “pálido” e em referência à cor das flores; o epíteto especifico pyramidade é devido ao formato da copa.
O nome vulgar mais frequente dessa espécie é balsa e foi dado pelos espanhóis, ao observaremos indígenas fazerem balsas com sua madeira.
Solos
Ochroma pyramidale é extraordinariamente exigente em relação às condições edáficas, só atingindo crescimento ideal em solos profundos, de fertilidade alta, bastante úmidos, bem arejados, absolutamente sem águas estagnadas, com boa drenagem, de textura franco-arenosa e com pH de neutro a alcalino. Possivelmente, o material de origem compõe-se de formações aluviais ou de produtos de erosão arenosos ou levemente argilosos, derivados deformações rochosas ricas em elementos alcalinos.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos do pau-de-balsa devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura espontânea, o que pode ser facilmente notado pela presença dos bastões de pluma de coloração creme em lugar dos frutos alongados. Em seguida, devem ser mantidos no sol, para completar a abertura. As sementes devem ser separadas manualmente das plumas, o que é uma tarefa bastante trabalhosa. A pluma pode ser limpa por flutuação em bolsas ou sendo queimadas.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear as sementesde Ochroma pyramidale em sementeiras, com posterior repicagem para sacos de polietileno, outubetes de tamanho médio. O ponto de repicagem deve ser efetuado quando as plântulas atingem altura de 7 cm, 20 dias após o início da germinação. Essa espécie não tolera poda de raízes.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência tem início de 5 a 18 dias após a semeadura, sendo a germinação normalmente alta, de 62% a 89% para sementes tratadas e de até24,5% para sementes não tratadas. As mudas atingem 20 cm de altura, cerca de 70 dias após a semeadura. Cuidados especiais: quando levadas ao viveiro, as mudas devem ser colocadas em canteiros semi-sombreados, evitando-se umidade excessiva.
Características Silviculturais
Ochroma pyramidale é uma espécie heliófila; contudo, necessita de sombra lateral, para melhor desenvolvimento. Essa espécie é suscetível abaixas temperaturas. As sementes do pau-de-balsa são indiferentes à luz, o que permite inferir que germinam preferencialmente em condições de clareira, mas também podem germinar sob dossel.
Hábito: Ochroma pyramidale apresenta arquitetura segundo o modelo de Koriba, constituída por tronco modular ortotrópico. Por sua capacidade de auto poda, não se recomenda fazer desrama, porque demora para cicatrizar e facilita a proliferação de fungos e de insetos.
Sistemas de plantio: essa espécie é indicada para plantios puros ou mistos, a pleno sol, em espaçamento inicial de 5 m x 5 m. Caso as mudas apresentem raízes denificadas (machucadas ou quebradas), recomenda-se fazer plantio direto, usando-se 15 sementes por cova em solo preparado e sem a presença de ervas daninhas. Após o desenvolvimento inicial, selecionam-se as mudas, deixando-se apenas uma por cova. O pau-de-balsa também cresce sob forma de regeneração natural em povoamento homogêneo de outras espécies, mas só se estabelece quando a copa se forma acima do dossel da espécie concorrente.
Crescimento e Produção
Árvore de crescimento rápido, podendo atingir facilmente 5 m a 7 m de altura aos 2 anos deidade, ou 24 m de altura por 71 cm de DAP aos 7 anos. Segundo Webb et al. (1984), o incremento médio anual volumétrico varia de 17 m 3.ha -1.ano -1 a30 m3.ha -1.ano -1.O turno de exploração dessa espécie varia de6 a 10 anos. Contudo, sugere-se manejá-la sob espaçamentos amplos e rotações muito curtas. Atualmente, Ochroma pyramidale é plantada em alguns países asiáticos (Sri Lanka, Malásia, Indonésia e Índia) e africanos (Zimbabwe e Camarões) .No Brasil, já existem algumas experiências conduzidas por empreendedores do setor florestal, principalmente, em Mato Grosso, apresentando algum sucesso em solos de média a alta fertilidade
.Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade):quando jovem, a madeira do pau-de-balsa, é uma das mais leves que se comercializam nos mercados madeireiros (0,07 g.cm -3 a 0,35 g.cm-3),pesando menos que a cortiça.
Massa específica básica: 0,247 g.cm-3.
Cor: o cerne é castanho-pálido ou avermelhado; o alburno é quase branco-palha, com manchas acinzentadas ou róseas.
Características gerais: grã direita; textura fina; insípida e inodora; aveludada ao tato; com lustre um tanto elevado.
Trabalhabilidade: a madeira dessa espécie é fácil de se trabalhar. Contudo, apresenta dificuldade para fixação de pregos e de parafusos. Entretanto, é fácil de colar e de impregnar.
Outras características: a madeira do pau-de-balsa é lustrosa e aveludada ao tato, de baixa durabilidade natural (apodrece rapidamente em contato com o solo). Essa madeira apresenta elevada resistência mecânica e flutua levemente na água.
Produtos e Utilizações
Celulose e papel: Ochroma pyramidale é recomendada para esse uso, sendo considerada muito boa para produção de polpa para papel.
Energia: produz carvão de qualidade inferior. O teor de cinzas é de 0,18%; o teor de carbono fixo é de 11,91%; e o teor de lignina é de 18,05%.Madeira serrada e roliça: por suas características físicas e mecânicas, a madeira do pau-de-balsa tem aplicações especiais, sendo usada principalmente na fabricação de balsas rústicas, na construção de barcos e de jangadas para navegação fluvial e em construções aeronáuticas; em aeromodelismo e em nautimodelismo; é usada, também, na confecção de bóias salva-vidas, de painéis para forração de tanques de armazenamento em navios, em maquetes para arquitetura, em brinquedos e em material flutuante; em placas para isolamento térmico e acústico, em forros de tetos, em fôrmas para chapéus e em diafragma para microfones, podendo substituir a cortiça em diversas aplicações. Por sua leveza, pelo baixo custo e por não transmitir odor ou sabor aos alimentos, amadeira de Ochroma pyramidale é uma das mais empregadas para caixas de transportar alimentos. Em decorrência disso, pode ser encontrada em todo o mundo, nos mercados de frutas, de verduras, de carne, de pescado e de produtos lácteos, etc. O pau-de-balsa é ideal na construção de jangadas e de balsas destinadas à navegação fluvial, onde os recursos são parcos. A jangada Kon-Tiki, que fez a famosa viagem do Peru à Polinésia, permanecendo meses no mar, com muito peso em cima, foi fabricada com troncos dessa espécie, tal qual os antigos incas faziam .Também, por sua leveza, essa madeira foi usada na fabricação de aviões bombardeiros ingleses, durante a Segunda Guerra Mundial. Atualmente, o Equador é o principal produtor de balsa, exportando desde Guaiaquil e Esmeralda, a maior parte da balsa comercial do mundo, com80% a 90% do volume total exportado. Durante a Primeira Guerra Mundial, foram usadas 80 mil bóias feitas com madeira de Ochroma pyramidale, numa barreira anti-submarina de 400 km de comprimento no Mardo Norte.
Medicinal: o decocto da casca do tronco é indicado para baixar a febre, bem como o das raízes, para diarreias e cólicas(OCHROMA...2004).A folha misturada com óleo de rícino é aplicada como loção contra reumatismo e dores nas articulações. O suco extraído do fruto é indicado para combater infeções do peito, bronquites, tosse seca e gripe. Na medicina popular mexicana, a infusão das flores e da casca é utilizada como emético. Outros produtos: as fibras da casca interna são usadas como soga. A pluma, paina oukapok, que envolve a semente, é empregada no enchimento de colchões, almofadas e travesseiros.
Paisagístico: no sul da Flórida (Estados Unidos), e em outras partes do mundo tropical, às vezes se usam essa espécie como ornamental, por suas folhas e flores grandes.
Plantio com finalidade ambiental: o pau-de-balsa é útil em plantios destinados a estabilizar o solo e reduzir a erosão em áreas abertas e recomposição de áreas degradadas de preservação permanente, graças ao seu rápido crescimento, por suas grandes folhas, uma ampla copa e tolerância à luminosidade direta.
Principais Pragas e Doenças
Ochroma pyramidale é uma espécie muito suscetível ao tombamento e aos insetos no viveiro. Larvas de Anadasmus porinodesMeyrick (Lepidoptera) foram observadas perfurando o broto terminal, causando severos danos em plantios na América Central e do Sul, e contribuindo com a mortalidade de árvores débeis. O insetoDysdercus sp. come brotos, frutos e sementes.
Espécies Afins
Ochroma Sw. é um gênero monotípico, de ampla distribuição em regiões tropicais, abrangendo o sul do México até a Bolívia. Foi o botânico Olof Swartz quem descreveu essa espécie em 1788, primeiramente como Ochromalagopus. Por sua vez, Flinta (1960) menciona outras espécies que atualmente são consideradas variedades:• Ochroma concolor Rowlee (na Guatemala, no México e em Honduras).• Ochroma limonensis Rowlee (na Costa Ricae no Paraguai).• Ochroma velutina (na Costa do Pacífico e na América Central).• Ochroma bicolor (na Costa Rica).• Ochroma boliviana Rowlee (no Peru e naBolívia).• Ochroma obtusa Rowlee (na Colômbia).• Ochroma tomentosa Willd. (na Colômbia).