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Madeiras brasileiras e exóticas

Marfim

Marfim

Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eudicotiledôneas
Ordem: Santalales
Família: OpiliaceaeGênero: Agonandra Espécie: Agonandra brasiliensis Miers ex Benth.& Hook. f. subsp. Brasiliensis
Primeira publicação: Gen. pl. 1 (1): 349.1862.
Sinonímia botânica: Agonandra duckeiHuber ex Ducke (1913); Agonandra granatensisRusby (1920); Agonandra lacera Toledo (1952);Agonandra macedoi Toledo (1952).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Acre, marfim-de-veado, marfim-verde e pau-marfim; em Alagoas, marfim; no Amapá, pau-marfim; na Bahia, marfim e pau-marfim; no Ceará, marfim, pau-d’alho-do-campo e pau-marfim; no Distrito Federal, cerveja-de-pobre e pau-marfim; no Espírito Santo, amoreira e amora-do-mato; em Goiás, cervejinha, pau-marfim e pau-marfim-de-espinho; no Maranhão,cerveja-de-pobre, marfim, pau-marfim, pau-marfim-da-mata e pau-marfim-do-campo; em Mato Grosso, marfim, pau-d’alho-do-cerrado e pau-marfim; em Mato Grosso do Sul, cagaita etinge-cuia; em Minas Gerais, carobinho, cerveja-de-pobre, imbu-d’anta, pau-d’alho-do-campo,quina-doce; quina-da-mata, quina-de-veadoe tatu; no Pará, amarelão, pau-marfim, pau-marfim-do-cerrado, pau-marfim-do-pará e pau-marfim-verdadeiro; na Paraíba, marfim; no Piauí, amarelão, marfim, pao-marfim e pau-marfim; noRio Grande do Norte, pau-marfim; e no Estadode São Paulo, mamica-amarela, mamica-de-cadela, quina-doce e tatu.No Maranhão, os índios tupis-guaranis chamam-na de kangwaruhumyra.
Nomes vulgares no exterior: na Bolívia, turino del monte; na Colômbia, caimancillo; no Paraguai, palo de anciano; na Venezuela,aceituno.
Etimologia: o nome genérico Agonandra vemdo grego agon (unidos) + andra (machos) ou seja, “estames unidos”; o epíteto específico brasiliensis, pois é natural do Brasil

Clima
Precipitação pluvial média anual:de 1.000 mm, no Ceará e na Bahia, a 2.600 mm, no Pará.
Regime de precipitações: em toda a sua área de ocorrência natural, ocorrem chuvas periódicas.

Solos
O marfim é indiferente aos tipos de solos.

Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a queda espontânea ou podem ser recolhidos do chão, logo após a queda. Em seguida, devem ser amontoados em sacos de plástico até a decomposição parcial da polpa, para facilitar a remoção da semente por meio de lavagem em água corrente, com o auxílio de uma peneira.

Produção de Mudas
Semeadura: para produção de mudas, as sementes devem ser semeadas em sementeiras ou diretamente em sacos de polietileno de dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. Quando necessária, a repicagem deve ser feita de4 a 6 semanas após a germinação ou quando a plântula medir de 4 cm a 6 cm de altura.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar.A emergência tem início de 70 a 80 dias após a semeadura. Geralmente, a taxa de germinação é cerca de 50%. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de 6 meses após a semeadura.

Características Silviculturais
O marfim é uma espécie heliófila, que não tolerafrio.
Hábito: Agonandra brasiliensis apresenta crescimento simpodial, com forma variável e irregular, com dominância apical crescente coma idade. Apresenta derrama natural deficiente, necessitando de poda de condução e dos galhos. Essa espécie brota da raiz e da touça. Métodos de regeneração: Agonandrabrasiliensis pode ser plantado a pleno sol, em plantio puro, mas apresentando forma inadequada.

Crescimento e Produção
Existem poucas informações sobre o crescimento dessa espécie em plantios. Contudo, seu crescimento é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade):a madeira é densa (0,80 g.cm -3 a 1,02 g.cm-3.
Cor: o cerne é bege-amarelado e uniforme, e o alburno é amarelo-pálido.
Características gerais: grã irregular para regular; textura fina, cheiro e gosto indistintos.
Outras características.  A madeira do marfim é compacta, fende-se pouco e é boa de se trabalhar, recebendo bom acabamento e brilho.

Produtos e Utilizações
Alimentação animal: folhas, flores, frutose rebrotos são muito aceitos pelo gado e pelo veado. A semente é oleaginosa e de sabor agradável, bastante procurada pelos animais de caça. Aproveitamento alimentar: os frutos do marfim são comestíveis. Na Venezuela, são usados no preparo de doces parecidos com doce de marmelo. A raiz amarga faz a água espumar, sendo usada para dar sabor à cerveja (cerveja-de pobre) e torná-la amarelada . No Brasil, os frutos são eventualmente aproveitados por humanos.
Cortiça: o marfim é uma das principais espécies corticeiras do Cerrado, gerando súber ou cortiça até uns 4 cm de profundidade e é bastante procurada. A cortiça que reveste o tronco e os galhos é considerada de boa qualidade, tendo sido objeto de aproveitamento industrial, em mistura com outras espécies regionais.
Energia: é usada como lenha. O teor de cinzas é de 1,55% e o poder calorífico é de 17.647,5 .
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie pode ser usada em marcenaria, em carpintaria, em obras de torno, tacos, ebanisteria, raios de roda, estrutura de cadeiras, em construção provisória, no meio rural, e em confecções de cabos de ferramenta.
Medicinal: na medicina popular, as folhas dessa planta são empregadas em banhos para combater reumatismo. Da casca, extrai-se óleo indicado para combater bronquite. No Piauí, as raízes dessa espécie são usadas como purgativas. Os índios tupis-guaranis usam a casca para combater infecções da pele. A infusão da casca e das raízes têm cor e sabor similares ao da cerveja, e apresenta propriedades diuréticas. No Cerrado mineiro, a infusão e o decocto das folhas são indicados para uso interno, como aperiente .
Óleo: as sementes dessa espécie fornecem um óleo amarelado, com pureza de cerca de53%. É consistente e viscoso, com ponto de congelamento muito baixo (– 20 ºC). No meio rural, é usado como cicatrizante de feridas. Em estudos fitoquímicos desse óleo, foi identificada a seguinte composição em ácidos graxos:• 42% de ácido oleico.• 15% de ácido palmítico.• 14% de ácido esteárico.• 5% de ácido palmitoleico .
Tintorial: da casca do marfim, obtém-se uma tintura amarelada, usada no tingimento artesanal de tecidos e no tratamento de ulcerações da pele.
Principais Doenças
Agonandra brasiliensis é atacada por diversas espécies de fungos.

Espécies Afins
O gênero Agonandra Miers ex Bentham & J.D. Hooker é o único gênero neotropical da família Opiliaceae, compreendendo cerca de dez espécies distribuídas do México até o norte da Argentina. No Brasil, país representado exclusivamente por esse gênero, ocorrem cinco espécies distribuídas em diferentes ecossistemas, sendo a maioria pouco comum. Agonandra sylvatica Ducke é uma espécie rara, com ocorrência na Amazônia Central e Ocidental; A. excelsa Griseb, com ocorrência na Argentina, no Paraguai e no Brasil, no Rio Grande do Sul, no Nordeste brasileiro e no Estado do Rio de Janeiro.A. engleri Hoehne, com ocorrência no Estado de São Paulo; A. fluminensis é conhecida apenas na Mata Atlântica do Rio de Janeiro.Hiepko (2000) estabeleceu duas sub espécies para A. brasiliensis: subsp. brasiliensis e subsp.racemigera, que se separam no número de flores por bráctea, na inflorescência. A subsp. racemigera possui inflorescências dos dois sexos, com apenas uma flor por bráctea, além de ocorrer no norte da Venezuela e na Colômbia.

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