Madeiras brasileiras e exóticas
Leiteiro
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Malpighiales – Em Cronquist (1981),é classificada em Euphorbiales
Família: Euphorbiaceae
Gênero: Sapium
Espécie: Sapium glandulatum (Vell.) Pax.
Primeira publicação: Pflanzeireich IV. 147-V(Heft 52): 229. 1912.
Sinonímia botânica: Omphalea glandulataVell. (1831); Sapium biglandulosum (Aubl.)Muell. Arg. (1863); Sapium lanceolatum Huber(1906); Sapium petiolare (Muell. Arg.) Huber(1906).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Amazonas, leiteiro; no Acre,burra-leiteira-folha-miúda; no Espírito Santo,leiterinha; em Mato Grosso, pau-de-leite; em Minas Gerais, leiteiro, pau-de-leite e visgueiro;na Paraíba, burra-leiteira; no Paraná, leiteiro,leiteiro-graúdo, leiteiro-mole, pau-de-leite e pela-cavalo; em Pernambuco, burra-leiteira; no Rio Grande do Sul, leiteiro, leiteiro-graúdo, mata-olho, pau-branquinho, pau-de-leite, pau-leiteiroe toropi; em Santa Catarina, árvore-de-borracha,currupiteira, leiteiro, leiteiro-de-folha-graúda,mata-olho e pela-cavalo; e no Estado de São Paulo, burra-leiteira, leiteira, leiteiro, leiteiro-graúdo, leiterinho e pau-de-leite.
Nomes vulgares no exterior: na Argentina,curupi e no Paraguai, kurupika’y guasu.
Etimologia: o nome genérico Sapium vem docelta sap (viscoso) em referência ao suco (látex);o epíteto específico glandulatum provém das glândulas nas margens das folhas
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 770 mm, na planície litorânea da região centro-norte do Estado do Rio de Janeiro, a 3.200 mm, no litoral do Estado de São Paulo.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na região Sul (exceto no norte do Paraná), e no sudoeste do Estado de São Paulo, e chuvas periódicas, nos demais locais.
Solos
Sapium glandulatum cresce, naturalmente, em qualquer tipo de solo, desde os mais secos até dentro de lagoas ou sobre vegetação aquática flutuante, comportando-se como planta aquática.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos do leiteiro devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura espontânea, o que é facilmente notado pela exposição do arilo vermelho que envolve as sementes. Em seguida, devem ser expostos ao sol, para completarem a abertura e a liberação das sementes. Anualmente, essa espécie produz sementes em abundância.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear em sementeiras, para posterior repicagem em recipientes (saco de polietileno), ou tubetes de polipropileno de tamanho médio. A repicagem deve ser efetuada quando as plântulas alcançarem de 4 cm a 5 cm de altura.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência das sementes ocorre de 10 a 35dias, após a semeadura. O poder germinativo é geralmente baixo. As mudas ficam prontas para plantio, cerca de 6 meses após a semeadura.
Características Silviculturais
Sapium glandulatum é uma espécie heliófila, que tolera baixas temperaturas.
Hábito: apresenta forma inicial satisfatória, com dominância apical definida, com ramificação leve e boa derrama natural. Essa espécie rebrota dacepa ou touça.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade):a madeira do leiteiro é leve (0,35 g.cm -3 a0,50 g.cm-3), a 12% de umidade.
Cor: o alburno recém-cortado é de coloração branca levemente amarelada, e o cerne é bege-claro-pardacento, com tonalidade amarelada.
Características gerais: superfície áspera a lisa ao tato, e brilho pouco acentuado; apresenta textura média a grosseira; o cheiro e o gosto são indistintos. A grã é direita, muito uniforme, chegando a ser até atraente, embora não se consiga uma face totalmente lisa.
Durabilidade natural: a madeira dessa espécie é altamente suscetível ao ataque de fungos manchadores, os quais induzem mudança na corda madeira (originalmente de coloração creme-clara), tornando-a pouco atrativa. A infestação por esses organismos foi verificada nos primeiros dias após a derrubada, e a proteção das extremidades das toras com substâncias preservativas (pentaclorofenol,por exemplo) eliminaria esse problema.
Trabalhabilidade: a madeira dessa espécie é fácil de se serrar e sem problemas para se aplainar e lixar. Parece oferecer boas perspectivas quanto ao envernizamento ou à aplicação de acabamentos superficiais.
Produtos e UtilizaçõesApícola: as flores de Sapium glandulatum apresentam potencial apícola, fornecendo pólen.
Celulose e papel: essa espécie é adequada para papel e celulose. O comprimento das fibras é de 1,38 mm, e o teor de lignina com cinza é26,86% .
Constituintes fitoquímicos: presença de alcaloides e de saponina.
Energia: no Estado de São Paulo, já foi considerada uma das melhores lenhas.
Látex: fornece látex abundante, de qualidade variável, conforme os terrenos, mas cujo resíduo é borracha, geralmente boa, conhecida comercialmente por tapuru. De suas cascas, quando feridas, corre abundantemente um látex, que se coagula espontaneamente em contato com o ar, produzindo uma matéria escura, de cheiro desagradável, viscosa e elástica, muito usada para capturar pássaros.
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie é usada em caixotaria e em ripas. É apta, também, para chapas de partículas de madeira.
Medicinal: na medicina popular, no Paraguai, o látex dessa espécie é empregado contra picadas de serpentes. Contudo, segundo o autor, não se recomenda esse uso. Atividade analgésica e anti-inflamatória em extratos aquosos das folhas. Contudo, essa espécie apresenta propriedades tóxicas, que causam irritação na pele. O homem do campo usa o látex do leiteiro para matar bernes.
Paisagístico: Sapium glandulatum é usado esporadicamente na
Espécies Afins
Sapium P. Browne é um gênero pantropical, com mais de 100 espécies naturais na América e na Europa. Quanto aos caracteres das folhas, Sapiumglandulatum é uma espécie muito polimórfica. Em torno desses caracteres é que se formaram todas as espécies e variedades que constam em sua sinonímia. Devido à igualdade das estruturas florais e ao caráter morfológico de expressão taxonômica de significância discutível que ainda mantém separadas essas duas espécies (S. glandulatum eS. longifolium) e, ainda, baseado na distribuição geográfica, é levantada a hipótese sobre a criação de duas subespécies para Sapium glandulatum. Contudo, Allem (1977), analisando cerca de90 coleções de Sapium, principalmente do Rio Grande do Sul, divide esse material em plantas com hábito salicáceo e com hábito não-salicáceo, sugerindo respectivamente S. glandulatum subsp.marginatum ou haematospermum eS. glandulatum subsp. glandulatum.Valle e Kaplan (2000), estudando o complexo Sapium glandulatum, chegaram à conclusão de que S. glandulatum e S. sellowianum são espécies distintas.