Madeiras brasileiras e exóticas
Caraúba
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Euasterídeas I
Ordem: Lamiales
Família: Bignoniaceae
Gênero: Tabebuia
Espécie: Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. &Hook. f. ex S. Moore
Primeira publicação: Trans. Linn. Soc. 2,Bot: 4: 423. 1895.
Sinonímia botânica: Tabebuia caraiba (Mart.)Bureau; Tabebuia argentea (Bureau ex K. Schum)Britton; Tabebuia suberosa Rusby; Tecomacaraiba Mart.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: na Bahia, caraíba, caraíba-do-cerrado, carobeira, claraíba e craibeira; no Ceará, caraúba e craíba; em Goiás, caraíba e ipê-do-cerrado; no Maranhão, carnaúba; em Mato Grosso, ipê, paratudo, piúva, piúva-amarela epratudinho; em Mato Grosso do Sul, ipê-caraíbae paratudo; em Minas Gerais, caraíba, caraibeira,craibeira, ipê, ipê-amarelo e ipê-caraíba; na Paraíba, caraúba e craibeira; em Pernambuco,craibeira e para-tudo-do-campo; no Rio Grande do Norte, caraíba e craíba; no Estado de São Paulo, caraíba, ipê-do-campo e pau-d’arco-do-campo, em Alagoas e em Sergipe, craibeira, e emTocantins, caraíba e ipê-amarelo-do-cerrado.
Nomes vulgares no exterior: na Argentina, para todo; na Bolívia, alcorno que; e no Paraguai,carobeira, caraubeira, kira’y e paratodo.
Etimologia: o nome genérico Tabebuia provém do nome indígena da árvore Tabebuia
Clima
Precipitação pluvial média anual: de450 mm, na Paraíba, a 2.600 mm, no Amapá.
Regime de precipitações: chuvas periódicas.
Solos
A Tabebuia aurea encontra-se nas terras de aluvião profundo, possuidoras de bastante umidade e solos facilmente drenados.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: as sementes dessa espécie sejam extraídas de frutos ainda fechados – e em seguida submetidos a secagem natural –, até atingirem tonalidade roxa e replo esbranquiçada, para impedir maior contaminação por fungos. Por sua vez, sementes colhidas no chão – logo após seu desligamento da planta – também apresentam qualidade fisiológica, podendo ser semeadas imediatamente após a colheita.
Produção de Mudas
Semeadura: as sementes devem ser semeadas em recipientes individuais, contendo substratoorgano-arenoso. Deve-se evitar repicar as plântulas, pois mudas de T. aurea, originadas de sementes, formam um tubérculo semelhante ao xilopódio dos
Características Silviculturais
Tabebuia aurea é uma espécie heliófila, que não tolera baixas temperaturas.
Hábito: essa espécie apresenta forma irregular, com fuste curto, bifurcações e ramificações laterais. Não apresenta derrama natural, necessitando de poda frequente (de condução e dos galhos), e brota da touça.
Sistemas de plantio: o plantio puro da caraúba, a pleno sol, deve ser evitado. Recomenda-se plantio misto, associado com espécies pioneiras ou em vegetação matricial arbórea, em faixas abertas na vegetação secundária e plantado em linhas ou em grupos.
Crescimento e Produção Seu crescimento é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da caraúba é moderadamente densa
a densa (0,66 g.cm-3 a 0,80 g.cm-3), a 15% de umidade.
Cor: o alburno apresenta coloração amarelada e cerne bege-amarelado ou rosado, ou também pardo-claro-amarelado, uniforme.]
Características gerais: a superfície é irregularmente lustrosa; o cheiro e o sabor são indistintos; textura média; grã irregular a ondulada.
Outras Características:• Apresenta madeira extremamente flexível, de baixa resistência ao apodrecimento
Produtos e Utilizações
Alimentação animal: Tabebuia aurea foi citada por 27 produtores rurais (entre 32 entrevistados),na região de Xingó, a qual abrange Alagoas, Bahia e Sergipe como apreciada por caprinos. Segundo eles, os animais consumiam ,voluntariamente, plântulas, folhas novas, folhas maduras, flores e frutos. Contudo, segundo entrevistados de Floresta, PE, a ingestão de frutos e de flores por animais “não dá muita sustança” (vigor, robustez).
Apícola: a caraúba é uma espécie com potencial apícola no Cerrado de Minas Gerais
.Celulose e papel: a madeira dessa espécie é inadequada para esse uso
.Constituintes fitoquímicos: das folhas dessa espécie foi isolado o alcaloide carobina.
Energia: a madeira dessa espécie é de boa qualidade na produção de álcool, de coquemetalúrgico e de lenha .No Pantanal Mato-Grossense, é usada na fabricação de carvão.
Madeira serrada e roliça: é madeira de características excepcionais, evidenciadas no módulo de elasticidade e no choque, muito empregada na confecção de cabos de ferramentas, peças curvadas, réguas flexíveis e artigos esportivos. É também usada na fabricação de móveis, em carpintaria, em vigamento de casas, de esquadrias, de cangalhas e de moenda. Em Floresta, PE, o uso da madeira dessa espécie em construções rurais é limitado, já que segundo alguns informantes, “essa madeira é de ar” ou seja, quando posta em contato com a terra, torna-se suscetível ao ataque de cupins.
Medicinal: Tabebuia aurea já era de uso pré-colombiano entre os aborígenes brasileiros. Em algumas regiões do País, a casca e as folhas dessa espécie são amplamente empregadas na medicina caseira, principalmente, no Nordeste e em Santo Antônio do Leverger, MT. A infusão ou o xarope da entrecasca do tronco é usada no tratamento de gripes e de resfriados, enquanto o decocto, usado em substituição à água, é indicado no tratamento de inflamações em geral. Na forma de garrafada, serve como diurético, para combater úlcera e inflamações .Na Bolívia, a casca corticosa dessa espécie é raspada, sendo usada em infusão no tratamento de picadas de cobras.
Paisagístico: trata-se de um dos ipês-amarelos mais usados em paisagismo no Nordeste, sendo também muito aproveitado como ornamental, na arborização de ruas. A caraúba é árvore-símbolo de Alagoa.
Plantios com finalidade ambiental: essa espécie é recomendada para restauração de ambiente fluvial em locais não-sujeitos a inundação.
Principais Doenças
A caraúba apresenta baixa resistência natural aos organismos xilófagos causadores da podridão-mole, sendo muito deteriorada por eles.
Espécies Afins
O nome Tabebuia foi primeiramente publicado por De Candolle, em 1838, e constitui o maior gênero entre as Bignoniaceae, com cerca de 100 espécies .Recentemente, Grose e Olmstead (2007),baseados em estudos moleculares, dividiram o gênero em três clados (Handroanthus,Roseodendron e Tabebuia), permanecendo nessa nova revisão 67 espécies em Tabebuia Gomesex A. P. de Candolle, largamente distribuídas nas Américas Central e do Sul, e nas Antilhas. No Brasil, além de Tabebuia aurea, ocorrem cerca de 12 espécies nativas, portadoras de flor amarela, pertencendo aos gêneros Handroanthuse Tabebu.Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos (1970)e H. serratifolius (Vahl) S. Grose (2007), são espécies muito próximas de Tabebuia aurea. A primeira distingue-se de T. aurea pelas folhas menores, densamente pubescentes na face dorsal, no cálice e na fauce da corola, vilosos. A segunda diferencia-se pelas glândulas pateliformes na base dos folíolos, os quais podem ser denteados ou não, e pelo cálice glabro ousubglabro.Tabebuia aurea ocorre simpatricamente com Handroanthus ochraceus, com a qual floresce massiva e sincronicamente, poraproximadamente 1 mês, durante a estaçãoseca (julho a setembro). Ambas espécies têm estruturas florais similares, antese diurna, corola tubular e são produtoras de néctar. Contudo,testes de polinização artificial demonstraram que T. aurea e H. ochraceus são auto-incompatíveis