Madeiras brasileiras e exóticas
Bulandi
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Malpighiales – Em Cronquist (1981), éclassificada em Theales
Família: Clusiaceae – Em Cronquist (1981), é classificada em GuttiferaeSubfamília: Moronobeoideae
Gênero: SymphoniaEspécie: Symphonia globulifera L. f.
Primeira publicação: in SupplementumPlantarum 302. 1781. [1782].
Sinonímia botânica: Moronobea coccineaAubl.; Symphonia gabonensis (Vesque) Pierre.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Acre, anani, anani-do-igapó,anani-da-terra-firme e cambuí; em Alagoas, bulandi e bulangi; no Amapá, anani; no Amazonas, anani; na Bahia, guanandi, landi,landirana, musserengue-branco, olandi e petiá-de-lagoa; no Espírito Santo, guanandi; em Mato Grosso, anani e ananim; no Pará, anani e ananí-da-várzea; na Paraíba, bulandi-amarelo, bulandi-de-leite e gulandi; em Pernambuco, bulandi,bulandi-amarelo e bulandi-de-leite; no Estado do Rio de Janeiro, guanandi e guanadirana; em Rondônia, bacurizinho, e em Sergipe, anani, pau-breu e pitiá-de-lagoa.
Nomes vulgares no exterior: em Belize, can-i-lech; na Bolívia, resina amarilla; na Colômbia e no Equador, machare; na Costa Rica, cerillo; na Guatemala, barillo; na Guiana, brick wax tree; na Guiana Francesa, manil montagne; em Honduras, manil; no Panamá, boncillo; no Peru, azufre caspi;no Suriname, cok wel mani e na Venezuela, mani.
Nome comercial internacional: chewstick.Etimologia: o nome genérico Symphonia significa “harmonia”, referindo-se à simetriadas.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.100 mm, em Pernambuco e no Estado do Rio de Janeiro, a 3.500 mm no Pará. Contudo, fora do Brasil, a precipitação oscila entre 630 mm e5.000 mm.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas na região de Belém, PA, a periódicas, nas demais regiões de ocorrência.
Solos
Symphonia globulifera ocorre, naturalmente, em solos de textura arenosa a argilosa, em terrenos úmidos, de várzea ou alagadiços, periodicamente inundados, com drenagem impedida e com pH neutro.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: geralmente, a colheita das sementes é feita no chão. A extração da semente dá-se por maceração, para remover o epicarpo e o mesocarpo do fruto, ficando o endocarpo aderido à testa, à semelhança do que se observa nas sementes encontradas no solo das florestas.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear uma semente em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno grande, conhecido por tubetão.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar. A emergência tem início de35 e 127 dias após a semeadura, com até 39%de germinação
Características Silviculturais
O bulandi é uma espécie heliófila, com grande agressividade sobre a vegetação brejosa mais esparsa. Essa espécie não tolera baixas temperaturas.
Hábito: o bulandi apresenta arquitetura segundo o modelo de Attim, constituída por tronco monopodial e com galhos finos. A derrama natural dessa espécie é fraca, necessitando de desrama artificial, com o corte dos galhos. Essa espécie brota da touça.
Sistemas de plantio: deve ser evitado plantio puro, a pleno sol. Recomenda-se plantio misto a pleno sol, associado com espécies pioneiras e secundárias. Recomenda-se também em vegetação matricial arbórea em faixas abertas na floresta e plantado em linhas.
Crescimento e Produção
Na década de 1970, no Pará, em plantios experimentais, na região bragantina, em condições de pleno aberto, essa espécie apresentou incremento em altura igual a 0,50 m, com 75% de falhas. Em condições de sombras eletiva, apresentou incremento em altura iguala 0,58 m, com 16,66% de falhas
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira do bulandi é moderadamente densa(0,52 g.cm-3 a 0,80 g.cm-3).
Cor: o alburno e o cerne são pouco aromáticos; ambos apresentam coloração amarela, sendo aparte interna mais intensamente colorida. O cerne é bege-rosado ou róseo-claro uniforme.
Características gerais: a superfície da madeira dessa espécie é lisa e pouco lustrosa; a grã é reta a irregular, e a textura é média.
Trabalhabilidade: a madeira do bulandi é fácil de ser trabalhada com maquinário ou com ferramentas de carpintaria, produzindo superfícies muito finas, ainda que o cepilhado seja moderadamente difícil, pois deixa superfícies irregulares.
Outras características:• Os anéis de crescimento são indistintos ou ausentes.
Produtos e Utilizações
Aproveitamento alimentar: no Equador, considera-se seu fruto comestível.
Celulose e papel: essa espécie é assinalada como produtora de celulose e papel.
Energia: a madeira do bulandi pode ser usada como lenha.
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie presta-se a numerosos usos comerciais, sendo usada em aplicações mais decorativas na confecção de móveis e de gabinetes, ou cortada em forma de folhas desenroladas para fabricação de compensados, e acabamento interno de barcos, tábuas, caibros, ripas, marcos de porta e de janelas, lambris, construção em geral, caixas, utensílios domésticos, carpintaria, marcenaria, tanoaria, pontes, dormentes e estacas.
Medicinal: a resina dessa espécie é de uso terapêutico popular no tratamento da bronquite, sendo também indicada como diurética, em cataplasmas, para fixar prótese dentária, como sucedânea do óleo de camíbar (Copaifera aromatica) e para cicatrizar úlceras e abcessos. As folhas e a casca possuem compostos com propriedades antivirais. No Brasil, o óleo extraído das sementes é empregado como medicamento, no tratamento de doenças da pele.
Paisagístico: a árvore é muito usada como ornamental, devido à posição horizontal dos ramos, semelhante às coníferas, também por suas raízes tabulares e pela beleza das flores roxas, róseas ou escarlates. Contudo, as raízes tabulares do bulandi apresentam o mesmo inconveniente que as do figo-benjamim (Ficus benjamina Linné), as quais destroem calçadas.
Resina: a casca externa dessa espécie exsudaresina de coloração amarelada, que quando endurece, torna-se preta. A goma exsudadada casca, misturada com cera de abelhas, é usada como cimento; a resina extraída da goma é conhecida comercialmente como “cera karamanni”; essa resina é usada também no preparo de uma espécie de breu, o qual é conhecido como cerol, usado para calafetar embarcações ou casas de madeira.
Entre os índios da Amazônia, a resina do bulandi é usada na fixação de pontas de flechas. Essa resina tem sido usada ainda como substituta da cola para sapatos, para impregnar cordas e mechas de pavios, favorecendo a queima sem deixar cheiro, ou para tingir couros.
Espécies Afins
Symphonia L. f. é um gênero com 15 espécies distribuídas em Madagascar, e uma só espécie na América Tropical e no oeste da África.