Madeiras brasileiras e exóticas
Mulungu
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Fabales (em Cronquist (1981), é classificadaem Rosales)
Família: Fabaceae (Em Cronquist (1981),é classificada em Leguminosae)Subfamília: Faboideae (Papilionoideae)
Gênero: ErythrinaSubgênero: Erythraster Barneby & KrukoffSeção 26: Erythraster
Espécie: Erythrina velutina WilldenowPublicação: in Gest. At Freunde Berlin NeueSchr. 3:426. 1801
Sinonímia botânica: Chirocalyx velutinus Walp.,Corallodendron velutinum (Willd.) Kuntze, Erythrinaaculeatissima Desf., Erythrina splendida Diels.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Ceará, bucaré, mulungu, mulungu-da-flor-vermelha e mulungu-da-flor-amarela; em Minas Gerais, muchôco e mulungá; na Paraíba, em Pernambuco, no Rio Grande do Norte, no Estado de São Paulo e em Sergipe, mulungu.
Etimologia: o nome genérico Erythrina vem do grego erythros, que significa “vermelho”, em alusão à cor das flores; o epíteto específico velutina vem do latim, devido ao fato da folha apresentar indumento de delicados e macios pêlo.
O nome vulgar mulungu vem do tupi, mussungúou muzungú e do africano mulungu, significando“pandeiro”, talvez pela batida no seu tronco oco emitir som
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 316 mm, no Sertão dos Inhamuns, no sudoeste do Ceará, a2.500 mm, em Pernambuco.
Regime de precipitações: chuvas periódicas.
Solos
Erythrina velutina prefere solos coluviais de natureza úmida e aluvionais com textura arenosa ou argilosa.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura e a queda espontâneas. Por sua vez, as sementes também podem ser recolhidas do chão, após a queda. Caso se colham os frutos, estes devem ser expostos ao sol, para completar a abertura e soltar as sementes.
Produção de Mudas Semeadura: recomenda-se semear duas sementes em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. Se necessária, a repicagem pode ser feita de 1 a 2semanas após a germinação.
Características Silviculturais
Erythrina velutina é uma espécie heliófila, intolerante ao frio.
Hábito: não apresenta derrama natural. As podas devem ser apenas de formação ou eliminação de brotos-ladrões.
Crescimento e Produção
Há poucos dados de crescimento sobre omulungu, em plantios
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira do mulungu é muito leve.
Cor: a madeira dessa espécie apresenta cores branquiçada.
Características gerais: a madeira de E. velutinaé porosa, mole e de baixa durabilidade natural.
Produtos e Utilizações
Aproveitamento alimentar: cruas ou cozidas, as flores dessa espécie são comestíveis .Artesanato: por seu belo colorido, as sementes dessa espécie são ornamentais. Com elas, pode-se confeccionar colares, pulseiras e brincos. Contudo, as sementes têm ação venenosa quando em quantidade suficiente, causando a morte.
Celulose e papel: a madeira de E. velutina é inadequada para esse uso.
Constituintes fitoquímicos: o alcalóide eritrina, contido na casca e na semente do mulungu, tem poderosa ação nos nervos, causando sua paralisia; quando macerada, a casca tem ação hipnótica e narcótica, tal qual o tingui (Magonia pubescens)age na pesca. A análise fitoquímica mostrou também a presença de diversos alcalóides do tipo comumente encontrado nas espécies de Erythrina.
Corante: quando maceradas, as flores do mulungu produzem uma tinta amarelo-avermelhada, que pode ser usada para tingir panos.
Energia: produz lenha de baixo poder calorífico.
Madeira serrada e roliça: por ser leve e porosa, a madeira dessa espécie quase não tem aplicação. Contudo, os sertanejos se servem dela para fazer cavaletes, com os quais atravessam os rios no Nordeste, quando há cheias. Também é usada como bóia, pau-de-jangada,balsa, cocho para pôr alimento para animais, faca de cortar papel, forma de modelação, molduras, caixotaria, brinquedos e tamancos.
Medicinal: a casca e os frutos dessa espécie são empregados na medicina popular em algumas regiões do Nordeste, embora a eficácia e a segurança do seu uso ainda não tenham sido comprovadas cientificamente. Assim, seu uso vem sendo feito com base na tradição popular. São atribuídas às preparações de sua casca propriedades sudorífica, calmante, emoliente e peitoral, e ao seu fruto seco, ação anestésica local, quando usado na forma de cigarro, como odontálgico. A infusão da casca é empregada como sedativo e calmante de tosses e de bronquites, bem como no combate a verminoses e no tratamento de hemorróidas; o cozimento (decocto) é indicado para agilizar a maturação dos abcessos nas gengivas. É curativa nas picadas de lacraia(Scolopendra morsitans) ou de escorpião (Tytiusbahiensis).Paisagístico: como árvore ornamental, é usada para sebes, cercas-vivas, grupos vegetais arquitetônicos e arborização de ruas e de avenidas.
Plantios com finalidade ambiental: é recomendada para plantios mistos destinados à restauração de áreas degradadas de preservação permanente.
Substâncias tanantes: a casca dessa espécie produz uma tintura amarela e tem propriedade tanínica.
Espécies Afins
O gênero Erythrina L. compreende cerca de 115espécies distribuídas em todas as regiões tropicais do mundo, estendendo-se nas áreas quente-temperadas, como no Sul da África, na Cordilheira do Himalaia e no sudeste dos Estados Unidos. As espécies de Erythrina ocorrem numa ampla variedade de habitats, desde o bosque tropical chuvoso de terras baixas e desertos subtropicaismuito áridos até bosques montanos de coníferas acima de 3.000 m de altitude. Atualmente, são reconhecidos cinco subgêneros e 26 seções na subdivisão taxonômica de Erythrina:70 espécies são conhecidas nas Américas, 31 na África e 12 na Ásia e na Oceania