Madeiras brasileiras e exóticas
Monjoleiro
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas I
Ordem: Fabales (em Cronquist (1981), é classificadaem Rosales)
Família: Fabaceae (em Cronquist (1981),é classificada em Leguminosae)Subfamília: Mimosaceae
Gênero: Acacia
Espécie: Acacia polyphylla DC.
Publicação: in Catal. Hort. Monspelliens.:74 (1813)
Sinonímia botânica: Senegalia polyphylla (DC.)Britton & Rose).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Acre, espinheiro-preto, espinheiro-vermelho e espinho-preto; no Amazonas, espinheiro; na Bahia, espinheiro; em Goiás, minjoleiro; em Mato Grosso do Sul, monjoleiro; em Minas Gerais, angico-branco, arranha-gato, maricá e munjolo; no Paraná, gorocaia-com-espinho, monjoleiro emonjolo; no Estado do Rio de Janeiro, espera-um-pouco e monjolo-teta-de-porco; em Santa Catarina, monjoleira e monjolo-ferro; no Estadode São Paulo, angico-branco, angico-monjolo,cauvi-jacaré, espinheiro-preto, gorocaia, gorocalha,gorucaia, monjoleiro, monjoleiro-branco e paricá-branco; e em Sergipe, acácia.
Nomes vulgares no exterior: na Bolívia, caricari; na Colômbia, baranoa; no Paraguai, jukeriguasu; e no Peru, pashaco negro.
Etimologia: o nome genérico Acacia vem do gregoakakia ou achachia (espinho), devido aos muitos espinhos no caule e nos ramos; o radical provém de ac (ponta), do célta; o epíteto específico polyphyllavem do grego polys (muito) e phyllon (folha), de muitas folhas .
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 900 mm, em Minas Gerais, a 2.500 mm, em Roraima, tendo como limite 2.750 mm anuais, no Acre.
Regime de precipitações: chuvas periódicas.
Solos
Acacia polyphylla ocorre, naturalmente, em vários tipos de solos, tanto em florestas situadas em solos férteis como em solos fracos. Não tolera solos encharcados.No Distrito Federal, a distribuição das populações dessa espécie está correlacionada com a presença de solos florestais, especialmente aqueles ricos em cálcio .
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: anualmente, produz grande quantidade de sementes que garantem sua regeneração natural. Os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, ao iniciarem a abertura espontânea. Após a colheita, os frutos devem ser expostos para que se abram, liberando espontaneamente as sementes.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear as semente sem sementeiras para posterior repicagem, ou diretamente em sacos de polietileno, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. A repicagem deve ser efetuada quando as plântulas atingirem de 3 cm a 5 cm de altura.
Germinação: é epígeo-foliáceo (OLIVEIRA,1999) ou fanerocotiledonar. A germinação inicia-se de 3 a 10 dias após a semeadura. O poder germinativo geralmente varia de 55 % a 95 %.Atinge o tamanho de plantio, 4 meses após asemeadura.
Características Silviculturais
O monjoleiro é uma espécie heliófila, que necessita de luz abundante para sua regeneração.
Hábito: irregular, geralmente apresenta acamamento do caule e bifurcações desde a base. Apresenta, também, desrama natural deficiente, necessitando de poda de condução e dos galhos.
Métodos de regeneração: por apresentar comportamento satisfatório, recomenda-se o plantio puro do monjoleiro a pleno sol. Essa espécie brota da touça ou cepa.
Crescimento e Produção
Acacia polyphylla apresenta crescimento rápido, podendo atingir uma produção volumétrica de até 17 m3.ha-1.ano-1 aos 10 anos de idade.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira do monjoleiro é moderadamente densa(0,74 g.cm-3 a 0,79 g.cm-3) a 15 % de umidade.
Cor: o alburno e o cerne são indistintos; apresentam coloração branca, com listras vermelho-claras.
Características gerais: grã direita; textura média; brilho ausente; cheiro imperceptível.
Preservação: a madeira do monjoleiro é muito fácil de tratar com creosoto (óleo solúvel) e com CCA-A (hidrossolúvel).
Trabalhabilidade: a madeira dessa espécie é fácil de cepilhar e de serrar, fornecendo boa superfície ao ser envernizada; aceita prego.
Produtos e Utilizações
Alimentação animal: a forragem dessa espécie apresenta bons teores de proteína bruta.
Apícola: as flores do monjoleiro são melíferas, produzindo néctar.
Celulose e papel: a madeira de Acacia polyphylla é adequada para celulose, com comprimento das fibras de 0,83 mm e teor de lignina com cinzas de 29,08 %.
Constituintes fitoquímicos: na casca dessa espécie, foi encontrado derivados, esteróides e triterpenóides; no lenho, encontraram cumarina, esteróides etriterpenóides.
Energia: seu principal uso é para lenha de boa qualidade e para carvão.
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie não tem aplicação industrial, podendo ser usada para marcenaria e obras internas, e de torno.
Medicinal: a resina do monjoleiro é empregada na medicina popular contra tosse.
Paisagístico: espécie ornamental quando em flor, podendo ser utilizada na arborização urbana e rural.
Plantios com finalidade ambiental: essa espécie tem grande potencial para recuperação de áreas degradadas e para restauração de ambientes ripários em áreas com o solo permanentemente encharcado.
Substâncias tanantes: por suas qualidades taníferas, a casca é empregada em curtumes.
Principais Doenças
Incidência de microrganismos nas sementes: Fusarium sp.(15 %) e Aspergillus sp. (2,5 %)..
Espécies Afins
Acacia Miller é o segundo maior gênero da família Fabaceae, compreendendo cerca de 1.300espécies distribuídas pelas regiões subtropicais e tropicais do mundo, e particularmente em diversas regiões áridas na Austrália, na Ásia, na África e nas Américas. No Brasil, não há um tratamento taxonômico global do gênero Atualmente, há cerca de 100 espécies no Brasil. Acacia polyphylla mostra considerável variação morfológica, sendo muito próxima à Acaciaglomerosa e à Acacia riparia .Atualmente, Acacia polyphylla é dividida em duas variedades: polyphylla e giganticarpa. A var. giganticarpa, com ocorrência na Amazônia, diferencia-se da variedade típica por atingir até 25 m de altura e60 cm de DAP, e pelo tamanho dos frutos, que medem até 21,5 cm de comprimento por 4 cm de largura.