Madeiras brasileiras e exóticas
Imburana-de-Espinho
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: AngiospermaeClado: Eurosídeas II
Ordem: Sapindales
Família: Burseraceae
Gênero: CommiphoraTribo: Bursereae
Espécie: Comminphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett.Publicação: in Kew Bull. 34 (3): 582 (1980)
Sinonímia botânica: Bursera leptophloeos(Mart.) Engl.; Icica leptophloeos Mart.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: na Bahia, falsa-imburana, imburana-de-abelha,imburana-vermelha e umburana; no Ceará,imburana, imburana-brava, imburana-de-cheiro eimburana-de-espinho; em Goiás, cambão; emMinas Gerais, amburana, amburana-de-cambão e falsa-amburana; na Paraíba, amburana-de-cambão, imburana e imburana-de-espinho; emPernambuco, imburana, imburana-de-cambão e umburana; no Piauí, imburana-de-abelha eimburana-vermelha; no Rio Grande do Norte,imburana e imburana-de-espinho; e em Sergipe,imburana-vermelha.
Etimologia: o nome vulgar imburana vem da corrutela de y-mb-ú (árvore de água) e ra-na(falso), formando assim a palavra imburana (falsoimbu).
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 316 mm, no Sertão dos Inhamuns, no sudoeste do Ceará, a1.200 mm, em Mato Grosso do Sul.
Regime de precipitações: chuvas periódicas.
Solos
Comminphora leptophloeos prefere solos calcários,
bem drenados e medianamente profundos.
Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos da imburana-de-espinho devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, devem ser expostos ao sol, para completarem a abertura e a liberação das sementes.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda-se semear duas sementes em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio.
Características Silviculturais
Comminphora leptophloeos é uma espécie heliófila, que não tolera baixas temperaturas.
Hábito: apresenta forma irregular, sem dominância apical, com acamamento do caule e ramificação pesada. A derrama natural é insatisfatória, necessitando de desrama ou de poda de condução e dos galhos freqüente eperiódica.
Métodos de regeneração: a imburana-de-espinho pode ser plantada a pleno sol, em plantio puro, com crescimento razoável em solo de boa fertilidade química, mas com forma ruim; em plantio misto, associada com espécies pioneiras ou secundárias.
Crescimento e Produção
Existem poucos dados de crescimento da imburana-de-espinho em plantios. Contudo, seu crescimento é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da imburana-de-espinho é leve(0,43 g.cm-3).Cor: o cerne apresenta coloração amarelo-avermelhada; o alburno é muito espesso e pardo-avermelhado.
Características gerais: de textura média; grã direita, homogênea e rija.
Outras características: a madeira dessa espécie é fácil de se trabalhar. Apresenta média resistência e é suscetível ao apodrecimento.
Produtos e Utilizações
Alimentação animal: as folhas são forrageiras, tanto verdes como secas.
Apícola: fornece pólen e néctar para as abelha se, nos troncos ocos, abriga abelhas nativas selvagens.
Aproveitamento alimentar: os frutos da imburana-de-espinho são comestíveis quando bem maduros, com uma polpa agridoce.
Artesanato: a imburana-de-espinho é usada em artesanato, principalmente na confecção de esculturas chamadas de “carrancas”. É muito empregada como cangalha ou cambão, para impedir que animais fujões atravessem as cercas.
Celulose e papel: essa espécie é inadequada para esse uso.
Energia: a madeira dessa espécie é usada para lenha e carvão.
Madeira serrada e roliça: a madeira de Comminphora leptophloeos é usada em marcenaria e em construção civil (portas, janelas e esquadrias); é usada, também, na fabricação de móveis e em serviços leves, como obras de entalhe, caixotaria, objetos e utensílios caseiros, além de ser usada como estaca em obras externas. Freqüentemente as estacas enraízam, produzindo novos espécimes.
Medicinal: a casca e a semente dessa espécie são usadas na forma de garrafadas e de xaropes no tratamento de doenças do estômago, enjôo e tosse. O infuso, o decocto e o xarope da casca do caule são usados como tônico e cicatrizante no tratamento de feridas, gastrite e úlcera. Também é indicado contra tosses, bronquites e inflamações do trato urinário. Das sementes se extrai um óleo medicinal. Em Alagoas e em Sergipe, os índios das triboskariri-shokó e shokó usam a casca e a madeira como incenso para combater diabete, diarreia ou “esfriar a quentura”.
Paisagístico: o tronco (muito ornamental) e a copa frondosa tornam a imburana-de-espinho recomendável para arborização urbana e rodoviária.
Plantios para finalidade ambiental: essa espécie é indicada para a primeira fase de recuperação de áreas degradadas e para enriquecimento de capoeiras e matas devastadas.
Resina: por incisão, o tronco fornece um bálsamo verde-alourado, sucedâneo da terebintina, muito usado pelos sertanejos . Essa resina tem emprego na fabricação de vernizes e lacres, pois apresenta a propriedade de torná-los menos quebradiços.
Espécies Afins
O gênero Commiphora apresenta três espécies distribuídas do México à Bolívia