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Madeiras brasileiras e exóticas

Cataia

Cataia

Taxonomia e NomenclaturaDivisão: AngiospermaeClado: Magnoliídeas
Ordem: Canellales (em Cronquist (1981),é classificada em Magnoliales)
Família: WinteraceaeGênero: Drimys
Espécie: Drimys brasiliensis Miers
Publicação: Ann. & Mag. Nat. Hist. Ser. III. 2:47, 1858Sinonímia botânica: essa espécie tem uma sinonímia considerável.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: em Mato Grosso do Sul, cascad’anta; em Minas Gerais, cascad’anta e paratudo; no Paraná, cascad’anta, cataia e catéia; no Estado do Rio de Janeiro, cascad’anta, cascad’antavermelha e para tudo; no Rio Grande do Sul, canelaamarga,capororocapicante, cascad’anta, cascaparatudo, cataia, cataieira e melambo; em SantaCatarina, cascad’anta e cataia; e no Estado de São Paulo, acataia, caataia, caneladepáramo,cascad’anta, cataia e paratudo.
Etimologia: o nome genérico Drimys significa“picante” em grego, em alusão ao sabor da casca aromática; o epíteto específico brasiliensis é emalusão ao habitat onde foi coletado o tipo. Em tupiguarani, é conhecida como caátuya, que significa “árvore para velho”

Clima
Precipitação pluvial média anual: de 1000 mm, na Bahia e em Minas Gerais, a 2.500 mm, no Estado do Rio de Janeiro.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas na Região Sul (exceto no norte do Paraná) e chuvas periódicas nas demais regiões.

Solos
Ocorre, naturalmente, em diversos tipos de solos, destacando se os de fertilidade química baixa, os sob afloramentos de arenito e os solos alagados. Esses solos normalmente apresentam baixos teores decátions trocáveis, altos teores de alumínio e pH baixo.

Tecnologia de Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore quando iniciarem aqueda espontânea. Em seguida, devem ser expostos ao sol para facilitar a abertura e a retirada manual das sementes, operações que devem ser feitas com muito cuidado.

Produção de Mudas
Semeadura: recomenda se semear em sementeiras ou uma semente em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. Quando necessária, a repicagem deve ser feita de 1 a 2semanas após a germinação.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. Para sementes de cataia estratificadas por 60 dias, a germinação tem início no quinto dia e pode ser encerrada com 51 dias após a semeadura.

Características Silviculturais
A cataia é uma espécie esciófila, que tolera baixas temperaturas.
Hábito: apresenta crescimento monopodial, com galhos finos.

Crescimento e Produção
Há poucos dados de crescimento em plantios sobre a cataia. Contudo, seu crescimento é lento.

Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da cataia é moderadamente densa(0,55 g.cm3).
Cor: o alburno é amarelado e o cerne apresenta coloração rosada.
Características gerais: madeira pouco lustrosa; sabor amargo; odor indistinto; textura fina e uniforme; grã direita.
Outras características: madeira compacta, fácil de trabalhar, e de baixa durabilidade quando exposta.

.Produtos e Utilizações
Celulose e papel: a madeira dessa espécie é adequada para esse uso.
Condimento: as folhas dessa espécie são usadas como condimento.
Constituintes fitoquímicos: de sua composição química, fazem parte o tanino e vários sesquiterpenóides, considerados como seus princípios ativos, amplamente estudados sob o ponto de vista fitoquímico nos últimos 40 anos.
Energia: produz boa lenha e carvão.
Madeira serrada e roliça: a madeira da cataia é pouco resistente e por isso própria apenas para obras internas, construções, carpintaria, caixotaria e caixilhos.
Medicinal: Drimys brasiliensis é apregoada como ótimo remédio para grande número de doenças, sendo denominada vulgarmente como “paratudo” pelos sertanejos. Na medicina tradicional do Brasil, essa planta é altamente recomendada para todos os tipos de problemas gástricos e estomacais, incluindo dispepsia, náuseas, dores intestinais e cólicas, bem como febres e anemia. Provavelmente, por causa de seu sabor amargo, foi usada por algum tempo como substituto do quinino, no tratamento da malária e de febre de outras origens. Levantamentos etnobotânicos e etnofarmacológicos realizados com populações tradicionais relatam seu uso no tratamento do escorbuto e da anemia, de vômito e disenteria, além de ser estimulante, adstringente e febrífuga; na veterinária, o uso da casca dessa planta é comum no tratamento de aves, cavalos e porcos, inclusive na garrotilha dos cavalos. Na medicina popular, é considerada excelente remédio contra desarranjos do estômago(dispepsias, falta de apetite, flatulência, gastralgias etc.), catarros crônicos, atonia intestinal, disenteria, vômitos rebeldes e fraqueza geral. O chá da folha e da casca é bom para sangramento das gengivas, hemorragias nasais, afecções no útero e na próstata. É excelente tônico revigorante para o organismo durante convalescença. Aumenta o apetite, elimina vermes do sangue, resolve problemas de pele, sarna, e combate piolho. Recentemente, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina identificaram em extratos da casca uma substância analgésica debaixo efeito colateral, denominada drimanial.Dizse que a anta (Tapirus terrestris), quando doente, recorre ao uso dessa casca.
Óleo essencial: as flores da cataia são usadas em perfumaria. O óleo essencial dessa espécie apresentou rendimento de0,8 %. Segundo os mesmos autores, a análise da composição química indicou que 93 % do óleo é composto demonoterpenos, dentre os quais 55,47 %correspondem ao apineno, seguido pelo bpineno(18,96 %), limoneno (4,16 %) e 4terpineol(4,28 %). Em menor porcentagem, observou se a presença de mirceno (3,09 %), sabineno (2,62 %),terpinoleno (1,37 %), canfeno (1,25 %), pcimeno(1,13 %), gterpineno (0,98 %), aterpineno (0,8 %),3dcareno (0,78 %), atujeno (0,61 %), 1,8cineol(0,6 %), aterpinol (0,54 %) e cânfora (0,29 %).Paisagístico: a árvore possui qualidades ornamentais que a recomendam para o paisagismo em geral.
Plantios com finalidade ambiental: Drimysbrasiliensis é indicada para restauração de ambientes fluviais ou ripários, com plantio em áreas com o solo permanentemente encharcado.

Espécies Afins
Drimys J. R. & G. Forst. é um gênero primitivo de origem australásica, sendo o de maior área de distribuição geográfica na família, contando comrepresentantes desde as Filipinas e Bornéu, até a Tasmânia. No continente americano, sua área de ocorrência estende se desde o Estreito de Magalhães (extremo sul da Argentina e Chile) até o sul do México. Nesse continente, o número de espécies é motivo de divergência, podendo chegar até seis espécies distintas. A variedade angustifolia ocorre na Floresta Ombrófila Densa(Floresta Atlântica), na formação Alto Montana, no Paraná, e a roraimensis ocorre no Amazonas e em Roraima.Contudo, no Brasil, a distinção de diversas espécies ou o reconhecimento de uma única espécie polimórfica não é consenso entre os taxonomistas .Ocorrem mais duas espécies no gênero: Drimyswinteri Forst., com ocorrência no Chile, e D.granatensis, na Colômbia.

Neuvoo Jooble