Madeiras brasileiras e exóticas
Timbó Graúdo
Taxonomia e Nomenclatura
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae)
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae (Leguminosae: Faboideae ouPapilionoideae).
Gênero: Lonchocarpus
Espécie: Lonchocarpus muehlbergianus Hassler
Publicação: in Bull. Herb. Boissier, ser. 2,7:164. 1907.
Sinonímia botânica: Lonchocarpus muehlbergianus forma angustifoliolata Hassler.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: feijão cru, em Mato Grosso do Sul; feijãocru, rabodebugio e timbó, em Minas Gerais;embirabranca, feijãocru, ingáseco, rabodebugio, rabomole, timbó e timbódograúdo, no Paraná; guaianã, rabodemacaco, rabodemicoe rabomole, no Rio Grande do Sul; bodoque,embiradesapo, guaianã, guanhanã, imbiradesapo, mangabrava, matabode e sapuçu, noEstado de São Paulo.
Nomes vulgares no exterior: rabo molle, na Argentina; cuqui, na Bolívia; ka’avusu, no Paraguai.
Etimologia: o nome genérico Lonchocarpus refere se à forma peculiar do fruto, geralmente representando a ponta de uma lança (lonchos =lança, carpo = fruto)
Descrição
Forma biológica: arvoreta a árvore decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas de30 m de altura e 85 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 1.200mm, em Minas Gerais, a 2.000 mm, no Paraná. Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul (excetuando se o norte do Paraná). Periódicas, no Estado de São Paulo, no sul de Mato Grosso do Sul e no sul de Minas Gerais.
Solos
Lonchocarpus muehlbergianus não mostra exigências quanto ao tipo de solo, sendo encontrada, naturalmente, em diversos tipos como em latos solos profundos de boa fertilidade química ede textura argilosa ou arenosa, e em solos calcários. Essa espécie é considerada padrão de solos férteis.
Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos devem ser colhidos, diretamente, na árvore, quando passam da coloração verde para marrom claro, iniciando a queda espontânea. Também podem ser colhidos no chão, após a queda. Uma vez colhidos, os frutos devem ser postos ao sol, para secar e facilitar a abertura manual para retirada das sementes.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda se semear uma semente diretamente em saco de polietileno ou em tubetes de polipropileno grande. Quando necessária, a repicagem deve ser feita 1 a 2 semanas após a germinação.
Características Silviculturais
O timbó graúdo é uma espécie heliófila, que tolera baixas temperaturas.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade):a madeira do timbó-graúdo é moderadamente densa (0,70 a 0,82 g.cm3) a 15% de umidade.
Cor: é branco amarelada.
Características gerais: a textura é média e grossa. Grã direita, com brilho moderado.
Trabalhabilidade: a madeira dessa espécie é fácil de se trabalhar.
Durabilidade: a madeira dessa espécie é muito sujeita ao ataque de insetos, quando não tratadacom inseticidas. Insetos xilófagos (Lyctus sp.) podem atacar a madeira seca .
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira do timbó graúdo é utilizada localmente em cabos de ferramentas, carpintaria leve (quando não se exige grande resistência), desdobro, tabuado em geral, caixotaria e para eixos de carreta. Utilizável para cabos de ferramentas ou de utensílios domésticos, na Região Metropolitana de Curitiba, PR.
Energia: no Paraguai, essa espécie é bastante usada, para lenha e carvão.
Celulose e papel: Lonchocarpus muehlbergianus é adequada para esse uso.
Constituintes fitoquímicos: as árvores desse gênero têm alto conteúdo de roteno na em suas raízes.
Apícola: na Argentina e no Paraguai, o timbó graúdo é considerado uma boa árvore melífera.
Paisagístico: a árvore é bastante ornamental, principalmente quando em flor, podendo ser usada, com sucesso, em paisagismo em geral.
Plantios em recuperação e restauração ambiental: essa espécie é recomendada para plantio em áreas com o solo permanentemente encharcado e tolerante a terrenos inundáveis. Recomendada para restauração de ambientes ripários, com período de alagamento de até 60 dias. Nessa situação, essa espécie desenvolveu adaptações morfoanatômicas, favorecendo a difusão de oxigênio da parte aérea para as raízes. Sendo espécie rústica e de grande importância na recuperação de áreas degradadas, não pode faltar nos plantios mistos destinados à recomposição e à reconstituição de ecossistemas degradados, bem como a áreasde preservação permanetes
.Principais Pragas e Doenças
• O cerambicídeo Oncideres gutturator (serrador), com danos de grau variável, morte dos galhos e diminuição da atividade fotossintética da planta. Em alguns casos, o ataque posterior de agentes fúngicos chega a provocar a morte da planta.
• Ctenocolum crotonae (bruquídeo) danificou12,36% das sementes dessa espécie (SARIet al., 2000). Um parasitói de pertencente à família Eulophidae, Horismenus missouriensis, foi observado dentro das sementes dessaespécie, provavelmente desenvolvendo pupa.
• Microrganismos nas sementes dessa espécie: Fusarium sp. (50,0%); Phomopsis sp. (14,5%); Verticillum sp. (12,0%);Colletotrichum sp. (8,0%); Phoma sp. (3,5%)e Aspergillus sp. (1,0%).
Espécies Afins
O gênero Lonchocarpus Kunth tem cerca de 150espécies. A principal área de distribuição ocorre no Continente Americano, mais precisamente na América do Sul e Central. Ocorre desde o Uruguai e nordeste da Argentina até o sul do México e a costa oeste africana (L. sericeus).O Brasil está representado por 32 espécies de Lonchocarpus. A maior freqüência ocorre na Amazônia, com 17 espécies de distribuição praticamente restritas a essa região. As espécies nordestinas constituem um complexo representado por cinco taxas, mais quatro que se Região Norte. A Região Sudeste é bem representada, com cerca de 15 espécies, algumasdas quais são restritas a essa região. Na Região Sul, ocorrem cerca de quatro espécies. Nenhuma espécie de Lonchocarpus foi citada exclusivamente para a Região Centro Oeste do Brasil.