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Madeiras brasileiras e exóticas

Guaviroveira

Guaviroveira

Taxonomia e Nomenclatura

De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica de Campomanesia xanthocarpa obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae)
Ordem: MyrtalesFamília: MyrtaceaeGênero: Campomanesia
Espécie: Campomanesia xanthocarpa BergPublicação: in Martius, Fl. bras. 14 (1): 451, 1857
Sinonímia botânica: Campomanesia malifoliaBerg; Campomanesia rhombea Berg. Os sinônimos acima são os mais encontrados na literatura, mas essa espécie tem uma sinonímia considerável e disponível em Landrum.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: guabirobeira, em Mato Grosso do Sul; gabiroba e guabiroba, em Minas Gerais; gabiroba, gabirobeira, gabirova, guabiroba, guabirobamiúda,guabirobeira, guabirobeira do mato, guabivova, guaviroba e guavirova de  folha lisa, no Paraná; gabirobeiradomato, guabiroba, guabirobadafolhagrande, guabirobamiúda, guabirobeira, guabirobeiradefolhagrande e guavirova, no Rio Grande do Sul; guabiroba, guabirobeira e guavirova, em Santa Catarina; gabiroba, gabiroba de árvore, guabocaba e guariroba, no Estado de São Paulo.
Nomes vulgares no exterior: guabiroba, na Argentina; guavira pyta, no Paraguai.
Etimologia: o nome genérico Campomanesia é em memória a P. Rodrigues de Campomanes, naturalista espanhol; o epíteto específico xanthocarpa vem do grego xanthos (amarelo) e karpos(fruto), ou seja, “fruto amarelo” Em tupiguarani, é conhecida como guabiraroba,que significa “frutopicante” .

Descrição

Forma biológica: arvoreta a árvore decídua.As árvores maiores atingem dimensões próximas de 25 m de altura e 70 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: é acanalado, com sapopemas na base. Ás vezes, as caneluras se estendem por todo o tronco ao redor do fuste, particularmente nas maiores árvores. Geralmente, o fuste é tortuoso e curto, com até 8 m de comprimento e com rugosidade macia.
Ramificação: é dicotômica, simpódica e irregular. A copa é arredondada densa e finamente ramificada, composta de folhagem verde escura em cima e verde clara embaixo. Os ramos são cilíndricos e rugosos.
Casca: atinge a espessura de até 7 mm. A casca externa é castanho amarelada a cinza escura, desprendendo se em muitas tiras ou em ripas fibrosas e finas, revelando a casca nova e deixando manchas mais claras. Ao ser raspada, apresenta coloração marrom clara. A casca interna é fibrosa e de cor amarelo ferrugem, com textura trançada .
Folhas: são simples, opostas cruzadas e diáfanas. Apresentam consistência cartácea e são ovaloblongas, com ápice acuminado agudo e basecuneada. A lâmina foliar é de cor verde lustrosa, medindo de 5 a 12,5 cm de comprimento por 2 a7 cm de largura. A página inferior, com nervuras proeminentes e amarelas, apresenta margem irregular nas folhas novas. O pecíolo chega a medir1 cm de comprimento.
Inflorescências:
Flores: são isoladas, brancas, muito vistosas, mas pouco duradouras, com 1 a 4 flores por verticilo.
Fruto: é uma baga globosa, com 15 a 20 mm de diâmetro. Pode ser axilar, solitário ou geminado. É verde, quando imaturo, e amarelo ou alaranjado, quando maduro. É comestível, de sabor doce, e apresenta de 1 a 6 sementes.
Semente: é achatada, castanha e mede de 3 a8 mm de diâmetro.

Clima

Precipitação pluvial média anual: de1.200 mm, em Minas Gerais e no Estado de São Paulo, a 2.300 mm, no Paraná.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul (excetuando se o norte do Paraná) e o sudoeste do Estado de São Paulo. Periódicas, nas demais regiões.
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná), no sudoeste do Estado de São Paulo e na Serra dos Órgãos, RJ. Pequena, no inverno, no norte do Paraná. De pequena a moderada, no inverno, no centro e no leste do Estado de São Paulo, no sul de Minas Gerais e no sudoeste do Espírito Santo. Moderada, no Distrito Federal.
Temperatura média anual: 16,5 ºC (Curitiba,PR) a 23,3 ºC (Posse, GO).
Temperatura média do mês mais frio: 9,4 ºC(São Joaquim, SC) a 21,7 ºC (Posse, GO).
Temperatura média do mês mais quente:17,2 ºC (São Joaquim, SC) a 25,5 ºC (Foz do Iguaçu, PR).
Temperatura mínima absoluta: 10,4 ºC(Caçador, SC). Na relva, a temperatura mínima absoluta pode chegar a 15 ºC.
Número de geadas por ano: médio de 0 a30; máximo absoluto de 57 geadas, na Região Sul. Há também a possibilidade de ocorrência de neve na região de ocorrência dessa espécie, sendo que em São Joaquim, SC, neva quase todos os anos.

Solos

Campomanesia xanthocarpa ocorre, naturalmente, em terrenos medianamente ondulados com solos de origem basáltica, com fertilidade química alta, nos solos úmidos e compactos de planícies, várzeas e solos de aclive suave. Habita também os sítios mal drenados.

Sementes

Colheita e beneficiamento: o fruto é colhido diretamente no solo, esmagado e lavado em peneira fina, para separar a semente da massa. As sementes são secadas à sombra, por no máximo 1 dia.
Número de sementes por quilo: 13 mil  a 28 mil.
Tratamento prégerminativo: não é necessário.
Longevidade e armazenamento: a semente de guaviroveira tem comportamento recalcitrante com relação ao armazenamento. A germinação caiu de45% a 33%, após 60 dias de armazenamento. Outro lote de sementes –com germinação inicial de 88% – após 15 dias para 33% e, depois de 30 dias, as sementes do lote se tornaram totalmente inviáveis.

Produção de Mudas

Semeadura: é feita em sementeiras, utilizando se cobertura leve ou semeando se duas sementes em sacos de polietileno, com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. Quando necessária, a repicagem deve ser feita em embalagens individuais, quando as mudas atingirem de 3 a 5 cm de altura.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar.A emergência tem início de 30 a 60 dias após o plantio. Sementes com remoção da polpa apresentaram 45% de germinação contra 26% para sementes sem remoção da polpa. O tempo mínimo, em viveiro, é de 4 meses após a semeadura .
Propagação vegetativa: a guaviroveira também se reproduz por estacas

Características Silviculturais

A guaviroveira é uma espécie esciófila, que tolera baixas temperaturas.
Hábito: é variável, desde fuste retilíneo com crescimento monopodial, a exemplares com troncos irregulares, levemente tortuosos e com presença de bifurcações a partir de 2,00 m de altura.
Métodos de regeneração: recomenda se plantio misto ou em vegetação matricial sob cobertura.
Sistemas agroflorestais: essa espécie é tradicionalmente utilizada no Sul do Brasil, no sistemade faxinal.

Crescimento e Produção

A guaviroveira apresenta crescimento lento, podendo atingir uma produção volumétrica estimada de até 1,55 m 3.ha 1.ano 1 aos 10anos de idade.

Características da Madeira

Massa específica aparente (densidade): amadeira da guaviroveira é moderadamente densa 0,86 g.cm3 .
Cor: o alburno é amarelado e o cerne é marrom violáceo.
Outras características: essa madeira é resistente, compacta e de boa durabilidade natural.

Produtos e Utilizações

Madeira serrada e roliça: a madeira da guaviroveira não tem uso industrial. Contudo, fornece tabuado em geral e desdobro. Suas aplicações são limitadas porque geralmente a árvore não alcança tamanho comercial. É utilizada para peças curvas, instrumentos musicais e na Região Metropolitana de Curitiba, PR, em cabos de ferramentas ou de utensílios domésticos.
Energia: o carvão e a lenha dessa espécie são de boa qualidade e geralmente são preferidos para o sapeco da erva mate – Ilex paraguariensis.
Celulose e papel: a guaviroveira é inadequada para esse uso.
Alimentação animal: a guaviroveira tem 7%a 8% de proteína bruta e 8% a 13% de tanino, sendo imprópria como forrageira.
Alimentação humana: a guaviroveira é uma importante árvore frutífera silvestre, com frutos doces e comestíveis, apreciados pelo homem(principalmente indígenas) e pela fauna. Sua importância consiste, principalmente, no possível aproveitamento dos frutos em industrialização. São bagas ricas em vitamina C, que são consumidas in natura e usadas no preparo de licores.
Apícola: as flores da guaviroveira são muito apreciadas pelas abelhas, que delas retiram excelente mel . Em Minas Gerais, está na relação das plantas apícolas do Cerrado .
Medicinal: uma infusão da pele dos frutos rende um óleo que é empregado para tratar catarros, diarréia e disenteria . O chá das folhas elimina o colesterol, fortalece a memória, cura disenterias, regula o intestino, elimina catarros da bexiga e do útero . As folhas combatem a gripe. De propriedade adstringente, as cascas são usadas contra diarréia, câimbras, catarro da bexiga e do útero são antihemorrágicas e vermífugas. As cascas dessa espécie são também utilizadas, popularmente, no tratamento de cistites e de uretrites, sendo indicadas, também, como antidiarréicas . Banhos como chá das cascas ajudam a aliviar as hemorróidas.
Plantios em recuperação e restauração ambiental: a guaviroveira frutifica com grande intensidade, razão pela qual seus frutos são consumidos por várias espécies de pássaros, constituindo o alimento favorito dos papagaios(família Psittacidae) e de outros animais silvestres. Por isso, é indicada para plantios heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente e à restauração de ambientes ripários com período de alagamento de até 60 dias.

Espécies Afins

O gênero Campomanesia Ruiz; Pavón apresenta 25 espécies distribuídas do México à Argentina. Dessas espécies, 15 ocorrem no Brasil. Atualmente, C. xanthocarpa está subdividida em duas variedades: xanthocarpa e littoralis

Neuvoo Jooble