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Madeiras brasileiras e exóticas

Jerivá

Jerivá

Taxonomia e Nomenclatura

De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica de Syagrus romanzoffiana obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Liliopsida (Monocotyledonae)
Ordem: ArecalesFamília: Arecaceae (Palmae)Gênero: SyagrusEspécie: Syagrus romanzoffiana (Chamisso)Glassman.
Publicação: Fieldiana: Botany 31: 382, figs. 10,14, 1968.
Sinonímia botânica: Arecastrum romanzoffianum var. romanzoffianum Becc.; Cocos plumosaHooker; Cocos romanzoffiana Chamisso.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: coquinho e jerivá, em Mato Grosso do Sul;coco baboso, coqueiro, coquinho, coquinho babão e jerivá, em Minas Gerais; coqueiro, coqueiro coquinho, coquinho, jerivá e palmeira, no Paraná; baba de boi e jerivá, no Estado do Rio de Janeiro; coqueiro, coqueiro jerivá, coquinho e jerivá, no Rio Grande do Sul; coco de cachorro, coqueiro, jerivá e palmeira, em Santa Catarina; baba de boi, coqueiro, coqueiro jerivá, coqueiro tupi, jerivá, palmeira e pindó, no Estado de São Paulo.
Nomes vulgares no exterior: pindó, na Argentina; pindo, no Paraguai; chirivá, no Uruguai. É conhecida também em outros países, onde é chamada de queen palm.
Etimologia: o epíteto específico romanzoffianaé uma homenagem ao Conde N. Romanzoff, chanceler do Império da Rússia e protetor das ciências, das artes e do comércio.

Descrição

Forma biológica: palmeira, medindo até 30 mde altura e 60 cm de DAP (diâmetro à altura dopeito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: é um tronco ou estípite isolado. É cilíndrico, essencialmente liso, mas claramente marcado com vestígios das bases do pecíolo, em forma de anéis.
Ramificação: é em copa, composta de folhas pinadas e arqueadas, com pecíolos largos. Em contraste com o palmiteiro (Euterpe edulis), não há uma separação entre o término do tronco e o aparecimento das folhas.
Casca: a casca externa – ou ritidoma – é acinzentada e finamente fissurada, apresentando cicatrizes foliares que dão à árvore uma aparência muito característica . A casca interna é de cor creme esverdeada, com textura fibrosa. Apresenta estrutura trançada.
Folhas: são alternas, medindo até 5 m de comprimento, pinadas, com folíolos estreitos e dispostos em vários planos na raque. O pecíolo é expandido, com bainha de margens fibrosas eglabras.
Inflorescências: é interfoliar, medindo de 1 a1,5 m de comprimento, protegida por uma espadice lenhosa e glabra, a qual é formada po ruma panícula de espigas, com pedúnculo longo, com espata lenhosa, longo cilíndrica ou fusiforme, profundamente sulcada externamente e com estrias.
Flores: são numerosas e unissexuais, com três pétalas. As flores masculinas medem 10 mm, sendo encontradas de 1 a 2 por rama. As flores femininas medem 5 mm, sendo distribuídas1 entre 2 masculinas, na parte baixa.
Fruto: é uma drupa globosa a elipsóide, de cor amarelopardacenta a amarelo alaranjada, na maturação. São parcialmente carnáceos e lisos, com mesocarpo fibroso, muito mucilaginoso, suculento e adocicado. São comestíveis, de sabor agradável e medem de 3 a 5 cm de comprimento por 2 a 3 cm de diâmetro, com apenas uma semente e invólucro floral levemente ampliado no fruto. O endocarpo apresenta três orifícios próximos à base.
Semente: é ovóide e mede de 1 a 2 cm de comprimento.

Clima

Precipitação pluvial média anual: de1.000 mm, em Minas Gerais, a 2.500 mm, no Estado do Rio de Janeiro.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul (excetuando se o norte do Paraná). Periódicas, nas demais regiões.
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná), no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro e no litoral e no sudoeste do Estado de São Paulo. Pequena, no verão, no sul do Rio Grande do Sul. De pequena a moderada, no inverno, no Distrito Federal, no centro e no leste do Estado de São Paulo e no sul de Minas Gerais. Moderada, no inverno, no sudeste de Minas Gerais, no oeste do Estado de São Paulo, no norte do Paraná e no sul de Mato Grosso do Sul. De moderada a forte, no inverno, no oeste de Minas Gerais. Forte, no norte de Minas Gerais.
Temperatura média anual: 13,2 ºC (São Joaquim, SC) a 23,7 ºC (Rio de Janeiro, RJ).
Temperatura média do mês mais frio: 9,4ºC (São Joaquim, SC) a 21,3 ºC (Rio de Janeiro, RJ).
Temperatura média do mês mais quente:17,2 ºC (São Joaquim, SC) a 26,5 ºC (Rio de Janeiro, RJ).
Temperatura mínima absoluta: 10,4 ºC(Caçador, SC). Na relva, a temperatura mínima absoluta pode chegar até 17 ºC.
Número de geadas por ano: médio de 0 a 30;máximo absoluto de 57 geadas, na Região Sul.

Solos

Ocorre, naturalmente, em solos tanto de alta como de baixa fertilidade química e ocasionalmente nos afloramentos de arenito. Espécie indicadora de solos mais pobres (arenosos), no noroeste do Paraná . Essa espécie pode vegetar em terrenos secos, orgânicos ou sujeitos a inundação temporária ou temporariamente encharcados .

Sementes

Colheita e beneficiamento: o fruto do jerivá é colhido quando maduro. Seu invólucro é quebrado com muito cuidado. Recomenda se que as
sementes devam ser retiradas manualmente dos frutos, com auxílio de morsa e espátula.
Número de sementes por quilo: 140 a 220.Tratamento prégerminativo: as sementes de Syagrus romanzoffiana apresentam taxa de germinação média e uma baixa velocidade de emergência, o que sugere a existência de algum mecanismo de dormência.
Longevidade e armazenamento: a semente do jerivá dura 15 dias. Os diásporos do jerivá não perderam a viabilidade até4 meses de armazenamento, sendo considerados quanto à tolerância à dessecação e ao armazenamento, de comportamento ortodoxo .

Produção de Mudas

Semeadura: recomenda se semear em recipientes, sacos de polietileno, ou em tubetes de polipropileno de tamanho grande.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar. Sua multiplicação é problemática, pois geralmente a emergência é lenta, entre 90 a 180 dias e, quando ocorre, é muito baixa. Acredita se que o endocarpo não impede a absorção de água no processo de embebição . O poder germinativo é superior a 60%. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de 12 meses após a semeadura.

Características Silviculturais

Espécie heliófila, que tolera baixas temperaturas.
Métodos de regeneração: o jerivá pode ser plantado a pleno sol, tanto em plantios puros como em plantios mistos.
Sistemas agroflorestais: é freqüente encontrar essa palmeira em pastagem, e pode ser transplantada com qualquer tamanho. Pelo fato de as folhas serem utilizadas na alimentação dos animais, é bem provável que essa é a razão pela qual os jerivás são poupados nas derrubadas.

.Características da Madeira

Massa específica aparente (densidade):0,812 g.cm3 .
Cor: apresenta cor parda.
Características gerais: é dura e fibrosa.

Produtos e Utilizações

Madeira serrada e roliça: com seu tronco muito duro, tem usos diversos, sendo lascado em sarrafos de 15 a 20 cm para cercar paióis e chiqueiros. É comum usarem como postes, mangueirões, cercas, caibros e ripas de paióis provisórios, material de cobertura na construção de casas rústicas – e outras aplicações rurais – e como material de artesanato.
Energia: as folhas do jerivá são bastante resistentes e em muitos locais são utilizadas como material combustível .
Constituintes fitoquímicos: as sementes do jerivá constituem uma fonte razoável de proteínas
e significativa de fibras alimentares e de selênio. Apresentam, também, lipídios, o que lhe confere maior valor calórico.
Alimentação humana: o fruto dessa palmeira fornece polpa adocicada comestível, sendo de grande importância na alimentação. O fruto e o cogollo, junto com o mel silvestre e algumas larvas, constituem a dieta básica dos índios Guaranis do leste do Paraguai. Os frutos do jerivá, quando bem secos, substituem a tâmara. No sul do Estado de Santa Catarina, os agricultores plantam áreas regulares perto das pocilgas, conhecidas como cocais, onde os porcos encontram alimento abundante por muitos meses do ano. No Brasil, em algumas regiões, o palmito dessa palmeira é muito apreciado, embora apresente gosto ligeiramente amargo.
Apícola: as flores do jerivá são melíferas e de grande potencial apícola, produzindo pólen e néctar .
Medicinal: o chá da casca e da flor – com brotos de amora – é usado no combate ao amarelão, problemas de rins e diarréias . A casca é vermífuga, bem como o suco do coco. Diz a crença popular que “se o coquinho for comido quente do sol, dá diarréia”.
Paisagístico: essa palmeira é altamente decorativa e muito usada em projetos paisagísticos, principalmente no Sul do Brasil. É a palmeira nativa mais cultivada. Syagrus romanzoffiana apresenta belo efeito paisagístico, sendo cultivada nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Por seu sistema radicial ser superficial e bastante ramificado, tolera o transplante com relativa facilidade, obtendo se alto índice de pega. Para uso em arborização, o transplante de indivíduos adultos é fato comum. Em Brasília, DF, coqueiros de grande altura foram plantados em fileiras pelo paisagista Burle Marx, diante do Palácio da Alvorada Em Curitiba, PR, essa espécie é pouco plantada devido aos problemas de incompatibilidade coma fiação aérea, a ocorrência da frutificação, que deve ser removida pela Prefeitura para evitar vandalismo e danos às residências, e devido aos frutos que sujam as calçadas, podendo provocar acidentes aos pedestres
.Plantios para recuperação e restauração ambiental: essa espécie é indicada para restauração de ambientes ripários , em áreas com o solo permanentemente encharcado . O jerivá apresenta raízes superficiais que tornam ideal seu plantio nas margens de rios. As flores e os frutos de Syagrus romanzoffiana servem de alimento para inúmeros animais: insetos, aves, mamíferos e peixes. Os monocarvoeiros (Cebus apella) e outros animais silvestres comem os frutos, que são muito apreciados também pelo lagarto teiú (Tupinamba spp.) e o graxaim ou guaxinim (Canis brasiliensis), entre outros.
Artesanato: na Região Oriental do Paraguai, os índios Guaranis fazem seus arcos do ráquis. Na zona rural catarinense, as crianças que não podem esquiar no exterior fazem no em seu sítio mesmo, colina abaixo, montadas nas carriolas, que são as espatas do jerivá ).
Fibras: são aproveitadas na confecção de roupas, redes e outros artigos úteis Saponina: é extraída dos frutos, para fabricação do sabão

Principais Pragas

A semente é muito atacada por larvas de insetos. As folhas apresentam alta suscetibilidade à lagarta (Brasolis sp.)

Espécies Afins

O gênero Syagrus compreende cerca de 30 espécies distribuídas na América do Sul, com maior diversidade no Cento Oeste do Brasil. Por sua ampla distribuição geográfica, esse gênero apresenta grandes variações morfológicas regionais. No Bioma Mata Atlântica, são registradas 14 espécies

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