Madeiras brasileiras e exóticas
Ipê-Amarelo-Miúdo
Taxonomia e Nomenclatura
De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica de Tabebuia chrysotricha obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: ScrophularialesFamília: Bignoniaceae
Gênero: TabebuiaEspécie: Tabebuia chrysotricha (Mart. ex DC.)Standley.
Publicação: in Publ. Field. Mus. Nat. Hist. Bot.Ser. 11: 176, 1936.
Sinonímia botânica: Tecoma chrysotrichaMart. ex DC.; Handroanthus chrysotrichus (Mart.ex DC.) J. Mattos. Os sinônimos acima são os mais encontrados na literatura, mas essa espécie tem outros disponíveis em Gentry (1992).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: paud’arcoamarelo, em Alagoas, na Paraíba e em Pernambuco; ipêtabaco e paud’arcoamarelo, na Bahia; ipêtabaco, no Espírito Santo e no Estado do Rio de Janeiro; ipêfelpudo, ipêmulato, ipêpeludo, ipêtabaco, paud’arcoamarelo, piúvae piúvaamarela, em Minas Gerais; ipê, piúna epiúva, no Paraná; ipêamarelo e ipêdomorro,no Rio Grande do Sul; ipêdomorro, em Sant aCatarina; caraíba, ipê, ipêamarelo, ipêamareloanão, ipêamarelocascudo, ipêpardo, ipêtabaco,paud’arco e piúna, no Estado de São Paulo.
Nome vulgar no exterior: nos países de língua inglesa, é conhecido, principalmente, por trumpettree.
Etimologia: o nome genérico Tabebuia provém do tupiguarani, que significa “que bóia, que flutua” ; o epíteto específico chrysotricha deriva do grego hrysous (áureo); trixou trichós (cabelo), referência aos pêlos áureos.
Descrição
Forma biológica: arbusto a árvore decídua. As árvores maiores atingem dimensões
de 35 m de altura e 130 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: geralmente é tortuoso, com seção cilíndrica e base normal. O fuste mede até 10 m de comprimento.
Ramificação: é dicotômica ou simpódica. A copa é alta, densifoliada e arredondada. Os ramos novos e os pecíolos são cobertos por densa pubescência ferrugínea.
Casca: tem espessura de até 10 mm. A superfície da casca externa (ou ritidoma)é acinzentada, finamente fissurada, com descamação em pequenas placas retangulares. A casca interna é branca e a textura é curto fibrosa, com estrutura trançada.
Folhas: são opostas, cruzadas, compostas, digitadas, com 3 a 7 folíolos membranosos, dotados de pecíolo longo e médio, obovados, apiculados no ápice, obtusos na base, com bordos inteiros na metade inferior e serreados na metade superior, verdes, rugosos, piloso estrelado ferrugíneos em ambas as faces; variam de 2 a10 cm de comprimento por 1,5 a 6 cm de largura. Apresentam nervação peninérvea, com nervuras geralmente densopiloso estreladas em ambas as faces; são impressas na face ventral e salientes na face dorsal.
Inflorescências: em tirso ou fascículo muito curto, com 8 a 10 flores, surgindo em ramosáfilos, com lenho velho.
Flores: são de cor amarelo ouro e campanuladas, medindo de 6 a 7 cm decomprimento.
Fruto: é uma cápsula deiscente, medindo de 11a 38 cm de comprimento e 0,8 a 2 cm de largura, de cor ocrácea; as valvas são densamente ferrugíneo tomentosas com pêlos ramosos e glabrescentes com a idade.
Sementes: são pequenas, medindo de 6 a 9mm de comprimento e 1,7 a 3,5 mm de largura, com corpo castanho escuro e asas pálido sujas em em branáceas de cor castanho esbranquiçadas ou quase brancas, com corpo cinzento. Aproximadamente 50% das sementes germinadas dessa espécie apresentaram poliembrionia, sendo que dessas, 37% apresentavam 2 embriões,14,1% com 3 embriões, 4,7% com 4 embriões e1,2% com 5 embriões.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 800mm, no Estado do Rio de Janeiro, a 2.100 mm, na Bahia.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná). Chuvas periódicas, nas demais regiões e chuvas uniformemente distribuídas ou periódicas, na faixa costeira de Pernambuco e em áreas menores de Alagoas.
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná). De pequena a moderada, no inverno, no leste do Estado de São Paulo e no sul de Minas Gerais. De pequena a moderada, na faixa costeira da Paraíba. Moderada, no inverno, no nordeste do Estado do Rio de Janeiro, no leste de Minas Gerais e no oeste do Espírito Santo. Moderada, no nordeste do Espírito Santo. De moderada a forte, no inverno, no oeste de Minas Gerais.
Temperatura média anual: 16,5 ºC (Colombo,PR) a 24,3 ºC (Ilhéus, BA).
Temperatura média do mês mais frio: 12,2ºC (Colombo, PR) a 22,1 ºC (Ilhéus, BA).
Temperatura média do mês mais quente:19,9 ºC (Colombo, PR) a 26 ºC (Ilhéus, BA).
Temperatura mínima absoluta: 7 ºC(Colombo, PR).
Número de geadas por ano: médio de 0 a 10;máximo absoluto de 30 geadas, no Paraná.
Solos
Tabebuia chrysotricha ocorre em vários tipos de ambiente, principalmente em sítios baixos, com solos úmidos e profundos, com drenagem boa a regular e com textura que varia de franca a argilosa. Em plantios, cresce melhor em solos
com fertilidade química adequada, bem drenado se com textura argilosa.
Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos dessa espécie devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a abertura espontânea. Depois, devem ser expostos ao sol, para completarem a abertura e a liberação das sementes.
Número de sementes por quilo: 86 mil.
Tratamento prégerminativo: não é necessário.
Longevidade e armazenamento: as sementes apresentam comportamento ortodoxo com relação ao armazenamento. Sementes acondicionadas em sacos de plástico de polietileno, de natureza semipermeável, com teor de umidade de 8,5%, com faculdade germinativa de 78% em câmara fria (3 ± 2 ºC e90% de UR), após 8 meses de armazenamento, a faculdade germinativa caiu para 65%, contra1% e 13%, respectivamente para ambiente e armazenamento seco
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda se semear em sementeiras, para posterior repicagem em sacos de polietileno ou tubetes de polipropileno de tamanho grande. A repicagem deve ser feita de 25 a 30 dias após a germinação, quando as plântulas atingirem 5 a 8 cm de altura.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência tem início de 8 a 15 dias após a semeadura. O poder germinativo das sementes frescas geralmente varia de 59% a 70%. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de 5 meses após a semeadura. O sistema radicial do ipê amarelo apresenta raiz pivotante, dificultando formação de mudas.
Cuidados especiais: o ipê amarelo miúdo pode ser produzido, com sucesso, em raiz nua, em fardos
Características Silviculturais
Tabebuia chysotricha é espécie heliófila, tolerante a baixas temperaturas.
Hábito: apresenta forma irregular, com fuste principal não claramente evidenciado, simpodial, com muitas bifurcações e forte ramificações laterais . Não apresentades rama natural, necessitando de poda freqüente, de condução e dos galhos.
Métodos de regeneração: o plantio puro do ipê amarelo miúdo, a pleno sol, deve ser evitado. Recomenda se plantio misto, associado com espécies pioneiras ou em vegetação matricial arbórea, em faixas abertas, na vegetação secundária, e plantado em linhas ou em grupos Anderson. Essa espécie brota da touça.
Sistemas agroflorestais: essa espécie é deixada no sistema de cabruca, ou seja ,vegetação nativa da Floresta Atlântica raleada sob plantação de cacau, no sul da Bahia
Crescimento e Produção
O crescimento do ipê amarelo miúdo é lento.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira dessa espécie é densa (1,05 g.cm 3).Cor: o cerne é pardo havana claro a escuro, uniforme, com reflexos esverdeados.
Características gerais: apresenta superfície lisa ao tato, irregularmente lustrosa; aspecto fibroso atenuado; textura média a fina; grã irregular para reversa; gosto e cheiro indistintos .
Outras características: essa madeira é muito dura, flexível e resistente.
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira do ipê amarelo miúdo é utilizada no fabrico de cabos de ferramentas e com múltiplas aplicações em construção civil, obras (expostas ou externas),carpintaria, marcenaria, mastros de barcaça, dormentes, esquadrias, vigas, forro, hidráulica, mourões, móveis, postes, tabuados e vigamentos.
Energia: essa espécie é recomendada para produção de carvão.
Apícola: as flores do ipê amarelo miúdo são melíferas ).
Celulose e papel: Tabebuia chysotricha é inadequada para esse uso.
Corante: da casca, obtém se um corante para tingir tecidos como a seda e o algodão.
Medicinal: quando em cozimento, a casca dessa espécie possui propriedades adstringentes, sendo empregada em gargarejos contra inflamações bucais Paisagístico: trata se de um dos ipês amarelos mais utilizados em paisagismo, sendo muito utilizado na ornamentação de ruas, na cidade de Curitiba, PR e em Irati, PR. Como sua florada alcança o final do florescimento das azaléas (uma consorciação fantástica em colorido), pode ser aproveitado em qualquer jardim de bom gosto.
Plantios em recuperação e restauração ambiental: essa espécie é recomendada para restauração de ambiente ripário em locais não sujeitos a inundação
Principais Pragas e Doenças
Em viveiros, as folhas dessa espécie são predadas por Trioza tabebuiae – Hemiptera: Psylloidea,Triozidae. Nas sementes dessa espécie, foram encontrados fungos potencialmente patogênicos como Fusarium, Alternaria, Phomopsis e Phoma. Em Curitiba, PR, em mudas e em árvores de rua, foram encontradas a crosta marrom, causada por Apiospharia guaranitica, o oídio e a fumagina.Contudo, a principal doença em árvores de ruas foi a crosta marrom, com maior incidência e severidade em locais com alto tráfego de veículos.
Espécies Afins
Tabebuia Gomes é um gênero neotropical, com cem espécies . No Brasil, além de Tabebuia chrysotricha, ocorrem cerca de 12 espécies nativas do gênero, portadoras de flor amarela.• Tabebuia