Madeiras brasileiras e exóticas
Cuvatã
Taxonomia e Nomenclatura
De acordo com o Sistema de Classificação de
Cronquist, a posição taxonômica de Cupaniavernalis obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae)
Ordem: SapindalesFamília: Sapindaceae
Gênero: Cupania
Espécie: Cupania vernalis Cambessedes
Publicação: in SaintHilaire, Fl. Bras. Merid.1:387, 1825.
Sinonímia botânica: Cupania clethrodes Mart.;Cupania vernalis Camb. F.I: genuina Radlk.;Cupania vernalis Camb. F.2: clethrodes (Mart.)Radlk.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: assa leitão, em Goiás; camboatá ecragoatã, em Mato Grosso; camboatã, camboatá, cambuatá, gragoatá, gragoatã e pau de cantil, em Minas Gerais; camboatá, cambratá, curantã, cuvatã, cuvantã, Miguel pintado, pau de cantile pingaleira, no Paraná; arco de peneira, camboatá, camboatã vermelho e camboatá vermelho, no Rio Grande do Sul; camboatá, no Estado do Rio de Janeiro; camboatá, camboatá branco, camboatá vermelho, covatã, cuvantã, cuvatã e Miguel pintado, em Santa Catarina; arco de peneira, arco de pipa, camboatã, camboatá, cuvantã, gragoatã, pau de cantil e pau de espeto, no Estado de São Paulo.
Nomes vulgares no exterior: aguay colorado e camboata, na Argentina; ramo colorado, na Bolívia; jaguarata’y e petato, no Paraguai; camboatá, no Uruguai.
Etimologia: o nome genérico Cupania foi dado em homenagem ao monge e botânico italiano Francesco Cupani, diretor do Jardim Botânico do Príncipe della Catolica (Sicília, Itália) e autor de Hortus Catholicus e de outros trabalhos botânicos ; o epíteto específico vernalis vem do latimvernalis (vernal), relativo à primavera
Descrição
Forma biológica: arvoreta a árvore perenifólia. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 25 m de altura e 80 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: geralmente é tortuoso, muitas vezes com presença de nós. O fuste é geralmente curto, com até 7 m de comprimento.
Ramificação: é dicotômica. A copa é larga, irregular, densifoliada e de cor verde escura acentuada. Os ramos são cilíndricos, desde estriados até sulcados, glabrescentes a hirsutos, algumas vezes lenticelados, na maioria das vezes com cicatrizes foliares.
Casca: tem espessura de até 11 mm. A superfície da casca externa é áspera, dura, escura e levemente fissurada longitudinalmente (árvores adultas). Ao ser raspada, apresenta coloração grisáceoescura. A casca interna é dura, levemente aromática e rosada. Quando cortada, xidase, tornando se da cor de ferrugem, que contrasta, vivamente, com o branco do alburno.
Folhas: são compostas, alternas, paripinada se muitas vezes parecendo imparipinadas, em virtude da posição alterna ou suboposta dosfolíolos ao longo da ráquis.
Flores: são muito odoríferas, alvoesverdeadas, também róseo claras, chegando a medir até8 mm de comprimento. São pediceladas,com pedicelo cilíndrico, hirsuto e bracteolado, medindo até2 mm de comprimento.
Fruto: o fruto é uma cápsula coriáceadeiscente, que se abre em três valvas, obovoide ou piriformetrígona, subséssil, curtamente tomentosa ou glabra, com endocarpo tomentoso piloso, medindo de 1 a 2 cm de diâmetro. Em cada fruto há de 1 a 3 sementes.
Semente: apresenta formato obovóide emede de 8 a 12 mm de comprimento. É negra lustrosa, de testa luzidia e, na maior parte ou até a metade, é encoberta por arilo carnoso, decoloração alaranjada.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.000 mm, na Bahia, a 2.700 mm, no Estado de São Paulo.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná) e no sudoeste do Estado de São Paulo. Uniformes ou periódicas, na faixa costeira da Bahia. Periódicas, nos demais locais.
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná) e no sudoeste do Estado de São Paulo. Nula ou pequena, na faixa costeira da Bahia. Pequena, no verão, no sul do Rio Grande do Sul. Pequena, no inverno, no norte do Paraná e no extremo sul de Mato Grosso do Sul. De pequena a moderada, no inverno, no centro e no leste do Estado de São Paulo, no sul de Minas Gerais, no sudoeste do Espírito Santo, no Distrito Federal e no sul de Goiás. De pequena a moderada, no Pará, no Amazonas, em Rondônia, em Roraima, e no norte de Mato Grosso. Moderada, no inverno, no sudeste e no leste de Minas Gerais, no oeste do Estado de São Paulo e no norte do Paraná. De moderada a forte, no inverno, no oeste de Minas Gerais e no centro de Mato Grosso. Demoderada a forte, no oeste da Bahia.
Temperatura média anual: 15,5 ºC (Caçador,SC) a 26 ºC (Itacotiara, AM).Temperatura média do mês mais frio: 10,7ºC (Caçador, SC) a 25,4 ºC (Santarém, PA).
Temperatura média do mês mais quente:19,9 ºC (Curitiba, PR) a 27,2 ºC (Chapada dosGuimarães, MT).
Temperatura mínima absoluta: 10,4 ºC(Caçador, SC). Na relva, a temperatura mínimaabsoluta pode chegar até 15 ºC.
Número de geadas por ano: médio de 0 a 30;máximo absoluto de 57 geadas, na Região Sul.
Solos
O cuvatã ocorre, naturalmente, em diversos tipos de solos.
Sementes
Sementes Colheita e beneficiamento: produz, anualmente, moderada quantidade de sementes viáveis, amplamente disseminadas pela avifauna. A semente é colhida quando madura, geralmente no solo. O arilo, que envolve a semente, deve serretirado.
Número de sementes por quilo: 2.580(
Tratamento prégerminativo: não há necessidade. Sementes imersas em água, à temperatura ambiente por 12 horas, apresentaram43% de germinação contra 65% sem imersão.
Longevidade e armazenamento: as sementes dessa espécie têm comportamento tipicamente recalcitrante quanto ao armazenamento, não suportando períodos de armazenamento maiores do que 6 meses. Sementes com faculdade germinativa inicial de 65%, após 60 dias caíram para 12%.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda se semear em sacos de polietileno, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. Quando necessária, a repicagem pode ser feita de 35 a 45 dias após a semeadura.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar. A emergência ocorre de 30 a 130 dias após a semeadura. O poder germinativo é irregular, variando de 40% até 80%. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de 8 meses após a semeadura.
Cuidados especiais: as plântulas de cuvatã não suportam a luz direta, motivo pelo qual devem ser plantadas em canteiros cobertos por esteiras ou ripados
.Características Silviculturais
O cuvatã é uma espécie esciófila, com muita tolerância à sombra. Muitas vezes, sua regeneração é abundante dentro da floresta. Essa espécie tolera baixas temperaturas.
Hábito: apresenta crescimento monopodial, com boa desrama natural.
Métodos de regeneração: Cupania vernalis é inadequada para plantio a céu aberto. Recomenda se plantio em vegetação matricial arbórea: capoeiras ou capoeirões, abrindo se picadas. Essa espécie apresenta brotação vigorosa da touça.
Crescimento e Produção
Existem poucos dados de crescimento do cuvatã em plantios).
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade):a madeira do cuvatã é moderadamente densa(0,65 a 0,84 g.cm3) a 15% de umidade.
Cor: o alburno é estreito, ligeiramente diferenciado do cerne, quanto à cor. O cernevaria de bege a bege claro, ligeiramente rosado.
Características gerais: essa madeira apresenta textura fina a média e grã direita a irregular. A superfície é lisa ao tato e de pouco brilho, e o cheiro e o gosto são imperceptíveis.
Durabilidade natural: em ensaios de laboratório, essa madeira demonstrou ser de média resistência ao ataque de organismos xilófagos.
Preservação: quando submetida à impregnação sob pressão, essa madeira demonstrou ser pouco a moderadamente permeável às soluções preservativas.
Trabalhabilidade: essa madeira é compacta, elástica e recebe bem o verniz.
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie apresenta pequeno valor comercial, podendo ser usada em obras internas, marcenaria, carpintaria, mourões, tábuas, esteios, cepos de tamanco, fôrmas para calçados, implementos agrícolas, entalhes, peças torneadas, tacos e tábuas para assoalho.
Energia: produz boa lenha e ótimo carvão.
Celulose e papel: Cupania vernalis é inadequada para esse uso. Substâncias tanantes: a casca do cuvatã fornece tanino .
Apícola: as flores dessa espécie são melíferas, fornecendo néctar.
Paisagístico: a árvore é esbelta e pode ser empregada em paisagismo, principalmente em arborização de ruas, por apresentar folha gemornamental propícia para sombreamento.
Plantios em recuperação e restauração ambiental: o cuvatã produz frutos muito procurados por pássaros, sendo útil para plantios mistos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente
e apropriada para restauração de ambientes ripários e nos reservatórios das hidrelétricas. Cupania vernalis é uma das espécies da floresta com araucária, com boa deposição deserapilheira e macronutrientes, caracterizando se como espécie perene e de grande importância naestrutura da floresta
Espécies Afins
O gênero Cupania foi estabelecido em 1703,por Linnaeus, e tem sua distribuição neotropical, desde o México até a Argentina, com 42 espécie se mais 7 duvidosas, dispersas pelo Brasil desde a Região Norte até o extremo Sul, no Rio Grande do Sul, perfazendo um total de 26 espécies perfeitamente delimitadas. O cuvatã é uma das espécies do gênero Cupania de maior distribuição fitogeográfica, ocorrendo em diferentes formações, tanto amazônicas como extra amazônicas. Cupania vernalis é muito semelhante a Cupaniacinerea, causando realmente muita confusão na identificação. Uma característica de importância para a separação é exatamente a ausência em C. vernalis da pilosidade de cor cinérea da face inferior dos folíolos, tão marcante em C. cinerea