Madeiras brasileiras e exóticas
Cupiúva
Taxonomia e Nomenclatura
De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica de Tapiriraguianensis obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae)
Ordem: Sapindales
Família: AnacardiaceaeGênero: Tapirira
Espécie: Tapirira guianensis Aublet
Publicação: Hist. Pl. Guiane, 1: 470, t. 188, 1775Sinonímia botânica: Tapirira myriantha Triana;Planch. O sinônimo acima é o mais encontrado na literatura, mas essa espécie tem uma sinonímia considerável e disponível em Fleig (1979).
Nomes vulgares por Unidades da Federação: paupombo, no Acre e no Ceará; cupiúba,em Alagoas, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte; paupombo, saboeiro e tatapiririca, no Amazonas; paupombo e paupombovermelho,na Bahia; frutadepombo, mangueirinha, paupombo, peitodepomba, pombeiro e tapirirá,em Minas Gerais; tapiririca, tatapirica e tatapiririca, no Pará; cupiúba e paupombo, na Paraíba e em Pernambuco; camboatá, cubiúba e cupiúva,no Paraná; cupiúva e cupiúvavermelha, em Santa Catarina; cedroí, copiúva, paupombo, peitodepomba, peitodepombo e tapiriri, no Estado de São Paulo. Nos seguintes nomes vulgares, não foi encontrada a devida correspondência com as Unidades da Federação: aroeirana e cedronovo.
Nomes vulgares no exterior: mara macho enihibimi, na Bolívia.No comércio internacional, é conhecida por joboe cedrof Etimologia: o nome genérico Tapirira se origina de tapiriri, da língua caraíba – Aublet, o autor do nome, não se refere à sua tradução; o epíteto específico guianensis é porque é natural das Guianas
Descrição
Forma biológica: é uma árvore perenifólia. As árvores maiores atingem dimensões próximas de30 m de altura e 80 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: é curto, reto ou tortuoso. O fuste mede até de 6 m de comprimento .
Ramificação: é cimosa ou dicotômica. A copa é larga, paucifoliada ou transparente, com folhagem verde opaca e esgalhamento largo, comramos glabros.
Casca: mede até 5 mm de espessura. A casca externa é cinza escura a acastanhada, com manchas brancas, rugosa e com fendas longitudinais(fissuras) nas árvores desenvolvidas.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de 800mm, no Estado do Rio de Janeiro, a 3.000 mm, no Pará.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, no litoral de Santa Catarina, do Paraná, do Estado de São Paulo e no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro. Uniformes ou periódicas, na faixa costeira da Bahia e nas áreasde Alagoas e Pernambuco. Periódicas, nos demais locais.
Deficiência hídrica: nula, no litoral de Santa Catarina, do Paraná, do Estado de São Paulo e no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro.
Solos e Nutrição
Tapirira guianensis ocorre, naturalmente, nos tabuleiros das planícies quaternárias do litoral de solos predominantemente arenosos marinhos, sendo adaptada a solos de extrema acidez e de baixa fertilidade química. Essa espécie é altamente tolerante ao alumínio(Al), desenvolvendo mecanismos que inibem a toxidez desse elemento.
Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos dessa espécie devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a queda espontânea. Em seguida, devem ser despolpados, manualmente, e lavados em água corrente, dentro de uma peneira. Após a separação das sementes, estas devem secar à sombra. Quando a semeadura é feita no próprio local, não há necessidade de se removera polpa, semeandose os próprios frutos, como se fossem sementes.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda se a semeadura em sementeiras, com posterior repicagem para sacos de polietileno ou em tubetes de polipropilenomédio. A repicagem pode ser efetuada quando as plântulas alcançarem 4 a 6 cm de altura.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência tem início de 10 a 30 dias, após a semeadura. A taxa de germinação geralmente é elevada. O desenvolvimento das mudas é rápido, ficando prontas para plantio no local definitivo entre 4 a 5 meses após a germinação. Germinação em laboratório: temperatura de30ºC, em vermiculita, com 25% de germinação.
Cuidados especiais: utilizar canteiros semis ombreados contendo substrato organo argiloso.
Características Silviculturais
A cupiúva é uma espécie esciófila ou de luz difusa quando jovem, e heliófila quando adulta. Não tolera baixas temperaturas.
Hábito: essa espécie apresenta forma inicial satisfatória, com dominância apical definida e com ramificação leve. Apresenta, também, desrama natural fraca, devendo sofrer podas freqüentes de condução e dos galhos.
Métodos de regeneração: após queda natural, indivíduos dessa espécie têm alta capacidade de emitir rebrotas perpendiculares ao troncomãe.Com o passar do tempo, simultaneamente ao apodrecimento do tronco caído, por meio do desenvolvimento de raízes adventícias, cada uma dessas rebrotas pode se tornar um indivíduo na comunidade.
Sistemas agroflorestais: essa espécie é recomendada para sombreamento em pastagens, em Minas Gerais, por apresentar copa irregular, propiciando sombra densa, dando um diâmetro de sombra de 4 a 6 m .Na Bolívia, essa espécie é indicada para o enriquecimento de cortinas (quebra ventos naturais) e como fileira central na cortina de três ou mais fileiras.
Plantar de4 a 5 m entre árvores. No Brasil, essa espécie é deixada no sistema de cabruca ou seja, FlorestaAtlântica raleada sobre plantação de cacau, na Região Sul da Bahia.
Crescimento e Produção
Existem poucos dados de crescimento da cupiúva em plantios (Tabela 19). Contudo, o desenvolvimento no campo é rápido.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da cupiúva é moderadamente densa–0,51 a 0,66 g.cm3 .
Massa específica básica: 0,42 g.cm3.
Cor: o cerne varia de róseo pálido a róseo claro, uniforme; o alburno é nitidamente diferenciado, bege claro e com nuances róseas.
Características gerais: a textura é fina a média, e a grã direita. Essa madeira apresenta superfície lisa ao tato e brilho suave. Nas superfícies longitudinais da madeira recém cortada, comumente ocorrem pontos escuros de resina provenientes dos canais secretores radiais. Esses pontos escuros, ocasionados pelo derrame da resina, são superficiais, sendo, então, eliminados, facilmente, por um leve polimento. O cheiro e o gosto da cupiúva são imperceptíveis .
Durabilidade natural: a madeira dessa considerada de baixa resistência ao ataque de organismos xilófagos.
Preservação: quando submetida a tratamento sob pressão, a madeira da cupiúva demonstrou ser permeável às soluções preservantes.
defeitos como rachaduras, empenamentos, colapso e endurecimento superficial .Trabalhabilidade: essa madeira é macia ao corte, mas na superfície radial produz um aplainamento médio a áspero.
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: por ser leve, a madeira de cupiúva é fácil de se trabalhar. Apresenta cor agradável e propriedades mecânicas baixas, podendo ser usada na fabricação de brinquedos, compensados, embalagens, caixotaria leve, ferramentas, implementos, móveis comuns, entalhes, saltos para calçados, cabos de vassoura,lambris, tabuado, carpintaria, marcenaria, construção civil, obras externas, esteios, mourões, vigas, estacas, esteios, cabos de ferramenta e caixão de defunto. Em construção naval, é utilizada em convés .
Energia: a cupiúva é adequada para carvão e lenha.
Celulose e papel: a madeira dessa espécie é boa para fabricação de papel .Substâncias tanantes: as cascas dessa espécie são taníferas, com cerca de 9% de tanino.
Apícola: as flores dessa espécie são melíferas. As flores masculinas fornecem néctare pólen, enquanto as flores femininas apenas néctar .
Medicinal: as folhas da cupiúva são venenosas, mas também são empregadas na medicina popular como vesicante . A casca e as folhas são usadas em decocção, para dermatoses, e em infusão, para sífilis. Tem efeito depurativo. Plantios em recuperação e restauração ambiental: a árvore da cupiúva pode ser empregada, com sucesso, nos plantios heterogêneos de áreas degradadas de preservação permanente, principalmente locais úmidos, graças à tolerância a esse ambiente e à produção de frutos altamente procurados pela fauna, em geral. É, também, recomendada para a recuperação ambiental de dunas litorâneas .Os indivíduos dessa espécie mostram cicatrizes nos troncos e nos galhos, ocasionados pelos micos (Callithrix jacchus penicillata) que utilizamos exsudações das árvores dessa espécie para alimentação . O saguicomum (Callithrix jacchus) também utiliza essa espécie na sua dieta alimentar .Essa espécie tem uma participação efetiva na composição da serrapilheira da restinga do litoral do Paraná. Indicada para restauração de ambiente ripário, onde suporta encharcamento e inundação.
Espécies Afins
O gênero Tapirira Aublet, com cerca de 15 espécies, principalmente na América Tropical, com algumas no trópico do Velho Mundo. No Brasil, ocorre, também, Tapirira marchandii Engl., na Floresta Estacional Semi decidual, onde é conhecida por pau pombo