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Madeiras brasileiras e exóticas

Corticeira-do-Banhado

Corticeira-do-Banhado

Taxonomia e Nomenclatura

De acordo com o Sistema de Classificação de
Cronquist, a posição taxonômica de Erythrinacristagalli obedece à seguinte hierarquia:Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)Subclasse: Rosidae
Ordem: FabalesFamília: Fabaceae: Faboideae (Leguminosae:Papilionoideae).Gênero: Erythrina
Espécie: Erythrina cristagalli L.
Publicação: in Mart. Plant. 1:99 .1767Sinonímia botânica: Corallodendrum cristagalli Kuntze; Erythrina laurifolia Jacq.; Erythrinaspeciosa Todaro.; Micropteryx cristagalli Walp.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: eritrinacristadegalo e mulungu, na Bahia;mulungum, em Mato Grosso do Sul; cristadegalo, samaúva e samauveira, em Minas Gerais;corticeira, corticeiradobanhado, corticeiradobrejo, cristadegalo, mulungum e sananduva,no Paraná; corticeira, corticeiradobanhado emarrequinha, no Rio Grande do Sul; corticeira, no Estado do Rio de Janeiro; corticeira, corticeirabicodepapagaio, flordecoral e marrequeira,em Santa Catarina; corticeira, cristadegalo, flordecoral, maçãdecobra, patinha, samauveira,sananduva e suinã, no Estado de São Paulo.
Nomes vulgares no exterior: seibo, na Argentina; ceibo, no Paraguai e no Uruguai.
Etimologia: o nome genérico Erythrina derivado grego (erythros), que significa “vermelho”, em alusão à cor de suas flores.

Descrição

Forma biológica: arbusto, arvoreta a árvore decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 20 m de altura e 80 cm de DAP(diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: é em geral tortuoso e revestido por uma camada espessa de casca suberosa, daí ser conhecida como corticeira. É armado de acúleos, embora pouco numerosos, às vezes raros ou completamente ausentes. O fuste é curto, medindo até 3 m de comprimento.
Ramificação: é dicotômica. A copa é arredondada, com galhos tortuosos. Nos extremos das ramas grossas, nascem muitos ramos. Geralmente, os ramos e as folhas possuem espinhos curvos e aplanados.
Casca: com espessura de até 24 mm. A superfície da casca externa é pardogrisácea escura, áspera e semifibrosa; apresenta se rugosa gretada longitudinalmente, formando costilhas irregulares; ao ser raspada, é de cor marromocrácea. A casca interna é de cor rosada, muito fibrosa.
Folhas: são compostas por três folíolos; esses folíolos são elípticos a ovalados, glabros na face superior e ceríferos na inferior, às vezes com acúleos sobre a nervura central. Os folíolos laterais medem de 6 a 8 cm de comprimento e o terminal mede de 9 a 10 cm de comprimento; as folhas dessa espécie são longopecioladas, com pecíolosdelgados, às vezes aculeados e glabros, medindo de 5 a 8 cm de comprimento.

Clima

Precipitação pluvial média anual: de1.000 mm, em Minas Gerais, a 2.300 mm, no Rio Grande do Sul.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul. Periódicas, nas demais regiões.
Deficiência hídrica: nula, na Região Sul. Pequena, no verão, no sul do Rio Grande do Sul. Moderada, no inverno, no oeste do Estado de São Paulo. Forte, no Ceará, no Maranhão e no norte de Minas Gerais.
Temperatura média anual: 14,5 ºC (São Francisco de Assis, RS) a 26,6 ºC (Fortaleza, CE).Temperatura média do mês mais frio: 10,6ºC (São Francisco de Assis, RS) a 25,7 ºC (Fortaleza, CE).Temperatura média do mês mais quente:18,8 ºC (São Francisco de Assis, RS) a 27,3 ºC(Fortaleza, CE).Temperatura mínima absoluta: 8,4 ºC (Castro, PR).
Número de geadas por ano: médio de 0 a 13;máximo absoluto de 33 geadas, na Região Sul.
Classificação Climática de Koeppen:Aw (tropical úmido de savana, com inverno seco),no Ceará, no Maranhão, em Minas Gerais e no Estado do Rio de Janeiro. Cfa (subtropical úmido, com verão quente), no Rio Grande do Sul. Cfb (temperado sempre úmido, com verão suave e inverno seco, com geadas freqüentes), no Paraná e no Rio Grande do Sul. Cwa (subtropical,com inverno seco não rigoroso e verão quentee moderadamente chuvoso), em Minas Gerais e no Estado de São Paulo. Cwb (subtropical de altitude, com verões chuvosos e invernos frios e secos), no sul de Minas Gerais e no Estado de São Paulo.

Solos

Erythrina cristagalli ocorre, naturalmente, em solos brejosos e úmidos. Apresenta alta tolerância a solos saturados de água, sendo encontrada em solos Orgânicos, Gleicos e Cambissolos Húmicos. Pode ser encontrada ainda em solos drenados, situados em locais altos, desde que não muito arenosos – por sofrerem drenagem rápida.

Sementes

Colheita e beneficiamento: o legume (fruto)é colhido diretamente da árvore, quando estiver prestes a se abrir, ou no chão, após a queda. Em seguida, os frutos devem ser postos ao sol, par asecar e facilitar a abertura manual para a retiradadas sementes.
Número de sementes por quilo: 1.600 a 4.000 .
Tratamento prégerminativo: apresenta leve dormência tegumentar. Sementes escarificadas mecanicamente apresentaram germinação mais alta (34,67%) em relação às sementes embebidas em água por 24 horas (12%)
.Longevidade e armazenamento: as sementes dessa espécie começam a perder o poder germinativo 90 a 180 dias após a colheita.

Produção de Mudas

Semeadura: as sementes devem ser postas para germinar logo que colhidas, diretamente em recipientes individuais ou em canteiros de sementeiras. As plântulas devem ser mantidas em ambiente semisombreado. Quando necessária, a repicagem, deve ser feita tão logo a plântula emita a parte aérea.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência ocorre de 5 a 10 dias após a semeadura; contudo, as sementes têm germinação irregular no tempo. O poder germinativo é irregular, variando de 12% a 80%. As mudas atingem porte adequado para plantio, cerca de 6 meses após a semeadura. Mudas de raiz nua apresentam ótimo pegamento .Associação simbiótica: foram encontrados nódulos no solo coletado sob indivíduos adultos e utilizado para produção de mudas. Contudo, com 3 meses de idade, as mudas não apresentaram nodulação.
Reprodução assexuada: a corticeiradobanhado pode ser propagada por estacas retiradas da parte aérea. Na Europa, para plantas cultivadas dessa espécie, recomendase utilizar estacas tenras e robustas de ramos novos colhidas na primavera (medindo de8 a 12 cm de comprimento), colocadas em local fechado, quente, sombreado e com nebulização..

Características Silviculturais

Erythrina cristagalli é uma espécie heliófila, que não tolera geadas no estágio juvenil.
Hábito: não apresenta desrama natural. As podas devem ser apenas de formação ou eliminação de brotos ladrões.
Métodos de regeneração: a corticeiradobanhado pode ser plantada em plantio misto, associada com espécies pioneiras e secundária siniciais, principalmente para corrigir sua forma. Essa espécie brota, intensamente, da touça ou da cepa.

Crescimento e Produção

Há poucos dados de crescimento sobre a corticeiradobanhado, em plantios.

Características da Madeira

Massa específica aparente (densidade):a madeira da corticeiradobanhado é leve (0, 22a 0,34 g.cm3), a 15% de umidade .
Outras características: essa madeira é mole, porosa e de baixa durabilidade em ambiente externo.

Produtos e Utilizações

Madeira serrada e roliça: a madeira dacorticeiradobanhado não tem uso industrial. Contudo, é própria para confecção de bóias, flutuadores de redes de pescar, salvavidas, canoas, jangadas, cepos para tamancos, gamelas, cochos, esculturas, molduras e colméias. É usada ainda na fabricação de aparelhos ortopédicos e na armação de moldes.
Energia: a lenha é imprestável . Contudo, produz carvão para pólvora.
Celulose e papel: essa espécie é apta para produção de pastas celulósicas. Constituintes fitoquímicos: a casca da corticeiradobanhado contém o alcalóide eritrina (muito próximo ao curaré), que possui propriedades narcóticas e sedativas ,sendo considerado um antídoto da beladona.
Substâncias tanantes: a casca dessa espécie é rica em tanino .
Apícola: as flores da corticeiradobanhado são melíferas.
Medicinal: na medicina popular, a casca da árvore é empregada como adstringente em banhos de acento e em banhos de vapor, no combate às dores nos ossos. O decocto da casca é indicado para acalmar o sistema nervoso. Esse decocto é usado, também, topicamente, em forma de compressa, em casos de cortes e de contusões. É usado ainda para controlar a hipertensão arterial e como purgativo nos casos de prisão de ventre.
Paisagístico: a árvore é bastante ornamental, principalmente na época da floração, prestando se para formação de parques e jardins, uma vez que também se desenvolve em terrenos secos. Atrai beija flores e fica bem em qualquer jardim, realçando mais ainda à beira de cursos d’água. Na floração, cobre se inteiramente de cachos de flores róseas de grande efeito estético. Antes de se abrirem, as flores têm forma de bico de pato. Erythrina cristagalli foi declarada “flor nacional”d a Argentina, pelo Decreto 138.974 de 1942. .Cortiça: nos flutuadores das redes de pesca, amadeira dessa espécie substitui a cortiça.

Principais Pragas e Doenças

Pragas: os frutos e as sementes da corticeiradobanhado são fortemente atacados por besouros curculionídeos, diminuindo seu potencial de regeneração natural.
Doenças: Fungos associados às sementes dessa espécie:• Fusarium sp. (23,3% de intensidade).• Penicillium sp. (13,3%).• Aspergillus sp. (12,6%).• Cladosporium sp. (1,33%).Esses patógenos podem ser transmitidos para asplântulas e causar problemas na produção demudas dessa espécie.

Espécies Afins

O gênero Erythrina L. ocorre nas regiões tropicai se subtropicais do mundo. É representado por cerca de 108 espécies , das quais são encontradas cerca de 12 no Brasil. No Brasil, Erythrina cristagalli L. é espécie próxima de Erythrina falcata, da qual separase, facilmente, pelo tamanho de sua inflorescência e por habitar várzeas úmidas. No Uruguai, ocorre Erythrina cristagalli var.leucochlora. Essa variedade, conhecida por ceibo blanco, se distingue da variedade típica, por ter folhas mais ou enos glaucas e flores com pétalas brancas, com a base ligeiramente esverdeada).

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