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Madeiras brasileiras e exóticas

Carne de Vaca

Carne de Vaca

Taxonomia e Nomenclatura
De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica de Clethra scabra obedece à seguinte hierarquia:

Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)Ordem: Ericales
Família: ClethraceaeGênero: Clethra
Espécie: Clethra scabra Pers.
Publicação: Pers., Syn. 1: 483. 1805
Sinonímia botânica: Clethra brasiliensisCham. et Schlecht.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: canjuja, guaperê, paudecera, vassourão e vermelhão, em Minas Gerais; cangalheirafalsa, carnedevaca, caujuja e guaperê, no Paraná;canelaabacate e folhadebolo, no Estado do Rio de Janeiro; carnedevaca, caujuja e guaperê, no Rio Grande do Sul; canjuja, canjujeira, carnedevaca e caujuja, em Santa Catarina; cangalheira,cangalheirafalsa, cangalheiro, cangalheirofalso,caujuja, caúna, falsacangalheira, guaperê, paudecinzas e vassourão, no Estado de São Paulo.
Nomes vulgares no exterior: cori cori, na Bolívia.
Etimologia: o nome genérico Clethra é o nomegrego do Alnus (Betulaceae), uma vez que a espécie tipo Clethra alnifolia L. muito se assemelhaao gênero das Betuláceas em suas folhas o epíteto específicos cabra vem do latim scaber (scabra, acabrum),que significa “áspero ao tato” (folha).

Descrição

Forma biológica: arbusto, arvoreta a árvore perenifólia a semi decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 30 m de altura e60 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: geralmente um pouco tortuoso a cilíndrico. Fuste com até 12 m de comprimento.
Ramificação: é simpódica. A copa é pequena e arredondada ou um pouco alongada, com folhagem densa distintamente discolor, verde escuraem cima e grisácea em baixo. Os ramos jovens são fulvotomentosos.
Casca: com espessura de até 8 mm  A superfície da casca externa é cinza rosada a acastanhada, de aspecto verrucoso suave, com decomposição da superfície em fendas, com orientação longitudinal e desprendimento pulverulento; a textura é curto fibrosa e a estrutura laminada . A casca interna é de coloração rosada a avermelhada; a textura é curto fibrosa e a estrutura é trançada.
Folhas: são simples, alternas, subcoriáceas, oblongo agudo, oblanceolado a subespatuladas, com base atenuada, ápice arredondado ou obtuso ou agudo.

Clima

Precipitação pluvial média anual: de 900mm, na Bahia, a 3.700 mm, na Serra de Parana piacaba, SP.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul (excetuando se o norte do Paraná). Periódicas, nas demais regiões. Deficiência hídrica: nula, na Região Sul (exceto o norte do Paraná), na Serra da Bocaina, MG, e na Serra da Cantareira, SP. De pequena a moderada, no inverno, no centro e no leste do Estado de São Paulo, no sul de Minas Gerais e no sudoeste do Espírito Santo. Moderada, no inverno, no leste de Minas Gerais e na Região Central da Bahia.
Temperatura média anual: 13,4 ºC (Campos do Jordão, SP) a 23,7 ºC (Rio de Janeiro, RJ).
Temperatura média do mês mais frio: 8,2ºC (Campos do Jordão, SP) a 21,3 ºC (Rio de Janeiro, RJ).
Temperatura média do mês mais quente:19,9 ºC (Curitiba, PR) a 26,5 ºC (Rio de Janeiro, RJ).
Temperatura mínima absoluta: 10,4 ºC(Caçador, SC). Na relva, a temperatura mínima absoluta pode chegar até 17 ºC.
Número de geadas por ano: médio de 0 a 30;máximo absoluto de 81 geadas no Planalto Sul Brasileiro, e em Campos do Jordão, SP.
Classificação Climática de Koeppen: Af(tropical super úmido), no litoral do Paraná e do Estado de São Paulo. Aw (tropical, com verão chuvoso, com inverno seco), no Estado do Rio de Janeiro. Cfa (subtropical úmido, com verão quente), no Paraná e no Estado de São Paulo. Cfb (temperado sempre úmido, com verão suave e inverno seco, com geadas freqüentes), no sul de Minas Gerais, no Itatiaia, RJ, no Paraná, em Santa Catarina e em Campos do Jordão, SP.Cwa (subtropical, de inverno seco não rigoroso e com verão quente e moderadamente chuvoso),em Minas Gerais e no Estado de São Paulo. Cwb (subtropical de altitude, com verões chuvosos e invernos frios e secos), na Chapada Diamantina, BA, no sul de Minas Gerais e nos Estados do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Solos

Ocorre, naturalmente, em diversos tipos de solos.

Sementes

Colheita e beneficiamento: as infrutescências devem ser colhidas diretamente da árvore, quando os primeiros frutos iniciarem a abertura espontânea. Em seguida, esses frutos devem ser expostos ao sol, para completar a abertura e a liberação das minúsculas sementes.
Número de sementes por quilo: 4 milhões.
Tratamento prégerminativo: não é necessário.
Longevidade e armazenamento: as sementes dessa espécie apresentam comportamento recalcitrante com relação ao armazenamento, perdendo a viabilidade em pouco tempo.

Produção de Mudas

Semeadura: devido ao seu tamanho minúsculo, recomenda se semear a semente dessa espécie em sementeiras e depois repicar as plântulas para saco de polietileno com dimensões mínimas de20 cm de altura por 7 cm de diâmetro ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. A repicagem deve ser feita quando as plântulas atingirem de 4 a 5 cm de altura.
Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. A emergência tem início de 20 a 58 dias após a semeadura. O poder germinativo é irregular. As mudas atingem 20 cm de altura, 5 a 6 meses após a semeadura.
Cuidados especiais: essa espécie aceita bem substrato arenoso, com alto teor de alumínio. Cobertura com tela de sombrite, com 50% de luminosidade.

Características Silviculturais

Clethra scabra é uma espécie heliófila, que tolera baixas temperaturas.
Hábito: apresenta forma tortuosa, sem dominância apical definida, com ramificação pesada, bifurcações e com multitroncos. Apresenta, também, desrama natural fraca, devendo sofrer podas freqüentes de condução e dos galhos.
Métodos de regeneração: essa espécie é recomendada para plantio puro ou plantio misto a pleno sol. A carnedevaca brota do toco ou datouça.

Crescimento e Produção

Clethra scabra apresenta crescimento lento, podendo atingir uma produção volumétrica estimada de até 5,35 m 3.ha 1.ano 1 aos 8 anos de idade.

Características da Madeira

Massa específica aparente (densidade):a madeira da carnedevaca é moderadamente densa (0,53 a 0,62 g.cm3) a 15% de umidade.
Cor: o alburno é rosado e o cerne é castanhoclaro.
Características gerais: a madeira dessa espécie apresenta superfície lisa ao tato, brilho pouco acentuado, textura fina, grã direita e gosto e cheiro indistintos.
Outras características: a descrição anatômica dessa madeira pode ser encontrada

.Produtos e Utilizações

Madeira serrada e roliça: a madeira da carnedevaca pode ser usada em desdobro, taboado, caixotaria leve, carpintaria, marcenaria, vigamentos, obras internas e externas, esteios, mourões,cabos de ferramentas e miolos de compensados.
Energia: a lenha e o carvão dessa madeira são de boa qualidade.
Celulose e papel: essa espécie é adequada para papel.
Apícola: planta melífera, com produção de néctar e pólen.
Constituintes fitoquímicos: foram encontrados alcalóides, saponina e substâncias tanantes. Plantios em recuperação e restauração ambiental: essa espécie é importante para recuperação de áreas degradadas, restauração de áreas de preservação permanente e de ambientesripários.

Espécies Afins

O gênero Clethra Gronov. ex L. compreende cerca de 30 espécies. Clethra scabra está dividida em três variedades1 – Folhas geralmente papiráceas, face dorsal com tomento cinéreoalvescento2.c – C. scabra v. laevigata1 – Folhas geralmente subcoriáceas ou coriáceas, tomento na parte inferior fulvoferrugíneo.2 – Folhas com retículo geralmente obscurecido pelo tomento.2.b. – C. scabra v. venosa2 – Sem este caráter2.a. – Clethra scabra v. scabraContudo, Ichaso e Guimarães (1975) comentam que dendrologicamente é bastante difícil distinguiras diversas variedades apontadas na literatura.

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