Madeiras brasileiras e exóticas
Canela do Brejo
Taxonomia e Nomenclatura
De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica da Ocotea pulchella obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledoneae)
Ordem: MagnolialesFamília: Lauraceae
Gênero: OcoteaEspécie: Ocotea pulchella (Nees) MezPublicação: Jahrb. Königl. Bot. Gart. Berlin5:317. 1889.
Sinonímia botânica: Mespilodaphne pulchellavar. elliptica Meisn.; Mespilodaphne pulchella var.ferruginea Meisn.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: canela, canelaamarela, canelaprego e canelinha, em Minas Gerais; caneladobrejo,canelalageana, caneleira e canelinha, no Paraná; caneladobrejo, canelacantadeira, canelalajeana, canelalaranja, canelamiúda, canelapimenta, canelapinho, canelapreta, canelaraposa,canelaseiva e canelinha, no Rio Grande doSul; caneladobrejo e canelalajeana, em Santa Catarina; caneladobrejo, caneladocerrado,caneladafolhadura, canelapreta, canelinha einhumirim, no Estado de São Paulo.
Etimologia: o nome genérico Ocotea é nome naGuiana.
Descrição
Forma biológica: arvoreta a árvore perenifólia a semi decídua. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 30 m de altura e 120 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: geralmente é um pouco tortuoso, com fuste de até 10 m de comprimento.
Ramificação: é dicotômica. A copa é ampla, mas paucifoliada e com folhagem verdefosca.
Casca: com espessura de até 10 mm. A superfície da casca externa é de coloração cinzento escura, áspera a rugosa, com lenticelas grandes,Ocotea pulchellaCaneladoBrejo podendo apresentar fissuras e até fendas em exemplares velhos, com descamação em placasretangulares pequenas.Folhas: são simples, alternas, inteiras, coriáceas, de pecíolo curto e base atenuada, com facesuperior geralmente glabra e face inferior compilosidade ferrugínea, densa ou rala, muito característica.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.150 mm, no Rio Grande do Sul, a 2.000 mm, no Estado de São Paulo.
Regime de precipitações: chuvas uniformemente distribuídas, na Região Sul (excetuando se o norte do Paraná) e no sudoeste do Estado de São Paulo. Periódicas, nos demais locais. Deficiência hídrica: nula, na Região Sul(excetuando se o norte do Paraná) e no sudoeste do Estado de São Paulo. De pequena a moderada, no inverno, no centro e no leste do Estado de São Paulo, no sul de Minas Gerais, no Distrito Federal e no sul de Goiás. Moderada, nas Serras do Ceará.
Temperatura média anual: 13,4 ºC (Campos do Jordão, SP) a 21,2 ºC (Brasília, DF).Temperatura média do mês mais frio: 8,2 ºC (Campos do Jordão, SP) a 19,5 ºC (São Benedito, CE).Temperatura média do mês mais quente:20 ºC (Caçador, SC) a 24,6 ºC (Santa Maria, RS).
Temperatura mínima absoluta: 10,4 ºC (Caçador, SC). Na relva, a temperatura mínima pode chegar até 15 ºC.
Número de geadas por ano: médio de 0 a 30;máximo absoluto de 81 geadas no Planalto Sul Brasileiro e em Campos do Jordão, SP.
Classificação Climática de Koeppen:Am (tropical chuvoso, com chuvas do tipo monção, com uma estação seca de pequena duração), nas Serras do Ceará. Cfa (subtropical úmido, com verão chuvoso), no Paraná, no Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no Estado de São Paulo. Cfb (temperado sempre úmido, com verão suave e inverno seco, com geadas freqüentes), no Paraná, em Santa Catarina e na Região de Campos do Jordão, SP.Cwa (subtropical, de inverno seco não rigorosoe com verão quente e moderadamente chuvoso),no Distrito Federal, em Goiás, em Minas Gerais e no Estado de São Paulo. Cwb (subtropical de altitude, com verões chuvosos e invernos frios e secos), no sul de Minas Gerais.
Solos
Ocorre, naturalmente, na Região Litorânea, em solos orgânicos, úmidos até encharcados na maior parte do tempo e na Região do Planalto, nos solos mais enxutos e férteis dos pinhais.
Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos devem ser colhidos diretamente da árvore, quando começarem a cair espontaneamente. Em seguida, devem secar à sombra, para reduzir a umidade da polpa. Os frutos assim obtidos podem ser diretamente utilizados para semeadura como se fossem sementes, não havendo necessidade de despolpálos.
Número de sementes por quilo: 3 mil .Tratamento pré germinativo: não há necessidade.
Longevidade: as sementes da canela do brejo mostram comportamento recalcitrante em relação ao armazenamento, perdendo totalmente a viabilidade em ambiente não controlado em4 meses, sendo difícil sua conservação.
Produção de Mudas
Semeadura: quando necessária, a repicagem deve ser feita 30 a 35 dias após a germinação, quando as plântulas atingirem 3 a 6 cm de altura.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar. A emergência tem início de 25 a 60 dias após a semeadura. Geralmente, a germinação é baixa. Cuidados especiais: em canteiros semi sombreados, contendo substrato organo argiloso.
Características Silviculturais
A canela do brejo é uma espécie heliófila, que tolera baixas temperaturas.
Hábito: é variável, desde crescimento monopodial à ramificação irregular, com bifurcações e brotos ladrões na base do colo. Deve sofrer poda de condução, para formar um único fuste, e poda anual dos galhos.
Métodos de regeneração: a canela do brejo deve ser plantada em plantio misto e associada com espécies pioneiras.
Crescimento e Produção
Existem poucos dados de crescimento da canela do brejo, em plantios . Essa espécie pode alcançar 3 m de altura, aos 2 anos. Não foi observarado um padrão coerente entre as condições hídricas e a variação no incremento das árvores estudadas; embora os resultados indiquem que o excesso – e não o déficit hídrico – é a variável mais importante que conduz as variações no crescimento diamétrico, sob as condições de sítio da área de estudo.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira da canela do brejo é moderadamente densa 0,65 g.cm3 a 12% de umidade.
Cor: cerne e alburno são indistintos, de coloração creme.
Características gerais: grã irregular, com presença abundante de máculas medulares (pequenas manchas claras irregulares, cicatrizes deferimentos no câmbio provocado por insetos);superfície levemente áspera; a textura é média e brilhante; o cheiro e o gosto são indistintos.
Outras características: os valores de retratibilidade e resistência mecânica são médios. Apresenta baixa durabilidade natural quando em contato com o solo, mas é de fácil permeabilidade a produtos preservativos. A madeira dessa espécie é de boa qualidade e de fácil trabalhabilidade, mas pouco atraente.
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie é reputada como de segunda qualidade. Por sua baixa durabilidade natural, essa madeira é indicada para tabuado em geral, assoalho e peças de uso interno, rodapés, forros, etc. Considerando se sua permeabilidade a preservativos, a canela do brejo pode aumentar o número de suas aplicações, podendo ser usada na construção civil externa, pesada e leve, dormentes, vigas e esteios; lâminas e compensados. Em Minas Gerais, é uma das espécies preferidas para mourões, por resistir à habitual queima dos campos.
Energia: carvão com baixo poder calorífico. Rendimento de carbonização de 26,86% e Carbono fixo de 83,207%.Celulose e papel: essa espécie é adequada para esse uso.
Paisagístico: a árvore apresenta características ornamentais que a recomendam para paisagismo.
Plantios em recuperação e restauração ambiental: os frutos dessa espécie são consumidos por algumas espécies de pássaros. Essa espécie é ótima para plantios mistos em áreas de preservação permanente, principalmente pela rusticidade. É também indicada para restauração de ambientes ripários, onde suporta inundação.
Espécies Afins
Ocotea Aublet é gênero com aproximadamente350 espécies, a maioria neotropical (sul da Flórida e do México até a Argentina), cerca de 50espécies em Madagascar, 7 na África e 1 nas Ilhas Canárias. No Brasil, ocorrem cerca de 60 espécies, distribuídas, principalmente, no Sul e no Sudeste.Ocotea pulchella é bastante variável quanto à forma e à pilosidade das folhas ao longo de sua ampla área de ocorrência. A pubescência é mais acentuada em populações do Cerrado. É afim de O. tristis (Nees) Mez, masesta apresenta o retículo foliar fortemente laxo na face adaxial e não denso como em O. pulchella