Madeiras brasileiras e exóticas
Cajá da Mata
Taxonomia e Nomenclatura
De acordo com o Sistema de Classificação de Cronquist, a posição taxonômica de Spondiasmombin obedece à seguinte hierarquia:
Divisão: Magnoliophyta (Angiospermae)
Classe: Magnoliopsida (Dicotyledonae)
Ordem: SapindalesFamília: Anacardiaceae
Gênero: Spondias
Espécie: Spondias mombin L.Publicação: in Sp. pl. 371, 1753
Sinonímia botânica: Spondias lutea L.
Nomes vulgares por Unidades da Federação: cajá, cajazeira, taperebá, taperebádeanta e taperebádeveado, no Acre; cajá e taperebá, no Amazonas; cajazeira, na Bahia; cajazeira, cajazeira brava e cajazeiro, no Ceará; cajá da mata, no Espírito Santo; cajá, em Mato Grosso; acaiá, caiá, cajá e cajazeira, em Mato Grosso do Sul; cajá miúdo e cajazeiro miúdo, em Minas Gerais; cajá, cajácajazeiro, taberibá e taperebá, no Pará; cajá e cajazeira, em Pernambuco; cajarana, no Rio Grande do Norte; cajámirim e cajápequeno, no Estado do Rio de Janeiro; cajá, cajámirim etaperibá, em Santa Catarina.
Nomes vulgares no exterior: ubos, na Bolívia;ciruelo hobo, na Colômbia; hobo, no Equador; jobo, no México; ubos, no Peru; ciruelo de hueso, na Venezuela.
Etimologia: o nome genérico Spondias significa ameixa. O nome vulgar, cajá, vem do tupi, acaya, que significa “caiá”.
Descrição
Forma biológica: árvore com padrão decíduo de mudança foliar, concentrando a perda de folhas no período seco, sendo mais evidenciada de julho a setembro. As árvores maiores atingem dimensões próximas de 30 m de altura e 120 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo), na idade adulta.
Tronco: é reto, com saliências multiformes de cortiça (de longe, parecem espinhos ou acúleos).
Ramificação: é espalhada e pouco densa nas árvores adultas, menos ainda nas jovens. Apresenta copa de forma esférica, proporcionalmente igual ao fuste, com os galhos horizontais e ascendentes.
Casca: com até 50 mm de espessura. A superfície da casca externa é de coloração castanhoesbranquiçada a cinzaclara, rugosa, com proeminências semelhantes a espinhos e lenticelas,soltandose em placas grossas. A casca interna érosaclara, ligeiramente amarga, sem cheiro distinto.
Clima
Precipitação pluvial média anual: de1.000 mm, no Piauí, a 2.500 mm, no Amazonas, tendo como limite 2.750 mm anuais, no Acre.
Regime de precipitações: chuvas uniformes ou periódicas, na faixa costeira do sul da Bahia. Periódicas, nos demais locais.
Deficiência hídrica: de pequena a moderada, no Acre, no Amazonas, no Pará, em Roraima, em Pernambuco e em Sergipe. De pequena a moderada, no inverno, no sul de Goiás. De moderada a forte, no oeste da Bahia, no norte do Maranhão e no Pantanal Mato Grossense.
Temperatura média anual: 20,5 ºC (Guaramiranga, CE) a 26,7 ºC (Itaituba, PA).Temperatura média do mês mais frio: 19,2ºC (Guaramiranga, CE) a 25,8 ºC (Itaituba, PA /Tefé, AM).Temperatura média do mês mais quente:21,2 ºC (Guaramiranga, CE) a 27,8 ºC (Itaituba,PA).
Temperatura mínima absoluta: 1,4 ºC (Corumbá, MS). Número de geadas por ano: na área de ocorrência natural, são raras a ausentes, principalmente em Mato Grosso do Sul. Classificação Climática de Koeppen:Af (tropical superúmido), na faixa costeira do sul da Bahia. Am (tropical chuvoso, com chuvas do tipo monção, com uma estação seca de pequena duração), no Acre, no Amazonas, na Serra de Guaramiranga, no Ceará, no Pará, em Roraima e em Pernambuco. As (tropical chuvoso, com verão seco a estação chuvosa, se adiantando para o outono), no Rio Grande do Norte e em Sergipe. Aw (tropical úmido de savana, com inverno seco), no oeste da Bahia, no Ceará, no Maranhão, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul, no Pará, em Pernambuco, no Piauí, no Estado do Rio de Janeiro e no Acre. Cwa (subtropical, de inverno seco não rigoroso e verão quente e moderadamente chuvoso), no nordeste de Goiás.
Solos
Ocorre, naturalmente, em terrenos úmidos.
Sementes
Colheita e beneficiamento: os frutos devem ser recolhidos no chão, após sua queda da árvore. Após a despolpa, esses frutos devem ser lavados em água corrente e em seguida expostos ao sol, para secagem.
Número de sementes por quilo:.
Tratamento prégerminativo: não há necessidade.
Longevidade e armazenamento: em relação ao armazenamento, as sementes apresentam comportamento recalcitrante, e sua viabilidade é inferior a 3 meses.
Produção de Mudas
Semeadura: recomenda se semear uma só semente em saco de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro ou em tubetes de polipropileno grande.
Germinação: é hipógea ou criptocotiledonar. A emergência tem início de 25 a 240 dias após a semeadura e com 50,0% de germinação.
Propagação vegetativa: utilizando se de estacas de 30 cm de altura em substrato arenoso, obtidas de plantas adultas, que encontravam se despidas de folhagem, constataram que estacas sublenhosas e lenhosas dessa espécie apresentaram maior capacidade de brotação nas condições do estudo. Contudo, não houve enraizamento durante o período observado.
Características Silviculturais
Essa espécie é heliófila, não tolera baixas temperaturas.
Hábito: geralmente apresenta forma irregular, sem dominância apical definida e ramificação pesada. Não apresenta desrama satisfatória e necessita de poda de condução e de galhos, freqüente e periódica.
Métodos de regeneração: recomenda se plantio misto. Essa espécie se regenera espontaneamente por brotações caulinares e por brotações radiciais (raízes gemíferas). Brota vigorosamente da touça ou cepa.
Sistemas agroflorestais: as árvores dessa espécie são utilizadas como cerca viva, como sombreiras, também servindo para alimentar o gado. Essa espécie é deixada no sistema de cabruca, ou seja, vegetação nativa da Floresta Atlântica raleada sobre plantação de cacau, no sul da Bahia.
Crescimento e Produção
O crescimento do cajá da mata é moderado. Aos 5 anos de idade, essa espécie apresentou um incremento médio anual em volume de 8,90 m3.ha 1.ano 1.
Características da Madeira
Massa específica aparente (densidade): amadeira do cajá da mata é leve (0,41 a0,51 g.cm3), a 12% de umidade.
Cor: o alburno não é diferenciado do cerne, apresentando cor branco amarelada, com vasos e raios muito conspícuos, ligeiramente doce.
Características gerais: a madeira dessa espécie tem sabor distinto e adstringente, brilho mediano, grã reta e textura média. Outras características: madeira de média durabilidade natural e de trabalhabilidade fácil. As características macroscópicas e microscópicas da madeira dessa espécie podem ser encontrada sem Rodriguez Rojas; Sibille Martina (1996).
Produtos e Utilizações
Madeira serrada e roliça: a madeira dessa espécie tem pouca aplicação para essas finalidades. Entretanto, serve para ser moldada, torneada ou para uso em caixotaria, fabricação de fósforos, marcenaria, carpintaria e em aeromodelismo. Na Região Norte, é muito empregada na construção de pequenas.
Energia: é usada como combustível.
Celulose e papel: essa espécie é apropriada para polpa de papel branco.
Componentes fitoquímicos: os resultados de análises fitoquímicas das folhas e ramos verdes registram como principais componentes a presença de taninos elágicos e seus precursores como a geraniina, galoilgeraniina, além de ésteres do ácido caféico. Os ensaios farmacológicos mostraram que essas substâncias e o extrato bruto da planta têm propriedades adstringente, antibacteriana, moluscicidae antiviral, agindo sobre o vírus do herpes labial, da angina herpética e contra o vírus Cocksaquii, responsável pelos surtos periódicos de aftas dolorosas, especialmente em crianças.
Alimentação humana: o fruto dessa espécie é comestível e usado no preparo de vinhos, sorvetes, refrescos, sucos, licores, doces, geléias e compotas, mas seu grande valor está como refrigerante, de sabor excelente. Em virtude disso, essa espécie é muito cultivada nos estados do Norte e Nordeste do País. Na extremidade de suas raízes, cri ase um tubérculo que, outrora, por ocasião das grandes secas,
no Ceará, era colhido para o fabrico da farinha.
Apícola: as flores do cajá da mata são melíferas, produzindo pólen.
Medicinal: nas práticas caseiras da medicina popular, o cozimento das folhas é usado como gargarejo adstringente nas inflamações da boca e da garganta e, em massagens locais, para aumentar o tamanho dos seios; por via oral, se administra essa mesma preparação para tratamento caseiro da prostatite.
Paisagístico: essa espécie tem potencial ornamental, devendo ser plantada, principalmente, em parques.
Plantios para recuperação e restauração ambiental: essa espécie é muito importante na recuperação de ecossistemas degradados e na restauração de ambientes ripários.
Artesanato: da casca do tronco, se destacam pedaços grossos de súber, conhecido pelo nome de caraça de cajazeira, que são usados na preparação de pequenas esculturas e carimbos por artesãos locais, para modelagem e xilogravura.
Principais Doenças
Antracnose: causada por Glomerella cingulata(Ston.) Spauld.; Schrenk, é facilmente encontrada causando lesões em folhas, inflorescências e frutos.
Verrugose: causada por Sphaceloma spondiadisBitancourt; Jenkis, é considerada uma das maisse veras doenças das Spondias. A verrugose é, talvez, a mais conhecida enfermidade dessas plantas, em virtude dos sintomas característicos que causam nos frutos.
Resinose: causada por Botryosphaeria rhodina(Cooke) Ark. Embora de progressão lenta, essa enfermidade inevitavelmente leva a planta à morte, caso não seja controlada.
Cercosporiose: causada por Mycosphaerellamombin Petr. Constituindo se, talvez, na mais comum doença foliar das Spondias. Em alguns casos, a cercosporiose chega a causar severa queda de folíolos.
Manchadealga: causada por Cephaleurosvirescens Kunze, sempre afetando folhas mais velhas, sem causar prejuízos aparentes.
Espécies Afins
No oeste e no sudoeste da Amazônia, encontraram uma nova sub espéciede Spondias mombin ssp. mombin. Os caracteres mais úteis para diferenciar os táxons do gênero são encontrados nos frutos e nos folíolos.