MENU
Adesivos
Biomassa
Construção
Desdobro
Editorial
Eucalipto
Exportações
FIMMA
Máquinas
Melhoramento Genético
Móveis & Tecnologia
Painéis
Plantio
Recursos Humanos
Silvicultura
E mais...
Anunciantes
 
 
 

REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°88 - MARÇO DE 2005

E mais

Espécie é apontada como substituta do mogno

A madeira de guanandi tem sido citada por especialistas como espécie promissora na substituição do mogno. O guanandi possui a superfície ligeiramente lustrosa e tem boa durabilidade e resistência. Essas características permitem múltiplos usos, tais como na construção civil, para cabo de ferramentas, na construção naval, na construção pesada, em móveis finos, marcenaria, carpintaria, dormentes, pontes, postes, chapas e lâminas faqueadas decorativas e outros, bem como na indústria de barris para depósito de vinho.

O tempo de corte do guanandi é de 18,5 anos, e o preço médio é de R$ 2 mil ao m ³, um valor similar ao do mogno, que atualmente possui corte proibido no Brasil. A receita bruta estimada em cinco hectares é de R$ 3 milhões. Além disso, aos quatro anos a espécie já começa a produzir sementes, que podem ser comercializadas ou utilizadas para expandir o plantio. Com possibilidade de múltiplos usos e de comércio promissor esta espécie deve se tornar preciosa nos próximos anos. Porém, é uma opção para quem possui capital reservado, pois o investimento a cada hectare, incluindo as mudas, soma cerca de R$ 2 mil. Para colher os almejados R$ 3 milhões é preciso investir, inicialmente, pelo menos R$ 10 mil.

A exploração comercial do guanandi ainda é recente no Brasil, mas a planta é descrita por especialistas como “árvore tão antiga quanto o Brasil”. É totalmente resistente à água. Além dos diversos usos na indústria moveleira e de construção é uma ótima madeira para celulose. Do fruto extrai-se o óleo industrial com 44% de pureza. A casca e o látex são usados na medicina e na veterinária. Os chás das folhas e cascas são empregadas na medicina para a cura de diversos males. É uma planta ornamental, apícola e para reflorestamento ambiental, muito procurado pela fauna. Vai bem em solo seco, porém é a mais resistente das plantas nativas para locais úmidos e encharcados. É a primeira madeira de lei do país - lei de 7 de janeiro de 1835, quando o governo imperial reservou para o Estado o monopólio da exploração dessa madeira.

Quanto as propriedade físico mecânicas a madeira do guanandi pode ser classificada como moderadamente pesada, com retratibilidade e resistência mecânica médias e de estabilidade dimensional média. A durabilidade natural depende da época de corte mas, em geral, é durável a moderadamente durável à podridão branca e marrom. A madeira é considerada imputrescível dentro da água.

Nos tratamentos preservativos a espécie apresenta baixa permeabilidade às soluções preservantes em tratamento sob pressão, pois apresenta os poros parcialmente preenchidos por óleo-recina. O alburno é moderadamente fácil, porém, o cerne é difícil de preservar pelos métodos banho quente-frio e a pressão.

A madeira é de secagem difícil, apresentando alta incidência de rachaduras e empenamentos durante a secagem ao ar, devido a presença de gomas em seus espaços celulares. Na secagem em estufa devem ser empregados programas moderados.

É de fácil trabalhabilidade, retém pregos e parafusos com firmeza e não apresenta grandes dificuldade na colagem. No Brasil ainda é pouco utilizado, já em outros países da América do Sul é utilizada em alternativa ao mogno e ao cedro.



Características Gerais

Nome científico: Calophyllum brasiliensis

Características morfológicas - Altura de 20-30 m, com tronco de 40-60 cm de diâmetro. Folhas glabras, coriáceas, de 10-13 cm de comprimento por 5-6 cm de largura.

Nomes populares: A espécie é popularmente conhecida como guanandi, palavra proveniente do tupi gwanã'di que significa 'o que é grudento'. É provável que o nome venha do látex pegajoso de coloração amarelo-esverdeada eliminado pela casca, e porque os frutos possuem uma polpa branca viscosa. Tem diversos apelidos no Brasil. Os baianos, por exemplo, a chamam de landi, landim e jacareíba. No Amazonas é chamada de jacareúba e, no Paraná, de cedro-d'água.

Madeira - Moderadamente pesada (densidade 0,62 g/cm³) fácil de trabalhar, durável quando exposta, com alburno bastante espesso.

Utilidade - A madeira é própria para confecção de canoas, vigas, para construção civil, obras internas, assoalhos, marcenaria e carpintaria (moveis finos); o governo imperial reservou para o Estado o monopólio de exploração dessa madeira, para uso exclusivo de mastros e vergas de navios, sendo portanto a 1º madeira de lei do país (lei de 7 de janeiro de 1835). A árvore é bastante ornamental podendo ser empregada no paisagismo em geral. Os frutos são consumidos por varias espécie da fauna, sendo portanto útil no reflorestamento misto de áreas ciliares degradadas.

Informações Ecológicas - Planta perenifólia, heliófita ou luz difusa, característica e exclusiva das florestas pluviais localizadas sobre solos úmidos e brejosos. É encontrada tanto na floresta primária densa como em vários estágios de sucessão, como capoeiras e capoeirões. Sua dispersão é ampla, porém descontínua; ocorre geralmente em grandes agrupamentos, que por vezes chega a formar populações puras. É capaz de crescer virtualmente dentro da água e até em áreas de mangue.

Preço - Madeiras de lei no mercado mundial tem demanda crescente e oferta declinante. O Guanandi é uma madeira em extinção que não é ofertada no mercado brasileiro porque não existe. Se existisse seu preço seria similar ao do Mogno. As estimativas de preço são de R$ 2 mil ao m³.

Classificação: A planta pertence à família Clusiaceae ou Guttiferae, que possui mais de 150 espécies, entre elas a malva-do-campo. O gênero Calophyllum significa 'flor bonita'.

Distribuição: o guanandi ocorre desde o México até o Paraguai. No Brasil, o guanandi pode ser visto do Amazonas ao Rio Grande do Sul.

Características: De copa larga e arredondada, com folhagem verde-escura, o guanandi pode chegar a 40 metros de altura e 150 centímetros de diâmetro. O tronco reto e cilíndrico é protegido por uma casca marrom-escura. As flores brancas costumam aparecer entre setembro e novembro. A maturação dos frutos se faz de abril a junho. A semente tem cor castanha e mede até 22 milímetros de diâmetro.

Subprodutos: A partir do 4º ano o produtor já pode obter renda com os subprodutos. As árvores iniciam sua produção de sementes ao 4º ano, podendo assim ser utilizados para venda (sementes e mudas) como também para expandir o seu plantio. As folhas e ramos oriundos da desbrota e desbastes poderão ser vendidos para industrias de farmacoterapicos. Cientistas da Universidade Federal do Mato Grosso confirmam as propriedades medicinais do guanandi para doenças como diabetes. Serve também como antiinflamatório, cicatrizante, e possui ação antimicrobiana. As plantas dos desbastes do 5º ano e do 10º ano poderão ser aproveitado comercialmente. Os espaços que vão surgindo com o desbaste poderão ser aproveitados com pastagens ou culturas que aceitam sombras (café , cacau , palmito e outros).

Valorização da terra - Uma terra plantada com madeira nobre tem seu valor comercial elevado muitas vezes. Tanto maior quanto mais anos forem se passando.

Contra-indicação: deve-se evitar o plantio em regiões cujas temperaturas caiam abaixo de três graus negativos e em regiões áridas, cuja precipitação pluviométrica não atinja 1.000 milímetros anuais. Se isso ocorre com a sua propriedade, compensa adquirir uma área em qualquer outra região de terras baratas, dada a alta rentabilidade da receita do guanandi.

Custo de implantação: Cada hectare, inclusive as mudas, custam, em média R$ 2 mil ao hectare

Espaçamento: O ideal seria em torno de 3x 2 metros (1.000 a 1.500 mudas/ha). Assim, após o plantio, praticamente o único serviço será controlar o mato nas entrelinhas e uma vez por ano fazer a desbrota (eliminação dos raminhos ou brotos que saem no tronco e que iriam formar galhos que roubariam energia da planta atrasando o crescimento da planta em altura). A incidência do sol nas entrelinhas e no tronco estimulam o crescimento do mato e a brotação dos ramos no tronco. Quanto mais cedo a plantação “fechar” (encontro das copas das arvores), não entra mais sol e portanto não nasce mais mato nem brotação de ramos nos troncos. Aí é só esperar o tempo do corte.

Solos - O guanandi ocorre naturalmente em solos aluviais com drenagem deficiente, em locais úmidos periodicamente inundáveis e brejosos com textura arenosa a franca, e ácidos. No Paraná, sua ocorrência na Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântida) restringe-se, principalmente, às superfícies pleistocênicas e holocênicas onde predominam os solos de baixa fertilidade natural. Contudo, nos plantios experimentais desenvolvidos pela Embrapa Florestas, no Paraná – em solos com propriedades físicas adequadas, como de fertilidade química alta a média, bem drenados, de textura que varia de fraca a argilosa, a espécie tem apresentado crescimento satisfatório, não apresentando limitação quanto à drenagem.

Sementes – a coleta das sementes é feita geralmente no chão. A extração da semente dá-se por maceração, para remover o epicarpo e o mesocarpo do fruto. Porém, alguns pesquisadores recomendam que o fruto seja utilizado para semeadura côo se fosse semente, não havendo necessidade de despolpá-lo.

Dormência – o guanandi apresenta dormência tegumentar causada pelo endocarpo rígido ou causada pelo endocarpo rígido ou causada por substância inibidora da germinação, sendo recomendada escarificação mecânica ou estratificação em areia úmida por 60 dias. Sem o tratamento de superação de dormência , a germinação prolonga-se por até seis meses. Contudo, sementes despolpadas por morcegos não necessitam de tratamento pré-germinativo.

Semeadura – recomenda-se semear uma semente em sacos de polietileno com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetros, ou em tubetes de polipropileno grande. Em Porto Rico , a semeadura direta do guanandi, no campo, é realizado com êxito, com germinação próxima a 100%. Quando necessária, a repicagem deve ser feita 1 a 4 semanas após o aparecimento do hipocótilo. Na fase de muda, apresenta sistema radicial reduzido. A plântula aceita poda radicial.

Germinação – hepígea; contudo, os cotilédones permanecem na semente. Tem início entre 8 e 145 dias após a semeadura. O poder germinativo é irregular, entre 15% e 95%, tanto para sementes de frutos não despolpados por morcegos , como para as sementes beneficiadas por morcegos. As mudas dessa espécie atingem porte adequado para plantio, cerca de dois meses após a semeadura.

Cuidados especiais – recomenda-se usar sombreamento com 50% de intensidade luminosa, na fase de viveiro. O guanandi se regenera abundantemente à sombra. Por isso, necessita de sombreamento de intensidade média na fase juvenil. Essa espécie é intolerante a baixas temperaturas, mesmo sob plantio em vegetação matricial arbórea. Apresenta crescimento monopodial com galhos finos. A desrama natural do guanandi é fraca, necessitando de poda dos galhos.

Deve ser evitado plantio puro, a pleno sol. Recomenda-se plantio misto a pleno sol, associado com espécies pioneiras e secundárias; e em vegetação matricial arbórea em faixas abertas na floresta e plantado em linhas. Brota da touça, após corte.

É usado para arborização de culturas perenes, como o café e o cacau no México, e para arborização de pastos em Cuba. Nesses sistemas, pode ser usado no Sul do Brasil, produzindo madeira para desdobro, com rotação provável para corte de 35 a 40 anos.

A espécie é aproveitada ainda em Cuba, para cercas vivas e quebra-ventos. Na Bolívia, seu uso é recomendado em quebra-ventos como componente das fileiras centrais das cortinas de três ou mais fileiras ou para o enriquecimento de cortinas naturais. É mais recomendável combinar com outras espécies na fileira central. Nas cortinas, é preciso plantar de 4 a 5m entre as árvores.