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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°131 - MAIO DE 2012

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Mogno africano - Boa alternativa para produção de madeira nobre

Nos dias atuais, o interesse pelo cultivo de espécies arbóreas conhecidas como mognos tem crescido muito, pois essas espécies são de grande valor econômico.

O valor comercial do mogno (Swietenia macrophylla King) tem estimulado a sua extração na Amazônia Brasileira há muitos anos, mas com maior intensidade desde o início dos anos 70. Na medida em que a exploração madeireira se aproxima dos últimos estoques naturais de mogno no sul do Pará, sudeste do Amazonas e Acre, os órgãos ambientais brasileiros têm respondido às preocupações do público sobre o futuro comercial dessa espécie, reduzindo as cotas de exportação, proibindo a autorização de novos planos de manejo para o mogno, seu transporte, processamento e comercialização dessa espécie.

Para garantir o futuro do mogno como um patrimônio natural renovável é necessário converter as informações técnicas disponíveis em diretrizes de manejo florestal que estejam em acordo com os interesses públicos, sendo viáveis para a indústria e aceitáveis pelos órgãos ambientais.

Algumas alternativas têm sido apresentadas por alguns pesquisadores para preservar o mogno como, por exemplo, a substituição de sua madeira em suas mais diversas aplicações por outras espécies com comportamento similares das suas propriedades físicas e mecânicas, trabalhabilidade e caracteres gerais. Considera-se então, uma excelente alternativa a utilização das espécies africanas de mogno para utilização na América Latina.

O cultivo dos mognos africanos do gênero Khaya apresenta uma série de vantagens as quais podemos citar: são espécies de rápido crescimento; normalmente resistente à broca de ponteiro ( Hypsipyla grandella Zeller); por se tratar de espécies exóticas, sua cultura possui tratamento diferenciado; a comercialização da madeira é garantida a médio prazo (15 a 20 anos) e atinge atualmente no mercado preço bastante elevado.

O interesse comercial em plantios de mognos africanos deve-se ao fato de que nas regiões onde essas espécies são nativas e com exploração intensiva, reduziu-se a sua concentração, o que motivou os plantios organizados.

Os Mognos africanos do gênero Khaya pertencem a tribo Swieteniaeae da família Meliaceae, que possui cerca de 51 gêneros e aproximadamente 1400 espécies pantropicais. Deste total, 550 espécies fazem parte da economia florestal de muitos países. Em geral são arbustos ou árvores, proporcionando madeiras de grande valor, como as do gênero Swietenia JACQ., que fornece a madeira mais valiosa das Antilhas e América Tropical, remetida para a Europa desde o início da colonização espanhola e conhecida como ébano ou mogno.

Sob a denominação de “mogno” encontra-se no mercado aproximadamente uma centena de madeiras pertencentes às mais diversas famílias e gêneros. Como mognos, são conhecidas madeiras provenientes da África, Austrália e Sudeste Asiático, cujo nome é somente derivado de sua cor mais ou menos semelhante, sendo de resto diferente no que tange à aparência, estrutura e resistência mecânica. Considera-se madeira genuinamente de mogno, apenas a pertencente ao gênero Swietenia. Como mogno, em sentido amplo, pode designar-se ainda os outros gêneros e espécies da família das Meliaceae, entre os quais se destacam o gênero Khaya e suas espécies.

O gênero Khaya é representado por árvores de elevado porte. Compreende quatro importantes espécies produtoras de madeira na África continental: Khaya ivorensis, Khaya senegalensis, Khaya anthoteca e Khaya grandifoliola, além de 1 ou 2 endêmicas nos Comores e Madagascar, todas conhecidas sob a designação de “Mogno-africano”. As espécies de Khaya em geral se parecem muito umas às outras nas características fenotípicas, principalmente flores e nos frutos.

PRINCIPAIS ESPÉCIES

Khaya ivorensis B) Khaya senegalensis C) Khaya anthoteca D) Khaya grandifoliola.

Khaya ivorensis A. Chev.

É uma espécie sempreverde ou decídua, monóica. O tronco é retilíneo, algumas vezes um pouco sinuoso, possuindo base com grandes sapopemas que se elevam cerca de 4,0 m. A casca é espessa e de coloração marrom-avermelhada; com sabor amargo. Fora de seu habitat natural, a casca tem apresentado grande rugosidade causada por L. theobramae, que na realidade trata-se de um cancro de casca. As folhas são dispostas espiraladamente, agrupadas próximas ao término dos galhos São alternas, compostas e paripenadas. As flores são unissexuais, reunidas em inflorescência tipo panícula. Os frutos são constituídos por cápsulas fibrosas ou lenhosas, globosas e de coloração castanha, deiscente por 4 a 5 valvas, produzindo cerca de 15 sementes. As sementes são em forma de disco ou ligeiramente quadrangulares, fortemente achatadas, estreitamente aladas por toda a margem e perdem rapidamente seu poder germinativo. Os galhos são roliços e grossos com coloração acinzentada e a copa é arredondada, de grande envergadura.

Em seu habitat natural, Khaya ivorensis é de grande porte podendo atingir de 40 a 60 m de altura e diâmetro de 210 cm (DAP). É planta heliófila, sendo tolerante à sombra durante a fase jovem. É caducifólia quando ocorre em regiões áridas. Ocorre de forma dispersa em florestas higrófilas subcaducifólias de baixas altitudes com precipitação média anual de 1600 a 2500 mm e curto período seco de 4 meses. É observado em pequenos grupos ou isoladamente na maioria das vezes em zonas de vales úmidos. A temperatura na área de ocorrência natural oscila entre 24 e 27°C (média do mês mais frio em torno de 18oC). Nas zonas de floresta higrófila perenifólia, prefere solos com reduzida capacidade de retenção de água. Suporta inundações durante o período de chuvas. No entanto, não tolera longos períodos de solo seco. No Brasil, Khaya ivorensis é utilizada em reflorestamento devido a sua resistência à Hypsipyla grandella, que é a principal praga do mogno brasileiro.

Um fator que deve ser observado e levado em consideração é a profundidade efetiva do solo. Solos rasos com algum impedimento físico como rochas ou camadas adensadas, devem ser evitados além de algum impedimento químico como os elevados teores de alumínio trocáveis, embora não se tenha ainda nenhuma informação com relação a sua tolerância a esse elemento.

A madeira é muito similar ao mogno americano do gênero Swietenia e por isso pode substituí-lo . A madeira é valorizada para indústria moveleira, trabalhos de marcenaria, caixas e estojos decorativos, compensados, laminados, e também para molduras de janelas, painéis, portas e escadas. É adequada para construções leves, assoalhos leves, construção de navios e embarcações, corpos de veículos, cabos, instrumentos esportivos e musicais, brinquedos, inovações, instrumentos de precisão, entalhes, torneados, escadas e polpa de celulose. Pode também ser usada como lenha e produção de carvão. A casca é amarga e largamente empregada na medicina tradicional. A decocção da casca é tomada para tratar tosses, febres e anemias e é aplicada externamente em feridas, lesões, arranhões, úlceras e tumores. Como analgésico, é usada para tratar dores reumáticas e lumbago. A polpa das raízes é aplicada como enema para tratar a disenteria. As sementes são usadas na produção de sabão.

Nos locais de ocorrência natural, esta espécie ocorre espalhada ou em pequenos grupos dentro da floresta, geralmente em baixas densidades. Na Costa do Marfim, uma densidade média de menos de uma árvore explorável por 10 ha foi relatada, mas foi também encontrada, localmente, 1 árvore explorável por 2 ha. No Gabão, mudas de 4 meses de idade têm sido plantadas após o corte raso da floresta e, em outros locais, após a remoção do sub-bosque e o raleio do dossel superior. Após 6 anos, as mudas mostraram uma taxa de sobrevivência de 92% nos locais de corte raso e de 100% em locais onde a floresta foi limpa no sub-bosque e onde o dossel foi raleado.

O primeiro desbaste das árvores de Khaya ivorensis, em um plantio com 1000 árvores/ha, é feito quando elas atingem 15 m de altura e 15 cm de diâmetro na altura do DAP, para uma densidade de 400 a 500 árvores/ha. O segundo raleamento pode ser feito quando as árvores estiverem com 20 m de altura e 20 cm de diâmetro, para 200 a 250 árvores/ha. O terceiro raleio, com 25 m de altura e diâmetro de 25 cm, para 125 a 150 árvores/ha, e o quarto, a 30 cm de diâmetro para 75 a 100 árvores/ha.

A Khaya ivorensis é considerada uma das espécies madeireiras mais importantes para plantios, combinando crescimento rápido com boa qualidade de madeira. O estabelecimento de plantios comerciais extensos certamente é desejável na África tropical, mas o ataque pela Hypsipyla robusta é um obstáculo sério. Os efeitos combinados da seleção de procedências com resistência genética e práticas silviculturais apropriados pode ter um impacto positivo substancial no dano causado por esta broca-de-ponteiros. A integração desta espécie em sistemas agroflorestais, como já é o caso em sistemas baseados no cacau (Theobroma cacao) na Nigéria, pode ser considerada viável econômica e tecnicamente e como uma estratégia ecologicamente perfeita.

Existe uma observação de que as espécies de cedro e mogno ocorrentes na América naturalmente, escapa dos ataques da Hypsipyla grandella devido a sua associação com o pau d’alho (Gallesia integrifolia) (Phytolacacceae) dentro da floresta.

No plantio desta espécie, o espaçamento utilizado é de no mínimo 6x6 m, no entanto, recomenda-se 8x8 m. A propagação é por sementes, mas a clonagem já é uma realidade para esta espécie, uma vez que as sementes perdem rapidamente a sua viabilidade.

Khaya senegalensis A. Juss.

É uma espécie mais ou menos sempreverde, monóica. O tronco é frequentemente mais curto e torto, com sapopemas curtas ou ausentes. A casca apresenta coloração cinza a cinza-escuro ou marrom-acinzentado; inicialmente lisa, mas se tornando escamosa com escamas finas e arredondadas, exsudando uma goma avermelhada. As flores são unissexuais, dispostas em inflorescências axilares ou aparentemente terminal. Os frutos são eretos, sendo uma cápsula lenhosa quase globosa cinza-pálido a marrom-acinzentado, deiscente por quatro valvas, com um grande número de sementes.

É uma árvore mediana, de até 30 a 35m de altura com cerca de 100 a 250 cm de diâmetro (DAP). Ocorre em bosques de savana, freqüentemente em locais úmidos e ao longo de cursos d'água, em áreas com precipitação anual de 650 a 1300-1800 mm e uma estação seca de 4 a 7 meses. Ocorre em até 1500 a 1800 m de altitude. Em floresta ripária, ela pode ser encontrada juntamente com Khaya grandifoliola. Esta espécie ocorre naturalmente na África entre 15° e 18°N, desde o Oceano Atlântico até o Índico, abrangendo muitos países. Sua dispersão vertical abrange de 0 a 400 m de altitude.

Prefere solos profundos e bem drenados, solos aluviais e cupinzeiros, mas também pode ser encontrada em solos rochosos e rasos, onde permanece geralmente muito menor. É mais tolerante ao alagamento nas estações chuvosas.

A madeira de Khaya senegalensis é valorizada para as mesmas atividades citadas para Khaya ivorensis. A casca é amarga e altamente valorizada na medicina tradicional, é utilizada como tônico e antihelmíntico e o cozimento ou maceração é amplamente eficaz contra a febre causada pela malária, além de problemas de estômago, diarréia, disenteria e anemia, e como analgésico em casos de reumatismo e dores de cabeça. Também, além de purgante, antídoto e abortivo. É eficiente também no controle de doenças como sífilis, lepra, catarata e angina. Pode ser aplicada externamente como desinfetante em casos de inflamações, e doenças de pele como erupções, sarnas, ferimentos, úlceras, bolhas hemorróidas e hemorróidas. As raízes são aplicadas contra icterícia, dores de estômago, edema e amenorréia. O óleo extraído das sementes pode ser empregado para tratar reumatismo, influenza e sífilis, além de ser utilizado em cosméticos e no processo de cozimento de alimentos.

A aplicação de um fertilizante completo, a uma taxa de 200 g / árvore no momento do plantio é bem recomendada. Em plantios jovens a capina é necessária, uma vez que as árvores jovens são susceptíveis à supressão de plantas daninhas. As árvores jovens são susceptíveis ao fogo, mas as árvores mais velhas são bastante resistentes. Na Costa do Marfim, a Khaya senegalensis tem sido plantada sob a sombra de Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, que suprime as plantas daninhas e fixa nitrogênio no solo.

O desbaste regular das árvores de sombra nos primeiros anos é necessário para o bom crescimento das árvores de Khaya senegalensis. Estas atingiram uma altura média de 4,9 m após 5 anos, que foi mais do que as árvores plantadas próximas a céu aberto, com uma altura média de 4,0 m. Após a semeadura, as sementes devem ser cobertas com uma fina camada de solo, ou deixadas parcialmente descobertas. A germinação leva 10 a 18 dias e tem sido recomendado fornecer uma sobra leve para mudas jovens até que tenham de 1 a 2 meses de idade. As mudas também podem ser deixadas no viveiro por cerca de 1 ano até que estejam com 0,5 a 1 m de altura, após o qual o sistema radicular é podado para cerca de 30 cm de comprimento e retirado a maioria das folhas antes do plantio em campo. Tocos com 2 a 3 cm de diâmetro de caule e 25 a 30 cm de raiz também podem ser plantados. Para reduzir os danos causados pelo pastejo, as mudas devem ser plantadas com mais de 1,5 m de altura.

As sementes podem ser semeadas melhor em canteiros no viveiro ou em vasos. Diferentemente de Khaya ivorensis, as sementes frescas e saudáveis de Khaya senegalensis têm uma alta taxa de germinação (90 a 100%), e elas podem manter a sua viabilidade por 6 a 8 meses. No entanto, quando expostas a alta umidade relativa, elas podem perder sua viabilidade dentro de 3 meses. Os métodos de propagação vegetativa para esta espécie ainda não são muito utilizados, sendo necessárias mais pesquisas, para conclusões mais satisfatórias. O espaçamento normal adotado para esta espécie é de 4-5 m x 4-5 m.

Khaya anthoteca A. Juss.

É uma espécie mais ou sempreverde ou decídua, monóica. O tronco é retilíneo e cilíndrico, apresentando fuste comercial livre de ramificações até 30 m de altura e base com grandes sapopemas. A casca é cinza e lisa mas esfoliando em escamas pequenas e circulares deixando uma superfície marcada com cavidades salpicada de cinza e marrom-amarelado. As demais características são semelhantes aquelas descritas para Khaya ivorensis e Khaya senegalensis.

Em seu habitat natural, é uma árvore de grande porte podendo atingir de 40 a 65 m de altura e diâmetro de 120 cm (DAP). Ocorre na floresta semi-decídua, com precipitação anual que varia de 1200 a 2000 mm e uma estação seca de 2 a 4 meses. Em floresta semi-decídua úmida pode ocorrer junto com a Khaya ivorensis. De uma maneira freqüente a espécie ocorre dispersa em encostas ao longo de cursos d’água. No leste e no sul da África ela é encontrada em floresta úmida e na ripária até 1500 m de altitude. Em plantios, ela necessita de solos férteis, profundos e com muita água, e é muito susceptível ao fogo. A temperatura na área de ocorrência natural oscila entre 9.8°C a 40°C (média normal 33.7oC). Em vários países africanos, esta espécie é plantada de forma bastante comum como árvore ornamental de sombra e ao longo das estradas. Ocasionalmente ela é plantada como árvore de sombra em sistemas agroflorestais.

Ocorre em solos aluviais, nos areno-argilosos e nos argilo-arenosos úmidos e que em alguns casos estão localizados em terras de origem calcária. Em plantios, ela necessita de solos férteis, profundos e com muita água.

A madeira além de valorizada para indústria moveleira, trabalhos de marcenaria, compensados e laminados, é adequada para construções leves, assoalhos leves, construção de navios e embarcações, corpos de veículos, cabos, artigos de esportes e instrumentos musicais, brinquedos, inovações, instrumentos de precisão, entalhes, torneados, escadas e polpa de celulose. A casca é amarga e empregada na medicina tradicional. para tratar tosses, febres, pneumonia, dor abdominal, vômitos e gonorréia. Pode ser aplicada em ferimentos, lesões e úlceras. Quando pulverizada, é tomada como afrodisíaco e para tratar impotência masculina. A decocção das raízes é bebida para tratar a anemia, disenteria e o prolapso retal, podendo também ser usada como corante. As folhas são usadas em alguns países africanos para fazer um veneno para as flechas.

Nos locais de ocorrência natural, esta espécie ocorre esparsas em baixas densidades na floresta, por exemplo. No sul de Camarões, uma média de 0,02 troncos de mais de 60 cm de diâmetro/ha e 0,15 m3 de madeira/ha foram relatados, mas localmente na Libéria, densidades de 0,3 a 0,9 troncos/há com troncos de mais de 60 cm de diâmetro foram registrados. Na Costa do Marfim, 2 a 3 árvores de mais de 10 cm de diâmetro foram contadas/ha.

Na Costa do Marfim, as árvores de Khaya anthoteca têm sido plantadas similarmente a Khaya ivorensis. Desbastes regulares das árvores de sombra nos primeiros anos são necessários para o bom crescimento das árvores de Khaya anthoteca. O primeiro desbaste de um plantio com 1000 árvores/ha é feito quando estas atingem 15 m de altura e 15 cm de diâmetro na altura do DAP, para uma densidade de 400 a 500 árvores/ha. O segundo raleamento pode ser feito quando as árvores estiverem com 20 m de altura e 20 cm de diâmetro, para 200 a 250 árvores/ha, o terceiro raleio, com 25 m de altura e diâmetro de 25 cm, para 125 a 150 árvores/ha. As sementes podem germinar a pleno sol bem como na sombra, mas a regeneração natural pode ser muito esparsa na floresta. No Congo, observou-se que a sobrevivência das mudas e o crescimento em altura eram maiores em clareiras do que no sub-bosque da floresta com 59% e 37% de sobrevivência, respectivamente e a maioria das mudas no sub-bosque raquíticas. Também foi observado que a floresta secundária resultante de terras agrícolas abandonadas oferece condições favoráveis para a regeneração natural desta espécie.

No plantio desta espécie, normalmente o espaçamento utilizado é o mesmo citado para Khaya ivorensis, de no mínimo 6x6 m, sendo recomendado 8x8 m

Khaya grandifoliola .

É uma espécie normalmente sempreverde ou decídua, monóica. O tronco é roliço, com sapopemas de até 3 m de altura. A casca tem superfície marron-acinzentada, áspera, esfoliando em escamas pequenas circulares e formando pequenas depressões, a casca interna possui listras brancas e exsuda uma goma incolor. As demais características são semelhantes aquelas descritas para as outras espécies.

É uma árvore de porte médio a grande com até 40 m de altura; com tronco sem ramificações até 23 m, freqüentemente torcido ou inclinado perto do topo, chegando até a 200 cm de diâmetro (DAP). Ocorre em floresta semi-decídua, especialmente nos tipos mais seco e na savana, mas neste último caso geralmente ao longo dos cursos de água, em áreas com precipitação anual 1200-1800 mm e uma estação seca de 3-5 meses. Ela ocorre até 1400 m de altitude. Às vezes, essa espécie pode ser encontrada em algumas partes rochosas e montanhosas de floresta úmida semi-decídua, onde Khaya anthotheca também ocorre. Na Nigéria constatou-se que um mau desenvolvimento e regeneração desta espécie em floresta densa. A regeneração natural pode ser abundante em savana que estiverem próximas a florestas e protegidas de incêndios. Apesar de muitas semelhanças com Khaya ivorensis, esta espécie possui um período a mais, cerca de 4 meses, para que as sementes se tornem inviáveis. No continente Africano, é plantada como uma árvore na estrada e árvore de sombra ornamental, além de ser avaliada para a estabilização das margens dos rios.

Prefere solos úmidos, mas bem drenados, e é localmente comum em solos aluviais nos vales. Devido às semelhanças entre esta espécie e as outras Khaya como, por exemplo, a Khaya ivorensis, muitas das prescrições de solos, abordadas anteriormente, poderão ser um indicativo para esta espécie.

A madeira, casca, raiz e folhas possuem diversas características comuns as outras espécies descritas, podendo ser amplamente utilizadas tanto para fins comerciais, quanto para fins medicinais, indicando o grande potencial desta espécie.

Desbastes regulares das árvores de sombra nos primeiros anos são necessários para um bom crescimento, sendo que o primeiro desbaste de um plantio de 1000 troncos/ha é feito quando as árvores tenham atingido 15 m de altura e 15 cm de diâmetro de tronco, para uma densidade de 400 a 500 troncos/ha. Um segundo desbaste pode ser feito quando as árvores estiverem com 20 m de altura e 20 cm de diâmetro para 200 a 250 troncos/ha, o terceiro quando estiverem com 25 m de altura e 25 cm de diâmetro, para 125 a 150 troncos/ha e o quarto com 30 cm de diâmetro para 75 a 100 troncos /ha. Plantios mistos no Brasil podem ser feitos com as espécies nativas e exóticas sugeridas para Khaya ivorensis. O diâmetro mínimo para a colheita de tronco de árvores de Khaya grandifoliola árvores em floresta natural é de 60 cm na Costa-do-Marfim, 80 cm em Camarões, República Centro Africana e República Democrática do Congo, e 110 cm de Gana. No plantio desta espécie, normalmente o espaçamento utilizado é o mesmo citado para Khaya ivorensis e Khaya anthoteca, de no mínimo 6x6 m, sendo recomendado 8x8 m

A madeira das espécies são bastante semelhantes nos caracteres anatômicos, e nas propriedades físicas e mecânicas, diferindo basicamente na cor. Porém a cor não é um fator determinante para identificação das espécies, pois esta pode variar de acordo com os tratos culturais, fatores climáticos, teor de umidade e idade da árvore e até mesmo o tempo de exposição ao tempo.

No Brasil ainda não se observou ataques significativos da principal praga dos mognos americanos, a broca-dos-ponteiros, Hypsipyla grandella, a nenhuma das espécies descritas. Ao que tudo indica, este fato se deve a uma não preferência da praga pelas espécies, já que estas são muito susceptíveis aos ataques da Hypsipyla robusta no continente africano.

A Khaya ivorensis é uma das melhores espécies de mogno africano para cultivo, seguida da Khaya senegalensis já que as outras espécies descritas ainda não foram eficazmente introduzidas no Brasil e, portanto, desconhecidas ainda dos produtores. Porém, para que se tenha um bom desempenho da espécie, recomendações como: ampliar a base genética de Khaya ivorensis, investir em pesquisas para se estudar mais a cultura, fazer plantios das espécies em Sistemas Agroflorestais e verificar a produção de híbridos entre as espécies de Khaya e também entre Khaya e Swietenia são imprescindíveis.

Informações mais detalhadas sobre as espécies de mogno africano podem ser encontradas no livro “ECOLOGIA, SILVICULTURA E TECNOLOGIA DE UTILIZAÇÃO DOS MOGNOS-AFRICANOS (Khaya spp.)”, junto a Sociedade Brasileira de Agrossilvicultura (SBAG): www.sbag.org.br ou pinheiro@sbag.org.br .

Autores

Antônio Lelis Pinheiro, Prof. Associado Engenharia Florestal – Universidade Federal de Viçosa (MG)

Daniel Teixeira Pinheiro, Graduando em Agronomia – Universidade Federal de Viçosa (MG)

Laércio Couto , Professor Adjunto Faculty of Forestry – University of Toronto – Canada

Juliana M. F. Couto Brunetta, , TECFLORA Ltda