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REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°121 - NOVEMBRO DE 2009

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Cadeia de custódia amplia Selo Verde

Nas últimas décadas, a globalização da economia alterou o comportamento do consumidor, tornando-o cada vez mais exigente em relação à qualidade dos produtos e aos possíveis impactos ambientais e sociais negativos, no seu processo produtivo.

Assim, a competitividade de uma empresa não depende somente de fatores econômicos, mas também de uma conduta socialmente valorizada, que garanta a sua legitimidade e sobrevivência no contexto ambiental. Em resposta a esta questão, tem havido uma corrida das empresas no sentido de assumir posturas socialmente responsáveis, como cuidar do meio ambiente, da saúde e segurança de seus trabalhadores, bem como a sua responsabilidade social e ética perante a comunidade em que se inserem.

Uma das estratégias que as empresas têm adotado para informar a seus clientes a sua preocupação com estas questões, é a certificação. Nas empresas florestais tem sido adotada a certificação florestal. Para conseguir atingir o consumidor, a certificação florestal requer um sistema que garanta a rastreabilidade da origem de um produto, desde a floresta certificada (por meio da chamada certificação do manejo florestal) até o consumidor final. Nesta etapa final, em que a rastreabilidade ocorre, o tipo de certificação é conhecido como certificação de cadeia de custódia. Para o consumidor final, a certificação florestal constitui-se numa garantia que o produto é proveniente de uma floresta ou plantação florestal que foi manejada de acordo com critérios ambientais e sociais. Atender a estes critérios pode se tornar um diferencial de mercado para muitas empresas.

O interesse em se entrar num processo visando à obtenção do selo verde em uma empresa surge com a tomada de decisão de sua alta direção, composta por proprietários, sócios e diretores. São analisados os prós e contras de tal decisão que implica não somente em gastos financeiros, mas também de envolvimento de recursos humanos e de tempo despendido. Ao se tomar, entretanto, a decisão pela certificação, os envolvidos precisam estar cientes dos passos a serem tomados referentes ao processo em si, dos custos diretos e indiretos e da continuidade de se seguir os padrões após a obtenção do certificado, visando sua manutenção.

No Brasil atuam dois sistemas para a certificação florestal: o Forest Stewardship Council (FSC), que é o sistema mais antigo no mundo e de maior abrangência, e o ABNT/CERFLOR, de iniciativa nacional, mas que desde 2005 está associado ao Programme for the Endorsement of Forest Certification Schemes (PEFC Council), sistema europeu de certificação florestal.

São 252 empresas certificadas em cadeia de custódia pelo FSC e 10 pelo ABNT/CERFLOR.

Crescimento do Selo Verde

A certificação de cadeia de custódia tem sido aplicada em várias indústrias do setor florestal como madeireiras, móveis, celulose, produtos não-madeireiros, chapas reconstituídas, carvão vegetal, dentre outras. Contudo, o segmento de gráficas, empresas de embalagens e papel tem buscado a certificação de forma bem incisiva, pois já são 81 empresas destes setores que possuem o selo, representando mais de 30% do total de certificação de cadeia de custódia pelo FSC. Estes dois segmentos constituem-se em intermediários entre as empresas de base florestal e o consumidor final.

Alguns produtos disponíveis para o consumidor final como embalagens de produtos tais como sabão em pó, alimentos e outro, já possuem o selo da certificação florestal. Além das embalagens, produtos utilizados no dia-a-dia do consumidor, como papel toalha, já podem ser encontrados no mercado com o selo verde.

Já existem 43 gráficas com o selo verde, representando 17% do total certificado em cadeia de custódia pelo FSC, sendo que 33 delas (77%) estão no Estado de São Paulo. As empresas de embalagens e papel são 38 ao todo, representando 15% do total certificado em cadeia de custódia, sendo que 20 delas (52%) estão no Estado de São Paulo também.

Essa aproximação maior junto ao consumidor final é de suma importância para a divulgação da certificação florestal. É preciso aproveitar que produtos habitualmente usados pelos consumidores já estão certificados, e partir para uma divulgação maior. O consumidor precisa saber, por exemplo, que ao comprar uma caixa de sabão em pó e que a embalagem tenha o selo em forma de uma árvore (neste caso, selo FSC, mas poderia ser o do CERFLOR) significa que vem de um papelão feito de celulose certificada e que cumpriu uma série de requisitos ambientais e sociais desde, a floresta até a confecção do produto final. É fundamental, também, o consumidor entender que a certificação é somente referente à matéria-prima florestal, no caso acima a embalagem, e não do produto contido na mesma, no caso o sabão em pó.

A certificação das gráficas e de empresas de embalagens abre um leque de opções de produtos certificados ao consumidor. Diferentemente do caso de compra de produtos em que somente a embalagem está certificada, há produtos que são comprados diretamente como certificados. É o caso dos produtos confeccionados pelas gráficas e editoras, tais como livros, cadernos, agendas, cartões, envelopes, mapas, materiais de propaganda, jornais, revistas, dentre outros.

Pelo ABNT/CERFLOR, das 10 empresas certificadas em cadeia de custódia três são referentes à gráficas e confeccionam os mesmos produtos certificados listados anteriormente.

Espera-se com a certificação de gráficas e empresas de embalagens que mais produtos certificados estejam à disposição do consumidor final e que ele aos poucos se conscientize da existência destes produtos e manifeste uma preferência. Mas é importante também que seja feito um trabalho de divulgação maior pelos sistemas de certificação, organismos certificadores, ONG’s ambientais, empresas certificadas, mídia, órgãos representativos de cada indústria do setor florestal e de setores relacionados, e universidades, principalmente as que possuem o curso de Engenharia Florestal e que tem a certificação como objeto de pesquisa.

Paralelamente à busca de maior conscientização do consumidor é imprescindível que haja uma maior oferta de produtos certificados, ou seja, que mais empresas de diversos ramos do setor florestal se certifiquem e que, então, o consumidor possa ter opção de comprar produtos certificados dentro de determinadas classes de produtos. É o caso da certificação das gráficas, pois o consumidor passa a ter a opção de escolher, por exemplo, entre agendas e cadernos, certificados ou não.

Autores: Ricardo Ribeiro Alves - ricardo.alves@ufv.br - Doutorando em Ciência Florestal, Universidade Federal de Viçosa (UFV); Laércio Antônio Gonçalves Jacovine - jacovine@ufv.br - Professor do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa (UFV); Rosilene Einloft - roe@sgsssc.general.com.br - SGS Qualifor.