A aparência (ou fenótipo) dos seres vivos é resultado da combinação entre suas informações genéticas hereditárias, transmitidas através de seus genes (ou seu genótipo) e o ambiente ao qual são submetidos durante a vida. No caso de árvores plantadas, este ambiente pode ser traduzido em fatores como solo e clima do local da plantação, associado à condução ou manejo da floresta.
Ao se visitar uma população florestal, seja na floresta natural ou em uma floresta plantada por sementes, pode-se observar uma grande variabilidade no fenótipo de suas árvores: cor da casca, espessura e retidão do fuste, quantidade de ramos laterais, presença de bifurcações, altura e forma da copa são alguns destes aspectos. Do ponto de vista econômico, algumas características são mais interessantes que outras.
O objetivo de qualquer programa de melhoramento genético é aumentar a freqüência de genes desejáveis dentro de uma determinada população. Como conseqüência, a uniformidade entre indivíduos desta população também aumentará. No caso de florestas plantadas, tal resultado pode ser obtido pela seleção de árvores que reúnam caracteres altamente desejáveis, denominadas árvores-elite, e clonagem das mesmas.
A maioria das plantas pode ser propagada de maneira sexuada ou assexuada. A propagação sexuada pressupõe o uso de sementes; cada semente possui uma combinação de genes única e, portanto, plantas propagadas por sementes diferem entre si. A propagação assexuada ou reprodução vegetativa, por outro lado, não implica em novas combinações genéticas. Ela emprega divisões celulares normais, através das quais os genes da planta original são exatamente copiados. Plantas produzidas através deste método podem ser consideradas uma extensão da planta original, uma vez que suas informações genéticas únicas são perpetuadas. Um grupo de plantas reproduzido assexuadamente a partir de um mesmo indivíduo é denominado clone. Diversas plantas de importância econômica são reproduzidas por clonagem, e métodos específicos de reprodução vegetativa têm sido desenvolvidos por séculos.
A PROTECA é uma empresa situada em Cuiabá – Mato Grosso, especializada em biotecnologia florestal, que vem aplicando técnicas de reprodução vegetativa em laboratório na produção de mudas clonais de teca (Tectona grandis L.f.). A utilização de árvores matrizes selecionadas permite à PROTECA produzir mudas de alta qualidade genética, garantindo plantios mais uniformes e produtivos, com menor custo de manutenção e uma relação custo-benefício muito mais atraente ao silvicultor.
Possui uma coleção de genótipos selecionados. Além de promover a seleção de árvores-elite entre plantações brasileiras, a empresa realiza testes clonais com material superior trazido de outras florestas de teca ao redor do mundo. As árvores que sobressaem pelo crescimento e agregam caracteres de importância econômica, tais como a retidão de fuste, são então clonadas.
Propagação Clonal
O método de propagação vegetativa adaptado pela Proteca visando à produção de mudas clonais de teca foi a micropropagação. Ela pode ser definida como o crescimento de plantas em laboratório, a partir de células, tecidos ou órgãos isolados da planta matriz, com a utilização de um meio de cultura artificial.
O processo de clonagem se inicia no campo, com a coleta de ramos das árvores-mãe. Já no laboratório, porções destes ramos são esterilizadas e dissecadas, para a obtenção de tecidos meristemáticos – capazes de contínua divisão celular e diferenciação em outros tecidos vegetais. A partir de uma pequena porção meristemática é possível produzir uma planta completa.
Os meristemas coletados são mantidos em meio de cultura e ambiente estéril. O meio de cultura é uma receita que contém macro e micronutrientes, vitaminas, aminoácidos e reguladores de crescimento, devidamente balanceados para o crescimento específico da teca. Sob manejo apropriado em laboratório, as células meristemáticas manterão sua divisão e diferenciação até se transformarem numa planta completa; um clone de sua matriz.
Atingindo tamanho adequado, as plantas cultivadas são segmentadas com auxílio de um bisturi. Cada segmento (ou explante) é replantado em novo meio de cultura. Ramos que brotam destes segmentos originam uma nova planta num período de 6 semanas. Tais plantas, por sua vez, são clones daquelas produzidas na geração anterior. Este ciclo pode ser repetido inúmeras vezes, até que se obtenha o número de plantas clonais desejado. Desta forma, a partir de uma única planta, é possível se produzir milhões de clones. É apenas uma questão de tempo.
A etapa final de produção das mudas clonais ocorre em viveiro. Plantas retiradas do laboratório são transferidas para tubetes, onde iniciarão os processos de enraizamento e aclimatização. As plantas são mantidas em casa de vegetação e posteriormente casa de sombra, antes de chegarem à bancadas a pleno sol. Assim, elas se adaptam gradualmente às condições naturais e variáveis, diferentemente das condições controladas do laboratório às quais haviam sido submetidas até então. As plantas estarão rustificadas e prontas para o plantio definitivo após sua permanência por 90 dias em viveiro.
Os primeiros plantios clonais de teca do Brasil foram estabelecidos em 2003. Aproximadamente 7 milhões de árvores clonais já foram plantadas desde então; a maior parte nos estados do Mato Grosso, Pará e Tocantins.
Plantações clonais crescem mais rápido que plantações tradicionais. Estudos recentes, comparando plantios clonais de teca de cinco anos de idade e plantios tradicionais da mesma idade, estabelecidos sob as mesmas condições de sítio e submetidos ao mesmo manejo, mostram ganhos médios de até 36% no volume total das árvores clonais. Tais resultados indicam boas perspectivas para a redução do período de rotação da teca, ou um substancial aumento no volume de madeira produzido após um ciclo de corte tradicional de 20 ou 25 anos.
Diversos reflorestadores de Mato Grosso e de outros estados brasileiros têm experimentado e aprovado o uso de mudas clonais de teca em suas plantações. Da mesma forma como ocorreu com o eucalipto brasileiro, a área dos plantios clonais de teca vem aumentando gradativamente e brevemente deverá se tornar a referência no reflorestamento da espécie. A Combinação do melhoramento genético com a biotecnologia florestal promete contribuir para o futuro já promissor dos plantios de teca brasileiros.
Fonte:laborada pela Equipe Jornalística da Revista da Madeira