O tratamento da madeira deve ser realizado para prevenir sua deterioração, ampliando assim seu tempo de vida útil. O tratamento comumente utilizado é o químico, no qual ocorre a fixação de elementos preservativos na madeira, tornando-a mais resistente à ação de fungos e insetos, principalmente se a madeira ficar em contato direto com a água ou com o solo.
A madeira utilizada na construção é mais comum ser tratada com o produto químico CCA, o qual se fixa na madeira após o processo de tratamento. Isto significa que este produto não irá escorrer para fora da madeira. Em adição, este produto é alterado no processo de fixação, tanto que a madeira tratada não é perigosa à saúde.
Além do CCA, tem crescido em popularidade os Boratos, que são vistos como sendo mais ecologicamente corretos do que o CCA, contudo eles não se fixam na madeira. Isto significa que não podem ser utilizados em lugares que são continuamente molhados. Como o CCA, o Borato é aplicado na madeira sob pressão. Ao contrário do CCA, o Borato continuará a se espalhar dentro da madeira após o tratamento sob pressão, permitindo uma penetração mais profunda. De fato, é possível alcançar uma penetração com o Borato por toda a madeira.
Tanto o CCA como os Boratos são injetados na madeira com água. Isto significa que a madeira tratada tem um alto teor de umidade imediatamente após o tratamento e deve ser posta para secagem, até atingir uma umidade abaixo de 20%, antes de ser instalada. Além da aquisição de madeira pré-tratada, quando é sabido que o local de aplicação do produto de madeira é perigoso ao mesmo, também é possível tratar-lo no local de aplicação. Um exemplo desta necessidade é quando um pedaço de madeira tratado é cortado.
Este corte exporá a parte interna não tratada, então, este deverá ser pintado ou mergulhado em algum produto preservativo. Tratamentos de campo não têm a mesma eficiência do que o feito sob pressão, embora ofereçam uma significante proteção à extremidade.
Cobre e Zinco são os dois preservativos mais comuns usados nos tratamentos de campo. Outro exemplo de tratamentos de campo são os de problemas de apodrecimento em edificações existentes. Quando houver madeiramento com suspeita da presença de fungos, este pode ser tratado com uma combinação de glicol-borato como uma medida profilática. Sempre se devem tratar os cortes feitos no local da construção para que não ocorram problemas futuros e gastos adicionais.
Madeira tratada
Quando a madeira for exposta ao tempo ou constantemente molhada, ou onde há ocorrência de cupins, a resistência a falência da estrutura deve ser considerada.
Considerando que hoje, as madeiras naturalmente mais duráveis (nobres) estão cada vez mais escassas pela dificuldade de reflorestamento, o tratamento em madeiras naturalmente menos duráveis, mas que têm ótima capacidade de crescimento e é por isso que são mais frágeis, é o método mais comum para assegurar uma longa vida em condições favoráveis ao apodrecimento e ao ataque de cupins.
A madeira devidamente tratada tem uma vida útil 5 a 10 vezes superior a uma não tratada. Esta extensão da vida útil economiza o equivalente a 12,5% do desmatamento das florestas canadenses anualmente, segundo dados deste país.
A deterioração ocorre porque um organismo está comendo a madeira para se alimentar. Os produtos preservativos tornam este alimento venenoso para estes organismos. Um pedaço de madeira tratada tem a parte externa tratada e a parte interna não tratada, portanto, enquanto esta parte externa estiver intacta a parte interna estará protegida.
A madeira tratada é freqüentemente utilizada como dormentes de ferrovias, postes, pilares de atracadouros, decks, cercas e outras aplicações exteriores.
Vários métodos de tratamento e tipos de produtos químicos estão disponíveis, dependendo dos atributos requeridos da utilização e do nível de proteção necessária.
A “chave do sucesso” do processo de tratamento é a quantidade de preservativo impregnado na madeira (chamado retenção) e a profundidade de penetração. Estas características do tratamento estão especificadas em padrões de resultados.
Métodos de tratamento
Há dois métodos básicos de tratamento: com ou sem pressão. O método sem pressão consiste na aplicação de produto preservativo por brocha, spray ou banho da parte a ser tratada. Estes métodos são tratamentos superficiais que não resultam em penetração profunda ou larga absorção do preservativo. O uso é restrito a aplicações em obra durante a construção ou à tratamentos preventivos em madeiras já instaladas.
Um dos produtos preservativos para estes tratamentos é o Glicol-borato. O glicol ajuda o Borato a penetrar na madeira seca, eliminando a atividade de qualquer fungo. A penetração deste preservativo é limitada e a função mais importante é prevenir fungos não detectados no local, evitando seu crescimento.
Uma penetração mais profunda é atingida através da injeção do preservativo nas células da madeira por pressão. Várias combinações entre pressão e vácuo são usadas para atingir níveis adequados de produto químico dentro da madeira.
Os produtos preservativos para tratamento sob pressão consistem em princípio(s) químico(s) misturado(s) em solvente. O solvente pode ser tanto água como óleo.
O preservativo à base d’água tem se tornado popular nos últimos 20 anos, devido à ausência de odor, superfície da madeira mais limpa e a capacidade de pintar e tingir os produtos de madeira.
O preservante mais comum utilizado é o Cromo Cobre Arsênio (CCA). O cobre funciona como primeiro fungicida, o arsênio como segundo fungicida e como inseticida e o cromo é um fixador que também provê resistência aos raios ultravioleta. O CCA é aplicado na madeira em uma solução de água e reage quimicamente com a madeira tornando-se virtualmente insolúvel. Esta reação é chamada fixação.
A norma canadense determina que toda madeira tratada deve ser testada para se assegurar a completa fixação antes que esta deixe o local de tratamento. Em sua maioria, a madeira tratada com CCA contém 1,5% do seu peso em preservativo, mas normalmente o peso total é expresso em Kg/m³.
Amônia Cobre Arsênio (ACA) e Amônia Cobre Zinco Arsênio (ACZA) são alternativas ao CCA, mas com alguns limites nas aplicações, principalmente em ambientes marinhos. Amônia Cobre Quaternário (ACQ) é alternativa ao CCA que originalmente foi patenteado no Canadá, mas tem sido comercializado no EUA, Europa e Japão por vários anos.
O ACQ contém cobre como primeiro fungicida e um composto quaternário de amônia como segundo fungicida. Este composto é um sulfato e alguns tipos de sulfatos são utilizados na limpeza de tubulações de fábricas de cerveja e laticínios. Outros são encontrados em produtos de limpeza e colírios.
Os Boratos são outra classe de preservativos recentemente introduzidos. Estes são incolores, sem odor, menos tóxicos ao homem e capazes de penetrar mais profundamente na madeira verde. Seus usos são limitados às aplicações que devem ser protegidas da chuva e outras fontes de umidade. Isto inclui montantes de madeira utilizados em áreas de cupins e reparos de montantes apodrecidos em edificações com vazamentos onde a principal fonte de umidade já foi eliminada.
A Creolina, mais conhecida como preservativo de óleo preto, é o método preservativo mais antigo ainda em uso. É utilizada exclusivamente em dormentes de ferrovias, onde sua resistência à umidade é uma grande vantagem. O Pentaclorofenol é principalmente utilizado em postes onde a superfície fica oleosa, o que é muito útil no momento de subir nos postes.
Autor: André Morais - Engenheiro